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É outubro e as coisas estão fervendo por causa do Natal que se aproxima.
Final de ano é sempre uma magia a parte no CD e na indústria. Eu amo isso aqui assim.
Hoje meu trabalho é na cozinha experimental, assumi o posto depois que me formei em gastronomia e fiz uma especialização em padaria.
Nas sextas geralmente eu tenho uma reunião com meu pai pra apresentar coisas novas e os produtos são feitos por mim. Desde a receita original até a finalização. Hoje estamos nos panetones pra loja gourmet.
Esse ano eu pensei em três diferentes.
Um panetone de castanha de caju, um panetone vegano e a minha obra prima: o bacontone!
Finalizo os três na frente do meu pai.
- Bacon com chocolate?!
Ele retorce uma careta enquanto eu parto um pedaço.
- É, senhor Barsamian. Prova antes de julgar.
Ele tira uma garfada e mastiga devagar, depois faz uma cara de surpreso.
- Olha, você vale mesmo o investimento caro.
Faço uma careta pra ele, mas somos interrompidos por minha mãe.
- E aí, já dá pra comer?
Ela experimenta todos e abre um sorriso no final.
- Ai meu filho, esta tudo divino. Vou chamar gente pra experimentar.
Minha mãe sempre dá prioridade para o pessoal da limpeza, ela trabalhava aqui nisso, são sempre nos primeiros que ela pensa.
Depois que eu passo no teste, olho pra meu pai.
- Agora é com o pessoal do marketing e da qualidade.
*********
Dani está deitada na minha cama quando eu chego em casa.
- O que você está fazendo aqui?
Ela sorri.
- Você não me procurou final de semana passado, eu vim pra te ver. Mal conversou comigo essa semana.
Tiro meu paletó.
- Estava muito ocupado.
Dani se levanta da cama e vem me ajudar a tirar a roupa.
- *Então vamos f*der gostoso pra você relaxar*.
Não é uma má ideia.
********
Depois do banho ela fala comigo.
- Vamos no baile lá perto de casa hoje.
Quer saber? Eu vou, eu quero meter o louco hoje.
- Vamos. Eu vou ligar pra Rodrigo.
Quando a noite chega eu saio com ela e com meu motorista, o Zé detesta me ver aqui, mas eu gosto do lugar. Tenho amigos aqui e conheci Dani justamente por causa do primo dela, o Felipe.
Ele foi tocar em uma boate na região Centro Sul e fizemos amizade, hoje o som é por conta dele aqui.
Eu não fico no meio do povão, sempre estou no palco, meio que no camarote. Felipe me passa um copo de Whisky e como toda vez, me oferece um baseado, que eu não aceito. Já basta a bebida que me atrapalha na academia, não curto drogas.
Rodrigo também não gosta, ele é mais careta que eu ainda.
De repente eu escuto Dani comentando com as amigas dela:
- Olha, a esquisita vai vender o dogão no lugar do pai dela hoje.
Viro a minha cabeça na direção em que elas estão olhando e vejo a garota de outro dia conversando com o cara que ajudou ela. Tem uma senhora junto também, mas o cara não fica muito tempo. Ele parece ter vindo só trazer as duas e dá um beijo na testa delas antes de sair.
Elas estão com uma saveiro cabine dupla branca, adaptada pra vender lanche.
A esquisita, como Dani disse, está de novo com roupas largas. Mas hoje ela usa uma jogger cinza e um blusão skatista Vans.
Dani se aproxima de mim.
- Me dá dinheiro pra comprar um podrão? Ela é estranha, mas o pai dela tem o melhor cachorro quente que eu já comi na vida. É ele que sempre vem aqui no baile, estranho não ter vindo hoje.
Seguro meu cigarro na boca e pego a carteira. Tiro duzentos reais e falo com ela pra trazer pra todo mundo.
Pra minha surpresa o negócio é bom mesmo.
Eu gosto de comida, trabalho com isso, e eles têm dois tipos de maionese caseira bem feitas. Eu só espero não pegar uma salmonela comendo isso.
Felipe olha pra mim.
- Olha, o playboy come comida de rua mesmo.
Mostro o dedo do meio pra ele.
- Decidi provar a comida da esquisita.
Ele ri quando eu pergunto porque a prima chamou ela assim.
- Ela se chama Mirela e tem um irmão gêmeo chamado Tiago. Eles moram no mesmo bairro que a gente e estudavam na mesma escola a vida toda. Mas a Mirela não é igual as meninas que agente tá acostumado, quer dizer, todo mundo tem uma fase estranha na vida, mas ela nasceu estranha e está nessa fase até hoje. Nunca interagia na hora do recreio, não fazia nada na educação física porque não podia. Eu lembro que a Dani e as outras meninas tentaram fazer amizade, mas ela era meio retardada, aí elas perderam a paciência. Ela foi crescendo e ficando pior, não importa o calor que esteja fazendo, ela sempre esta cheia de pano. Eu acho que ela deve ser uma baranga, apesar do rostinho ajeitado, mas o Otávio que mora do lado dela garantiu que viu uma vez ela vestindo uma blusa pela janela e diz que ela tem o maior peitão.
A gente não segura a risada.
- Mas qual o motivo do interesse?
Antes de morder mais uma vez o cachorro quente eu respondo a pergunta dele:
- Quase atropelo ela no sábado passado, lá na Savassi. Ela estava trabalhando na rua entregando uns folhetos de uma loja, ainda brigou comigo sendo que ela estava errada e andando no meio dos carros. Por fim ela admitiu que não estava com o aparelho de surdez ligado.
Enquanto eu volto a comer, ele cotinua falando.
- Iiiii, ela parece que anda no mundo da lua. Tem uma câmera fotográfica e fica tirando fotos das coisas. De vez em quando ela sai por aí com aquilo na mão. As pessoas de idade gostam dela, ela tira fotos deles, e revela pra dar de presente. Mas e aí, ela corou quando te viu?
Mais uma vez nós explodimos na gargalhada. Felipe está falando isso porque uma vez eu e Rodrigo estávamos disputando quem conseguia seduzir mais as mulheres e eu disse que fazia todas corar.
- Não, ela é louca. E não faz meu tipo.
Ouvimos Otávio dizer:
- Ela nunca nem beijou ninguém. Na época em que a gente tava brincando de verdade ou consequência e girando a garrafa, ela tava lendo livros. Tinha que deixar de ser burra e aprender a ler e escrever direito algum dia.
Rodrigo fecha a cara ouvindo isso, ele não gosta desse tipo de comentário depreciando as pessoas.
- Isso não é legal.
Os meninos dão uma zoada nele, chamam ele de almofadinha.
Mas Felipe fala comigo de um jeito diferente agora.
- Tá aí, Barsamian, uma mulher que o grande Bruninho não conseguiria pegar nem se quisesse.
Arqueio uma sobrancelha pra ele.
- Essa mulher não existe, Felipe.
Ele não titubeia.
- Eu pago pra ver. Vamos apostar.
Dou uma risada.
- Vai apostar o quê? Você não tem onde cair morto.
Felipe mexe no bolso da calça e tira a chave do Chevette tubarão dele. É um carro modificado com um bom sistema de som.
Isso chama a atenção de todo mundo.
Abro um sorriso pra ele, mas antes que eu diga que aceito, ele faz a aposta de verdade.
- Você tem que fazer a esquisita se apaixonar. Ser o primeiro tudo dela, quando você conseguir, o carro é seu!
Estendo a mão direita pra pegar na mão dele, mas Rodrigo segura meu braço.
- Bruno, eu sei que a gente age feito dois idiotas na maior parte das vezes, mesmo sendo homens já feitos, mas esse é um limite que não dá pra ultrapassar, cara. Pelo amor de Deus, você vai fazer vinte e sete anos mês que vem, isso não condiz com quem você é.
Puxo meu braço e olho pra Filipe.
Eu não tô nem aí se estou indo na onda de um cara com menos de vinte e quatro anos, eu fui desafiado aqui.
Bruno Barsamian Filho não foge de um desafio.
- Eu aceito Felipe. Vou ser o primeiro tudo daquela garota e você vai ficar sem o seu carro, se eu não conseguir em seis meses, te dou um milhão de reais!
Ele aperta a minha mão com vontade.
- Agora vocês me dão licença, que eu quero outro cachorro quente.
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Atualizado até capítulo 58
Comments
ʎqǝᗡ 🐝
💔 Bruninho, seus planos vão te ensinar a ser HOMEM, espero que a vida te ensine uma lição inesquecível 😘
2025-03-27
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Edina Gonçalves
é realmente ele é bem pior do que o pai
2025-03-09
0
Nilma
O Felipe é um problema.
2025-01-18
0