Grand Adventure:
Desde a infância, eu era considerado diferente pelas outras crianças devido ao meu fascínio peculiar por máquinas. A rejeição delas não me afetava muito...
Nossa casa ficava no topo de uma colina, isolada do vilarejo, onde eu vivia com meu avô Marx. Minha mãe partiu quando eu ainda era criança, e sobre meu pai, restavam apenas incertezas.
Meu avô sempre compartilhava seus conhecimentos sobre máquinas comigo, repetindo incansavelmente suas palavras.
Marx: "Escuta, Jin, quero que compreenda: trate uma máquina como se fosse um ser humano. Máquinas também podem ter vida, sabia?"
Jin: "Vovô, sempre diz isso, mas máquinas são apenas pedaços de metal velhos."
Marx: "Muita gente pensa assim, mas eu sei que lá no fundo, elas têm corações, assim como um humano."
Essa conversa era recorrente, mas foi graças ao meu avô que aprendi a arte de construir máquinas.
As crianças do vilarejo continuavam a zombar de mim, provocando risos e insultos enquanto eu mantinha minha calma. Meu avô sempre me ensinara a ignorar a ignorância alheia, mas havia algo que nunca deveriam ter tocado: o cata-vento meticulosamente construído por meu avô como um presente especial para mim.
Um dia, enquanto eu observava o horizonte através da janela, as crianças decidiram cruzar a linha. Com risos cruéis, desceram pela colina em direção à nossa casa isolada. Eles se aproximaram do cata-vento, meu precioso símbolo de engenhosidade mecânica, e sem hesitar, o derrubaram com força.
A raiva borbulhou dentro de mim, uma mistura de frustração e tristeza. As palavras zombeteiras se transformaram em ações destrutivas, e o limite da paciência se rompeu. As crianças riam enquanto eu avançava furiosamente em direção a elas.
Jin: "Vocês não têm o direito!"
Minhas mãos, normalmente dedicadas à construção, agora eram impulsionadas pela ira. Um soco após o outro, eu revidava a agressão ao cata-vento, sentindo o impacto ecoar na minha própria dor.
As crianças, antes zombeteiras, agora se afastavam assustadas. O silêncio pairava, apenas interrompido pelo rangido de metal retorcido e minha respiração pesada. O cata-vento estava em pedaços, assim como a ilusão de que poderia escapar do preconceito.
Naquele momento, olhei para as peças espalhadas no chão e percebi que não eram apenas fragmentos de metal. Eram memórias, cuidadosamente esculpidas pelo meu avô, e agora despedaçadas pelas mãos cruéis da ignorância infantil.
Senti-me exaurido após o confronto com as crianças, e meu avô Marx, sério, lançou-me olhares de desaprovação. Ele me deu um sermão sobre controle e compreensão, enquanto a decepção se refletia em seus olhos.
Marx: "Jin, a raiva não é a resposta. Precisamos aprender a lidar com o desdém dos outros de maneira diferente."
Jin: "Eles ficarem a zombar de você vovô, eu não aceito."
Marx: "É normal sentir raiva, Até mesmo eu ja senti uma raiva."
Jin: "Então."
Marx: "Você tem que saber, que tudo não pode se resolver com os punhos e raiva."
Com um suspiro, fui enviado para meu quarto como castigo. Enquanto vasculhava meu refúgio solitário, meus olhos se fixaram em um diário que nunca havia notado antes. Era o diário do meu avô, um tesouro escondido entre as páginas empoeiradas.
Ao abri-lo, deparei-me com uma passagem emocionante sobre "Grand Adventure". As palavras de meu avô pulsavam com uma energia contagiante, revelando seus anseios e paixões pela vida além da colina, além do vilarejo.
Jin (sussurrando): "Grand Adventure... o que é isso?"
Enquanto eu absorvia cada palavra, um tremor repentino sacudiu a casa. O diário caiu de minhas mãos, espalhando-se pelo chão, misturando-se com os destroços do cata-vento. O som distante de rachaduras na estrutura ecoava como um presságio sombrio.
O tremor se intensificou, as paredes tremiam, e o chão parecia se desfazer sob meus pés. Enquanto eu tentava entender o caos ao meu redor, as páginas soltas do diário dançavam como folhas ao vento.
Enquanto eu estava perplexo diante do caos, a tempestade lá fora ganhava força, rugindo como uma pantera faminta. Meu avô, com olhos preocupados, tentou me tranquilizar.
Marx: "Jin, não saia daqui! Uma tempestade está se formando, todos devem estar em casa!"
Eu não entendia completamente a gravidade da situação quando meu avô explicou sobre o tornado que ameaçava engolir o vilarejo. Ainda assim, a ansiedade em sua voz era palpável, e eu sentia um frio na espinha enquanto observava a fúria da natureza além da janela.
Marx: "Rápido, vamos para o porão! É o lugar mais seguro."
Antes que pudéssemos reagir, a tempestade atingiu sua fúria máxima. Um estrondo ensurdecedor ecoou quando o telhado de nossa casa foi arrancado como se fosse uma folha ao vento. O ar ficou impregnado de caos, pedaços da estrutura voavam pelo ar como projéteis, e meu avô tentou, em vão, me proteger da fúria descontrolada.
O pânico nos consumiu enquanto éramos envolvidos pela tempestade. O destino incerto pairava no ar, e meu avô, com desespero nos olhos, lutava para manter a calma em meio ao turbilhão de destroços.
Imobilizado sob a estante caída, meus braços esmagados pela carga, o pânico se apoderou de mim. Gritava pelo meu avô, mas os estrondos da casa desmoronando abafavam meus pedidos desesperados.
Marx: "Jin, aguente firme! Eu vou tirar isso de cima de você."
Os escombros caíam ao meu redor enquanto meu avô tentava desesperadamente chegar até mim. No entanto, um estrondo ensurdecedor anunciou o colapso da estrutura, e eu o vi desaparecer sob os destroços, meu grito ecoando em resposta.
Jin (chorando): "Vovô! Vovô!"
Em meio às lágrimas e à dor, meu avô emergiu dos escombros, ferido, mas vivo. Ele me pegou nos braços e, em um ato de desespero, me levou para fora, onde apenas uma pequena construção resistia aos estragos.
Marx: "Jin, seja forte. Você precisa ser um bom garoto. Lembre-se do que eu te ensinei."
Marx: "Lembre-se as máquinas também tem sentimentos."
As palavras finais de meu avô eram sussurradas com dificuldade, e enquanto eu tentava entender a gravidade da situação, as areias da tempestade de areia começaram a encobrir tudo. A visão de meu avô, agora à distância, erguendo dois pedaços de ferro entre seu peito, dilacerou meu coração.
Jin (gritando): "Vovô!"
Sem sentir meu braço e envolto pela tempestade, apenas pude assistir impotente ao desaparecimento de meu amado avô. A tempestade de areia abafou os sons, mas a minha voz solitária murmurou um pedido de desculpas, perdido na vastidão do deserto e na tragédia que havia transformado a minha vida.
Dois dias depois:
Dois dias se passaram, e a tempestade finalmente cedeu. O vilarejo, aliviado por não ter perdido ninguém, começou a se reerguer. No entanto, Jin descia a montanha com uma expressão séria, abraçando o diário de seu avô como se fosse o último elo com o passado.
Yoshi, observando a dor nos olhos de Jin, aproximou-se com cautela. Sua pergunta sobre o avô foi recebida com um silêncio pesado. Percebendo a dor de Jin, Yoshi abraçou-o, oferecendo conforto na ausência de palavras.
Jin, finalmente desabando em lágrimas nos braços de Yoshi, sussurrava entre soluços sobre sua culpa, considerando-se um neto ingrato. Yoshi, segurando-o com carinho, rejeitava essa autocrítica.
Yoshi: "Jin, você não é um neto ruim. Para seu avô, você foi excepcional. Ele ficaria orgulhoso do homem que você se tornou."
As vezes só percebemos que amamos a pessoa, quando perdemos ela.
CONTÍNUA...
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Atualizado até capítulo 29
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