Quando vi vovô se transformar em lobisomem no quartinho dos fundos quase desmaiei.
Eu era uma criança de 7 anos quando minha Santa mãe foi morar no céu, e fiquei aos cuidados de vovó Izaura e Vovô Onofre. Eles tinham muito cuidado comigo, já que eu era a única neta. Morávamos num casarão, no sertão da Bahia, éramos pobres, mas sempre tinha um feijão pra comer. Naquele casarão, tinha um quartinho, com cadeado fechado por fora, eu era proibida de chegar perto sequer daquele quarto.
Numa noite de lua cheia, vi quando vovó e vovô entraram dentro do quarto, e logo em seguida ela saiu chorando. Escutei vovô de dentro do quarto falar:
-Não esquece de trancar a porta!
Mas acho que ela não ouviu, ela me viu e levou um susto...
-Oque você tá fazendo aqui? Não mandei você dormir? Vamos, eu te colocarei na cama..
-Mas vovó...
-Não tem mais nem menos, já pra cama!
Ela tentava disfarçar, cantava baixinho na intenção de fazer eu dormir, mas o semblante de sono dela, já estava nítido..
Acabou que ela pegou no sono, e eu, curiosa que sou, deixei ela lá dormindo e fui lá pra perto do quarto. Ao me aproximar, já escutava uns sons estranhos, uns rosnar de cão, umas batidas nos móveis e arrastar de cadeiras...
Naquele buraquinho da fechadura, pude ver oque nunca vou esquecer na vida; vovô estava num estado horrível, se contorcendo todo, fazendo uivos de lobo e numa forma terrível de lobisomem. Eu ia gritar, quando minha boca foi tampada pelas mãos de minha vó e foi me arrastando para dentro do quarto dela.
Com as mãos trêmulas, ela foi me dizendo:
-Oque você acabou de ver, deverá ficar guardado e nunca revelado. Promete pra mim?
-Sim, vovó..
Ela me abraçou, e não dormirmos mais naquela noite.
Quando amanheceu, escutei os passos de meu avô na sala, e vovó foi ao seu encontro e o abraçou. Depois daquele dia, nunca mais eu quis ir pescar com vovô, nem colher raiz de mandioca na horta, nem ajudar jogar milho pras galinhas...
Tempos depois, ele contraiu uma febre amarela e faleceu.
A MULHER DA CAPA PRETA .
Reza a lenda , que em Maceió, no início do século XX um homem conheceu num baile, uma bela moça por quem se interessou.
A partir daí, os dois ficaram juntos durante toda a festa.
Conversaram , bailaram e enamoraram-se.
A moça se chamava Carolina .
Era linda e muito agradável apesar de aparentemente triste.
Quando deu meia-noite , ela quis ir embora.
Estava chovendo e ele falou que a levaria em casa.
O jovem então, pegou a capa que trazia e a cobriu.
Eles saíram e ela pediu que ele parasse na porta do cemitério, onde ela ficou e dali seguiria sozinha, para evitar problemas com os pais, mas antes, disse seu endereço ao moço e era ali pertinho.
O rapaz pensou nela a noite toda e no dia seguinte , seguiu para o endereço que lhe havia sido dado.
Lá chegando, a família informou que não existia ninguém com o nome informado morando no local, mas que era como se chamava a filha que já havia morrido há tempos, mostrando-lhe uma foto da mesma.
Ele se recusou a acreditar no que ouviu e começou a achar que estava sendo vítima de uma peça.
Depois de muita conversa, eles foram ao cemitério de Nossa Senhora da Piedade no bairro do Prado , para que a família mostrasse o túmulo da jovem.
Ao chegar no local, ele viu o túmulo e a capa que lhe pertencia em cima da cruz...
Túmulo de Carolina Sampaio Marques.
( Lendas Urbanas Brasileiras / Resumo por Sílvia Restani).
Créditos: Contos e Lendas de Terror
Por Nilze Suan
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