capítulo 4

Lívia está nervosa.

Sua tentativa de fazer algo, simplesmente não valeu de nada.

E agora mais por dentro de tudo está realmente convencida que é um caso perdido.

Sente muita pena de todos que serão prejudicados com tudo isso.

Tem que falar com o pai, que nem tem ideia de que ela fez.

O homem está cabisbaixo.

Olha para a tela do computador e com uma expressão contrariada anota algumas coisas,bem se dá conta da filha o observando atentamente.

- Pai?

Ele dirige o olhar para a garota.

- Filha...estou ocupado...

- ultimamente, parece que ninguém quer me dar a atenção devida.

- De que está falando?

Respiração tensa.

- Pai, fui falar com aquele homem e ...

- Você...o quê?!

- Eu senti que precisava fazer alguma coisa Pai...aquele homem horrível não podia falar daquele jeito com o senhor.

- Não podia! Deus! Agora sim, ele ficará disposto a acabar comigo!

- Pai...( ela se senta na cadeira) porque deixou chegar a esse ponto? Porque não procurou ajuda?

- Filha...eu procurei. E é essa a questão. Dias antes eu tinha falado com o Rene,e ele ficou de me dar assistência. Ele sabia da minha situação, e com essa pandemia que acabou com muitos empresários desprevenidos, ele como estava em uma situação mais confortavel ficou de me ajudar até eu me recuperar financeiramente e poder acertar tudo com ele.

Inclusive, o filho dele estava presente na reunião.

"Ah, estava eh?"

- E porque ele está irredutível assim? Nada foi feito pelas costas dele.

- Filha...você já viu um animal ferido? É exatamente assim que o Nicolas está. Machucado e acuado. Sabia que nessa tragédia da perda dos pais dele, a noiva morreu também?

"Ele era noivo? Impossível acreditar que aquele ser teria sentimentos por alguém, que não fosse ele próprio!"

Agora consegue sentir até uma certa pena dele.

- Mas Pai...mesmo assim, ele não pode usar de sua dor para causar a dor dos outros.

- Esperava por isso. Estava aguardando um tempo, para que ele se recuperasse para tentar falar com ele, mas parece que o tempo para ele ao invés de recuperá-lo...o fez ficar ainda pior. E por Deus Filha...não sei o que falou com ele,mas se o deixou ainda mais irritado, será muito difícil fazê-lo mudar de ideia...ou ao menos dar uma solução para de uma forma ou de outra fazer algum acordo quanto a divida.

" Meu pai ficará furioso!"

- Pai eu...acho que agi de forma precipitada e agora...me perdoe, por favor.

- O que disse a ele?( fala com um semblante preocupado)

- Eu...disse que ele era desprovido de qualquer sentimento, que não fosse por ele próprio...

- Filha!

- Eu fiquei furiosa com o desdém dele comigo...esperava o que pai? Que aguentaria o desaforo dele assim? Quando propus de tentar pagar a dívida vendendo todas as minhas joias, ele fez pouco caso de mim...fiquei com muita raiva! Sabe o quanto eu sou apegada a elas e nem é pelo valor em si...sim pelas lembranças que tenho da mamãe...e achei o fim ele desdenhar de mim.

- Ah Filha...tentarei falar com ele. Hoje terá um jantar para os executivos das duas holdgins, então vou ver se concerto isso. Pode ir comigo se quiser.

- Mas...ah pai. Não sei se será uma boa ideia. Se ele ofender-me?

- Não será capaz de uma coisa dessas.

- Mas...e se o fizer?

- Aí eu mostrarei que você tem quem a defenda, meu anjo.

Sorri.

- Tá bem. Vou procurar algo elegante para acompanhá-lo.

- E sei...ficará linda. Agora meu amor, me deixe trabalhar um pouco.

- Não vou atrapalhar mais. Até daqui a pouco.

- Até.

Lívia olha no closet e procura um vestido para a ocasião.

Um pretinho sempre é perfeito. E elegante.

Coloca o vestido e percebe que fica de verdade maravilhosa. Ele é justo e tem um belo decote que valoriza seus seios.

Ao olhar-se dá um sorrisinho.

Parece toda fatal...Sabe aquelas mulheres de filmes de ação que faz o mocinho perder a cabeça só ao olhá-las? É exatamente assim que se vê. Faz uma maquiagem leve, destaca os lábios com um vermelho poderoso.

Não sabe quando terá outro evento desses,então...vai caprichar.

E espera não se aborrecer com aquele ogro das cavernas!

Em outro ponto da cidade, Nick está irritadissimo.

- Me perdoe sr, mas não tinha como mudar os planos de última hora.

- Não estou acreditando nisso! Bom...se não tenho como fugir disso...avise-me quando todos chegarem. Realmente não estou com humor para esperar por ninguém. E que isso não se estenda mais que o necessário.

- Sim senhor.

Ele vai para sua suíte enorme e solitária.

Olha para o porta retrato.

Sua ex-noiva.

Era tão linda...

E naquela foto, com um sorriso tão inocente e gentil...

Pega a peça e fica olhando atentamente.

Passa as pontas dos dedos contornando o rosto dela.

Suspira.

" Eu já senti sentimentos por alguém sim...alguém que perdi. Que não voltará, nunca mais...nunca mais..."

Ele sente um nó na garganta ao se lembrar que não só ela, mas os pais...toda a sua referência...

E se questiona, porquê?

Porquê aconteceu isso e em um momento que ele estava feliz?

Nunca mais será.

Está tão morto quanto eles...

Recoloca o objeto no lugar e olha para a mesa da cabeceira.

Poderia acabar com tudo...agora mesmo.

O que lhe resta?

Nada.

Abre.

Pega o objeto e fica pensativo.

" Apenas um disparo...seria o suficiente. "

Sua mãe com certeza está o repreendendo de onde estiver.

Sabe disso.

E somente por isso, não fez uma loucura.

Guarda novamente e respira fundo.

" Mais um dia..."

Toma um banho rápido e se veste. Nada de especial.

Nem quer impressionar ninguém.

Executivos puxa sacos! Não sabe vamos seu pai aturava tudo aquilo!

Mas com ele...As coisas serão diferentes.

Gostem ou não.

E nada fará seu coração de gelo derreter...ah sim, coração de gelo.

Ele sabe desse apelido nada gentil de seus funcionários pra ele.

Ah se descobrir o engracadinho...mas deixa pra lá.

- Sr, os convidados chegaram.

- Obrigado.

Dá uma última olhada no espelho.

Está pronto.

" Vamos lá, sr coração gelado..."

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