Uma Carona Inesquecível
Há quase 200 km por hora, Rick pesa o pé no acelerador e segue seu caminho em alta velocidade por uma estrada deserta e longa. Um tanto quanto impaciente, coloca os óculos escuro nos olhos e baixa o vidro da janela deixando o vento abafado e sem controle entrar e bater em seu rosto, lhe dando um certo desconforto instantâneo.
Rick - Droga!
Exclamou enquanto socava o volante.
Rick - Essa garota acabou literalmente com meu clima para o natal em família.
Ele vai tirando o pé do acelerador diminuindo a velocidade até parar por completo o carro no meio da estrada. Encosta a cabeça no volante e fecha os olhos sentindo uma lágrima amarga e solitária escorrer pela sua bochecha. Não satisfeito com o rumo da sua vida amorosa no momento, xinga a si mesmo por ter sido tão cego.
Lembranças de Rick...
Depois de mais de quarenta e oito horas dando plantão no hospital, Rick saiu às pressas para um jantar com a namorada em um restaurante bastante badalado da cidade de Nova York. Ainda sujo pela intensa e conturbada rotina de médico cirurgião, ele decidiu passar em seu apartamento bem rápido, para tomar um banho e vestir roupas limpas.
Depois que se arrumou, pegou a caixinha preta de veludo e guardou dentro do bolso do casaco, hoje em especial iria pedir a sua namorada em casamento e nada poderia atrapalhar os seus planos. Quando chegou no restaurante, o maître o acompanhou até a mesa onde Mary estava sentada aguardando a sua chegada.
Mary - Nossa, até que fim!
Ele enrugou o cenho e a beijou, logo depois sentou-se.
Rick - Traga um champanhe!
Maître - Agora mesmo, senhor!
Rick - Aconteceu alguma coisa?
Mary - Ah sim, por acaso sim!
Respondeu ríspida.
Rick - Você...
Ela nem o deixou completar a frase.
Mary - Estou cansada de ser a última na sua vida, de saco cheio literalmente.
Ele não falou nada, apenas continuou a observando.
Mary - Você coloca todos como prioridade, menos eu!
Rick - Isso não é verdade.
Mary - Eu não vou passar o natal com a sua família na Califórnia, sinto muito.
Ela afastou a taça e balançou a cabeça negativamente.
Rick - Do que você está falando?
Mary - Ano passado foi uma tortura, mas esse ano eu prometi para mim mesma que não vou nessa viagem apenas para te agradar.
Rick - Quer saber de uma coisa?
Ele a olha nos olhos.
Rick - Acabou!
Mary - Como?
Rick - Seu amor é tóxico e não me faz bem, apesar de eu fazer de tudo para dar certo. Infelizmente não dará.
O garçom chega com a champanhe e Rick enche uma taça tomando em um só gole.
Mary - Você só pode estar de brincadeira comigo, eu... eu...
Rick - Não vou continuar com essa brincadeirinha, você dá o seu chilique e depois pede desculpas e tentamos outra vez.
Mary - Mas nós nos amamos, você sabe disso.
Rick - Estou começando a duvidar se isso realmente seja amor.
Mary - Claro que é, meu neném. (chorando)
Ela se desespera e tenta contornar a situação.
Rick - Não, não começa!
Mary - Mas eu te amo.
Ele acena para o garçom e paga a conta, posteriormente levanta-se e sai do local seguido por Mary que tentava a todo custo reverter a situação que ela própria criou. Pararam em frente ao carro e discutiram feio até finalmente cada um seguir caminhos diferentes.
Fim das lembranças de Rick...
...
Ele abre os olhos e vira o rosto mirando no porta luvas, abre e tira a caixinha de veludo com o anel de brilhantes. Abre a porta e sai do carro mirando a vegetação baixa a sua frente, não pensa duas vezes e joga a caixinha o mais distante que pôde.
Rick se encosta no carro e fita o céu, seus olhos logo se chocam com a claridade do sol o fazendo piscar algumas vezes, respira fundo e fica ali tomando um ar nada fresco, ao contrário, tava um clima muito quente e seco, fazendo um calor enjoativo.
Rick Collins, 30 anos de idade, médico cirurgião. Mora em Nova York, e como todos os anos passava o natal em família na Califórnia. Como acabou de sair de um relacionamento conturbado, decidiu fazer essa viagem de carro, assim teria tempo para colocar as idéias no lugar e tentar superar um término de um possível noivado que não deu certo. Então, alguns dias na estrada seria unir o útil ao agradável.
Sua concentração é interrompida quando um carro passa em alta velocidade, fazendo uma nuvem de poeira ao seu redor. Ele vira o rosto para olhar na direção e fica observando o carro sumir no distante.
...
Dentro do carro que passou estava uma jovem olhando fixamente para o nada através da janela, e seu namorado do lado dirigindo. Um barulho de mensagem chegando no celular dele volta a atenção dela para o aparelho ainda com a luz acesa.
- Não vai visualizar?
Ele faz negativo com a cabeça e continua olhando para a estrada. Ela sorri sem jeito e volta a olhar as montanhas no distante com os olhos lubrificados de lágrimas.
- Eu vi!
Dessa vez ele virou o rosto e a olhou.
- Viu o quê, Lara?
Indagou ríspido.
Lara - Você sabe, Heitor!
Ele sorriu.
Heitor - Não, eu não sei.
Lara - Você é um cínico! Eu ouvi você falando com ela pela manhã no banheiro, você achou que eu estava dormindo?
Heitor - Eu não sei do que você está falando.
Lara - Quem é ela?
Heitor - Hã?
Lara - A sua amante!
Heitor - Eu não tenho amante nenhuma! Você está completamente louca.
Lara - Para de dizer que eu sou louca!
Ela gritou, ele acelerou mais ainda a fazendo se segurar firme para não tombar o corpo para o lado.
Lara - Devagar!
Heitor - Você é uma má agradecida, eu venho com você nessa viagem ridícula de não sei quantos mil quilômetros e...
Lara - Isso foi um erro mesmo, era para eu ter vindo sozinha.
Heitor - Claro, e passar o natal sozinha como todo o sempre! Eu estou de saco cheio de tudo isso.
Lara - E por que você veio?
Heitor - Boa pergunta!
Ele acelera ainda mais.
Lara - Para esse carro!
Heitor - Nem temos um ano de namoro direito e já é a terceira vez que me faz te acompanhar para visitar aquela velha.
Lara - Não fala assim dela!
Heitor - Isso é loucura, está obcecada!
Lara - Para esse carro, seu imbecil!
Eles finalmente chegam em um posto no meio do nada, onde havia uma lanchonete de beira de estrada.
Heitor - Pronto, princesa! Era isso que você queria?
Ironizou.
Ela desce do carro e corre para dentro da lanchonete, entra no banheiro e vomita todo o café da manhã no vaso. Lara sabia que ele acelerou de propósito, pois ele sabia que ela enjoava em viagens por lhe dar vertigem.
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Atualizado até capítulo 70
Comments
Keila Mar
comecei a leitura hoje 24 de novembro de 2024 e estou gostando desse início
2024-11-24
0
Maria Santana Santos
vamos lá espero que mim prenda que ultimamente não to conseguindo mim prender em leitura
2024-09-27
0
Hilda F.P Marchesin
Iniciando Leitura
21/09/2024 00:31 AM
Baixada Santista / SP
2024-09-21
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