Capítulo 08

Enrico Santoro 

Não queria ter que sair de viagem novamente, na verdade, eu não deveria ter voltado para casa para receber minha esposa. Parece que um problema atrai outro problema e assim uma chuva de problemas aparecem para que eu resolva. Consegui fechar negócios com a máfia chinesa, caso os russos tentassem algo, teríamos aliados fortes. 

Fiquei um mês fora resolvendo problemas das filiais das minhas empresas nos EUA. Tentei voltar mais cedo porém não consegui, Valentina me ligou desesperada contando que babbo estava transtornado e descontou tudo na Antonella. A verdade é que desde que me casei tenho limpado a sujeira do meu cunhado, meu sogro simplesmente o jogou aos lobos e o moleque não dá conta de segurar o rojão das merdas que faz. Sei que Valentina gosta dele, e é apenas por ela tento ajudá-lo. 

Deixei ordens de não deixá-lo entrar na minha casa, quando os seguranças disseram que ele passou a noite na minha casa e lembrei que Valentina estava lá sabia que ia dar merda. Somos uma família enorme, 4 filhos ao todo, eu, Lorenzo, Dylan e Valentina. Todos os filhos homens são casados e já possuem filhos. Quando Valentina se entregou a Dominic o problema não estava aí, pois a muito tempo não se exige mais que se comprove a virgindade da noiva com um lençol manchado de sangue, o problema era que Valentina se entregou ao filho da máfia rival. 

Em todos os bailes que eu frequentava observava Antonella Thompson, que chamava atenção por onde passava e mesmo sendo galanteada durante toda a noite por todos os homens solteiros do salão, ela ignorava, não parecia interessada em ninguém e internamente havia se tornado uma disputa de ego entre nós homens para saber quem levaria o prêmio de ter Antonella Thompson por uma noite na cama. Juntei o útil ao agradável, não queria o nome da Valentina na boca das pessoas e queria ter Antonella para mim. Fiz um acordo com o seu pai, mesmo que contra a vontade do meu babbo. 

Ndrangheta foi a responsável por babbo se aposentar mais cedo do que queria, em um dos combates ficou sem os movimentos das pernas, que com o passar dos anos e muita fisioterapia ele conseguiu recuperar. Por isso esse ódio todo, nunca foi só pela Valentina, é um ressentimento guardado a anos que ele não conseguiu superar. Nos primeiros meses casado com Antonella moramos na casa principal dos Santoro, e babbo fazia da vida dela um inferno, porra, ela só tinha 18 anos e acreditava que me casei por estar apaixonado e não por ter sido dada como uma moeda de troca. Depois que nos mudamos acredito que nosso casamento começou a fluir melhor. 

Quando estava no avião recebi algumas fotos de Antonella e Valentina, então pedi para que levassem elas para casa principal dos Santoro, mesmo sabendo que para minha esposa aquela casa é como se fosse o próprio inferno, era para segurança dela e da nossa filha, pois há algumas semanas recebemos uma ameaça mas não sei quem teve essa coragem. Assim que chego encontro Antonella e Bella brincando no jardim, quando minha esposa se aproxima vejo que seu rosto está um pouco vermelho de um lado com a marca de uma mão nela. Parece que babbo atacou novamente e Antonella nem se deu ao trabalho de esconder como fazia sempre. 

Enrico: Eu vou deixar Bella com a governanta e você sobe para o quarto 

Antonella: Não vou sem você - ela segura o meu braço - Sou sua esposa, eu deveria ser sua prioridade 

Enrico: E você é….

Antonella: Então vamos para o quarto juntos - ela diz me interrompendo

Ao chegar na sala encontro toda família reunida, conversando e sorrindo, Bella desceu do meu colo se juntando aos primos para brincar mesmo sendo a mais nova de todos. Cumprimento todos com um aceno de cabeça e subo para o quarto com Antonella, vejo várias sacolas em cima da cama, às tiro de lá colocando no closet. 

Antonella: O que a Antonella é pra você? - Antonella me pergunta 

Enrico: Você é minha esposa 

Antonella: Só isso?

Enrico: O que você quer saber, Antonella? - o que deu nessa mulher 

Antonella: Você ama a Antonella? 

Nunca fomos o tipo de casal carinhoso, sempre conversávamos, mas troca de afeto nunca foi o nosso forte, dizíamos o que precisava ser dito e fazíamos sexo. Não estou entendendo essa pergunta partindo dela, o que chega a ser contraditório da minha parte pois sempre esperei que dissesse que me amava. Eu não sei se a amo, sei que a tenho como um desafio. 

Enrico: Você poderia parar de se referir a você na terceira pessoa - respiro fundo - É claro que te amo Antonella

Antonella: Então porque permite que sua família me trate dessa forma? Porque não me conquistou ao invés de fazer negócios com meu pai me usando? O seu pai me bateu de graça hoje na frente de todo mundo, e ninguém, simplesmente ninguém fez nada. Eu sou uma pessoa tão horrível assim? Eu sou tão ruim ao ponto de ser tratada pior que uma prostituta? 

Enrico: Antonella… - ela não me deixa terminar de fala

Antonella: Você tem uma filha mulher, ia gostar de saber que o sogro dela a trata como o seu pai me trata? Eu era tratada como uma rainha, eu tinha o amor e principalmente o respeito dos meus pais e você me tirou de lá para me entregar qualquer tipo de sentimento? Me tirou da minha família para que a sua me humilhasse? O que você ganha com isso? Sente prazer em ver toda a sua família me maltratando? 

Enrico: Eu não sabia que se sentia assim..

Antonella: Eu tenho apenas 23 anos Enrico, eu era só uma menina quando nos casamos, eu não sabia nada da vida..

Enrico: Você foi criada para isso, sabe como funcionam os casamentos na máfia.

Antonella: E do jeito que está o nosso casamento está bom para você? Porque eu estou infeliz nesse casamento.

Enrico: E o que quer que eu faça? 

Antonella: Não pode me deixar ir? Não podemos assinar o divórcio ?? 

Enrico: Você sabe que isso está fora da realidade que vivemos, não existem divórcios na máfia. Nosso casamento é para a vida toda.

Antonella: Ótimo, se o nosso casamento é para a vida toda saiba que não serei infeliz a vida toda, muito menos irei aceitar ser tratada dessa forma pelos anos que me restam. 

Em que momento ela se transformou? Nem está parecendo que eu sou o marido, que eu sou o Don e que sou eu quem mando e impõe as ordens. 

Enrico: Porque deixou o seu irmão passar a noite na nossa casa? - mudo de assunto.

Antonella: Ele estava sangrando, queria que eu o deixasse morrer ?

Enrico: Antonella..

Antonella: Você viu que eu comprei lingerie? - ela muda de assunto - Pensei que fosse gostar de me ver nelas 

Enrico: Eu pensei que queria conversar…

Antonella: Você disse que queria conversar, e ainda não tocou no assunto. Eu apenas expus para você o que eu estava sentindo 

Enrico: Não Antonella, tivemos uma DR 

Antonella: Claro que não, em uma DR, as pessoas brigam, expõem seus lados, chegam a um acordo e fazem sexo para selar o amor…

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