MISTÉRIOS NA CHAPADA
BRASIL. Uma nação que deseja a democracia, mas não tem amor por ela. Que deseja a liberdade, todavia não lhe tem zelo. Uma nação que sustenta como princípios a ordem e o progresso, contudo, seu povo vive de modismos, e se rendem a prazeres transitórios, abandonando o compromisso com o desenvolvimento coletivo, e as pessoas passam a viver egoisticamente isoladas, Cada um em sua própria "ilha da fantasia". — avaliava Arthur, refletindo acerca da situação do Brasil, do ponto de vista político-educacional e da capacidade de auto-organização de seu povo. Ou melhor: a falta de capacidade de auto-organização.
— É realmente triste, meu caro Arthur, mas o teu povo tem orgulho da ignorância, e vê graça e beleza na estupidez. — concluiu Arthur, proferindo aquela triste sentença para si, com ar triste, lamentando a
decepcionante realidade. Todavia, embora triste, devido a esta constatação, Arthur não desanimava. Pelo contrário: escolhia, internamente, continuar acreditando, e contribuindo, com sua postura e seu comportamento, ético e comprometido, para que o mundo seja cada dia melhor.
— É isso, Arthur. O que importa é que tens feito o teu melhor para que o muno seja melhor... e não perdes uma oportunidade para fazer os indivíduos refletirem acerca da importância das atitudes pró-coletividade. Sim. Estou contribuindo... É pouco? Sim. Pode até ser pouco. Mas, estou tentando contribuir. — consolava-se Arthur, refletindo sobre seu comprometimento com pessoal para o desenvolvimento da sociedade, pois entendia que cada pessoa impactada por sua conduta seria mais um potencial soldado para o fomento de sociedade mais justa. E seguia mergulhado em seus aforismos. Em um canto qualquer, de uma casa qualquer, a bela cidade de Salvador, aproveitando o prazer de ficar escornado no tapete da sala, onde mais uma vez estava bebendo seu suco favorito e comendo uma porção generosa de salada.
Exatamente: só mais um sujeito qualquer que vê mais um dia iniciando. Sem qualquer expectativa, ou sem grandes projetos. Apenas mais um cidadão que aguardou amanhecer para lançar-se ao mundo, mais uma vez, aventurando-se. Mais um, com uma certeza apenas: é preciso tentar, movimentando-se, fazendo-se ser notado para, quem sabe, algo de bom acontecer. E acaso não consiga realizar tudo que pretende ao menos lhe restará o conforto de ter tentado. com a máxima dedicação e comprometimento.
Alguma o incomodava. O dia estva estava estranho. Havia algo no ar. Embora ainda não percebesse nada de concreto, sentia-se incomodado. Era algo que vinha de dentro. Não havia coisa alguma, conscientemente, que justificasse aquela angustia.
Nenhuma ligação fatos recentes, ou a noite mal dormida. Simplemente alguns dias ele se sentia assim.
As luzes pareciam mais intensas. O mundo parecia mais barulhento. Havia algo no ar. Apesar de muito incomodado, não descobria do que se tratava. Talvez intuição. Mas era algo que ainda não sabia explicar. Era algo que lhee apertava por dentro. Provocava na alma um incomodo profundo.
Nos ultimos tempos estava piorando. Naquele dia, por exemplo, desde a madrugada se sentia daquele jeito.
E continuava sem entender o porquê.
— Bom. Deixa para lá. — Repetia para si, apoós os momentos que se detinha, pensativo, mas não conseguia as respostas. E também não conseguia deixar de pesnar naquilo e continuava ruminando seus pensamentos por algum tempo. Mesmo enquanto organizava suas coisas para sair, continuava buscando na mente uma possível causa para esse desconforto. Sua mente é teimosa e não descansa. Não desiste. Quando surge algo ela só para após encontrar uma solução ou uma opção.
— Opa! É isso. Esse é o tipo de coisa que justificaria esta sensação ruim que me toma: O Aniversário do AI-5... uau!... Como pode um povo esquecer das consequências de algo tão importante e tão grave?
— Mais tranquilo por descobrir a origem do desconforto, Arthur organiza as ideias acerca do assunto:
— 13 de dezembro de 2022. Mais um ano. Tanto tempo se se passaram e as pessoas não entenderam o que foi o AI5. — Continuou falando para si, as paredes e o que havia ali, mergulhado nos seus pensamentos.
— É por isso que estou me sentindo assim? Não acredito. Esta manhã tão estranha, até diria sombria, para quem tem memória. A maioria dos brasileiros já ouviu falar do AI-5 (Ato Institucional Número 5), mas poucos se dão conta que foi uma das medidas mais repressivas da Ditadura Militar no Brasil. Independente dos interesses dos gruopos políticos, ou das correntes ideológicas, uma ditadura nunca será a melhor opção. Nehum regime de govermo e/ou sistema de governos jamais será mais eficiente que uma democracia. — Arthur seguia refletindo.
— O pior é que a mioria das pesoaos nem mesmo fazem ideia do que foi esse decreto e a situação que ele estabeleceu no Brasil. Talvez até por não saberem, e não entenderem, é recentemente muitos indivíduos ocuparam espaços, aproveitando-se da rede mundial de computadores para pedirem um novo “AI-5”. É assustador, mas alguns cidadãos estavam indo às ruas pedir que este decreto fosse reeditado.
Hmm. É esse o preço de ter um povo que não conhece a história. Se eles ao menos soubessem o que significaria implantar, hoje, o AI-5 nos moldes do que foi em 1964. — Arthur nem tinha cereza de que era isso que o incomodava. Todavia, continuou a revisão da história:
— Lamentavelmente o meu povo não é capaz de entender nem mesmo o cenário no qual este instrumento de controle foi editado , no Brasil de outrora. Muito menos entederiam que o momento é distinto. Talvez, haja muito oque ser discutido e ajustado no pais, mas nada justificaria a implantanção de uma ditadura.
Em 1964 os militares assumiram o controle do país, criaram uma junta governamental composta, exclusivamente, por militares e assim governaram por decretos chamados “Atos Institucionais” (AI).
O primeiro ato foi assinado em 9 de abril de 1964 (AI-1), que atendendo a interesses estratégicos da junta governamental, suspendia por dez anos os direitos políticos de qualquer cidadão que fosse encarado por eles como opositores ao novo regime. Ressalta-se neste ponto que pouco importava se se o suposto inimigo era civil ou militar. A partir daquele momento, religiosos, acadêmicos, artistas, comunicadores, ou qualquer indivíduo visto como possível influenciador (Formador de opinião), e, principalmente, aqueles que fizeram parte do antigo governo, todos, estavam sob a rigorosa vigilância dos militares. E bastava pouco para que um indivíduo fosse declarado “inimigo da pátria”.
É premente a necessidade de mencionar ainda que este primeiro decreto também estabelecia que a eleição do próximo presidente da república seria indireta, onde os Congressistas que não tiveram o mandato cassado deliberariam acerca de quem seria a melhor opção para governar o Brasil. E, neste cenário, em 15 de abril, o general Castelo Branco assumia a presidência do Brasil, em circunstâncias e condições absolutamente atípicas.
De parte a parte, todos cometeram excessos. E somente quem teve suas perdas pode medir a dor. Mas, pelo bem do Brasil, as pessoas não poderiam esquecer os fatos, a história... e, muito menos, ficar pedido por algo que não entendem. É triste ver que tanta gente se decepcionou com os governantes a tal ponto de desejarem uma ditadura. Isso que é o mais triste em tudo. — Fazendo esta análise Arthur retoma a sua rotina.
— Vamos à luta parceiro. O dia será longo e difícil. Além do mais, esta sensação, não deve ser por nada disso. afinal periódicamente você se flagra assim. e isso já vem de alguns anos. Então, meu caro Arthur, ou você está ficando coma alguma doença pisocológica, ou jáestá doente. — disse Arthur, para si, rindo.
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Atualizado até capítulo 45
Comments
isa
triste verdade
2023-08-20
2
isa
A história na estória.
2023-08-20
1
isa
poeta
2023-08-20
2