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Minha cabeça está girando em vários assuntos, o principal é em como aguentar minha irmã por alguns dias aqui comigo, já fico aliviado apenas em saber que finalmente conseguiu sua própria casa e não precisa ficar enfiada no meu apartamento toda vez que decide vir para São Paulo.

Eu amo minha irmã, de coração, mas preferia ficar apenas com a Eduarda em casa e Vinicius, porque ela ultimamente está sendo mais irritante que uma criança de cinco anos, e acho que nossa cota de morarmos juntos já se esgotou há muito tempo.

— Mas você conseguiu escolher alguém pelo menos? — Vinicius pergunta a mim interrompendo meu devaneio, me lembrando de onde estou, encaro ele tentando me lembrar do que falávamos enquanto me ajeito no balcão da cozinha desconfortável.

— Ainda não — respondo lembrando sobre o assunto, estagiários — fiz entrevistas com dois hoje, mas não senti confiança — falo enquanto ele caminha até a geladeira e tira duas garrafas de cerveja.

Ele se vira para mim, colocando as mesmas sobre o balcão central, abre as duas.

— Faça mais entrevistas, não precisa escolher agora — disse me entregando uma e levando a outra até a boca tomando um gole da bebida.

— Na verdade, eu tinha que ter feito isso mês passado — falo e tomo um grande gole da bebida ardida em minhas mãos, apoio os braço sobre o balcão, segurando a garrafa com uma das mãos enquanto o encaro — preciso de mais currículos, vou pedir para Senhorita Duarte amanhã de manhã.

— Você ainda não escolheu um estagiário? — Ivy diz entrando na cozinha, imediatamente meu estomago se embrulha e viro o rosto para ela levando a garrafa a boca e tomando outro grande gole.

Ela usa um vestido rosa-claro longo que quase chegava a cobrir seus pés, é possível ver seus pequenos dedos aparecendo, o pé descalço sobre o piso gelado, ela traz consigo um brinquedo de criança em uma mão e a chupeta na outra, carregando tudo como se fosse nada.

— Ainda não — respondo rapidamente, e seco, tentando não prolongar o assunto, mas ela vira o rosto para mim e para no meio do caminho, seja lá para onde estava indo, suspiro e continuo — não gostei de ninguém.

— Novidade... — ela resmunga baixinho, mas ao contrário de mais cedo em meu escritório, dessa vez fez questão de que escutássemos o que dizia, seus olhos finalmente vem a mim, ela sorri, mas eu não, continuo a encarar esperando que continue a resmungar — estou brincando, calma, eu sempre demoro também para escolher pessoas novas para a empresa — diz com desdém dando de ombros, escuto Vinicius rir baixinho em minha frente enquanto leva a cerveja na boca de novo.

Tremenda mentirosa! Ivy sempre contrata rapidamente, ela não perde tempo, ou talvez não seja tão exigente assim quanto a mim, talvez seja por isso que vive mandando funcionários embora.

Dessa vez não respondo, apenas continuo a encarando, esperando que ela mesma se desmentisse.

Ivy coloca os brinquedos e a chupeta na bancada da pia e quando se virou nós dois, que estamos a encarando em completo silêncio, ela não se aguenta e começa a rir, uma risadinha baixa enquanto se encolhe no lugar.

 — Ok, eu nunca demoro — ri novamente enquanto eu reviro os olhos e Vinicius ri, dessa vez mais alto.

— Você se acha tanto que me irrita — comento baixinho olhando para minha irmã que ainda sorri olhando para mim, ela me manda um beijo no ar e se aproxima, ficando ao lado do marido.

— Poso te ajudar se você quiser, obviamente — diz dando de ombros se apoiando em Vinicius que a recebe de bom grado — qualquer coisa eu passo lá amanhã e vejo para você, se não for te atrapalhar.

— Eu até agradeço, na verdade, mas não escolhe qualquer um, não quero ter que mandar embora e ter o trabalho de contratar outra pessoa de novo — falo repreendendo ela, que apenas sorri e concorda com a cabeça — isso é tão bom, eu realmente não tenho saco para isso — falo e terminou de tomar a cerveja em um gole só.

— Com o que você tem paciência Felipe? — Ivy pergunta provocando.

— Ivy, não começa — Vinicius a repreende enquanto ela continua me encarando, mas para o bem de todos decido apenas ignorá-la.

— Cadê a pirralha? — pergunto me levantando.

— Não fala assim dela — não pude conter o sorriso quando ela fechou a cara, ela odiava os apelidos que eu dava para Eduarda, mas o que poderia fazer? Nada, viro o rosto para ela que bufa revirando os olhos — está na sala, dentro do chiqueirinho — murmura nada feliz.

— Eu vou lá com ela — jogo a garrafa de cerveja vazia no lixo e viro para Ivy antes de ir para sala — vocês sabem, eu vivo por essa menina — sorrio brincando, meu cunhado ri balançando a cabeça enquanto Ivy revira os olhos de novo me dando as costas, solto uma risada baixa e sigo para a sala, eu não estava mentindo, essa menina é minha salvação.

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Vilma Alice

Vilma Alice

Essa família é bem confusa.:uma mãe que serecusou a fazer companhia pra filha que estava no final da gestação e com o marido viajando.Um pai que vive na dele não discorda da mulher pra ela não encher-lhe o saco.uma filha que foi abusada e subjugada por um namorado maníaco e um filho que amou uma mulher,lutou com o ex namorado da irmã que sequestrou a sua namorada só por ser amiga da ex dele e sodomizou a mesma e depois disso ela não aceitou o seu pedido de casamento ficou com raiva da vida e até se mudou de estado pra viver a sua raiva.É UMA FAMÍLIA COMPLICADA.

2024-04-25

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