Capítulo 15

A alegria tomou conta dele, mas logo atrás veio a onda de preocupação e incerteza.

Ele temia não estar à altura dessa nova responsabilidade.

Nunca havia passado pela sua mente que um dia teria uma filha, e agora se via diante dessa realidade.

Dúvidas surgiam em sua mente: ele seria um bom pai? Seria capaz de dar a ela todo o amor e cuidado que uma criança merece?

Laura levantou seus braços pequenos em direção a ele.

Ela parecia sentir a sua confusão e, mesmo tão pequena, parecia tentar confortá-lo.

Essa demonstração de carinho e afeto fez com que Guilherme se sentisse ainda mais emocionado.

Ele se abaixou para ficar no mesmo nível que Laura e, com lágrimas nos olhos, abraçou-a gentilmente, segurando-a com ternura.

No meio desse turbilhão de emoções, Guilherme percebeu que, embora o medo o assombrasse, ele também estava cheio de amor e um desejo profundo de construir um relacionamento com sua filha.

Ele sabia que não seria fácil, mas estava disposto a dar o seu melhor para estar presente em sua vida e protegê-la de qualquer maneira que pudesse.

Enquanto eles se abraçavam, o temor começou a se dissipar gradualmente, dando lugar a uma confiança recém-descoberta.

Guilherme soube, naquele momento, que mesmo que o caminho fosse desafiador, valeria a pena por Laura.

Juntos, eles enfrentariam todas as incertezas e construiriam um futuro cheio de amor e cumplicidade.

A Alessandra ficou emocionada ao ver os dois, naquele abraço, e percebeu que os dois apesar de não conviver, tinha uma ligação muito forte

Guilherme _ Você não teve medo?

Alessandra _ Muito e ainda tenho, mas ela me dá a força que preciso para lutar por ela, desde que eu soube da existência dela, ela se tornou a prioridade da minha vida.

Guilherme _ Acho que sei que força é essa, ela acabou de me dar essa força também, eu sei que errei com você, e o que fiz não tem mais volta, mas eu não quero e nem posso errar com ela.

Alessandra _ Você vai querer mesmo participar da vida dela?

Guilherme _ É claro que sim, ela é minha responsabilidade também, eu quero ser um pai presente, 

Alessandra _ Tudo bem, como eu disse antes eu não vou me opor a isso. E a sua família, como vai receber essa notícia? Eu não vou admitir que me chamem de golpista e muito menos que tratem a minha filha mal.

Guilherme _ Não se preocupe, assim como a sua família, a minha não se importa comigo, e além do mais eu sou independente a muito tempo, não dependo deles para nada, ela não vai precisar conviver com eles.

Alessandra _ Lamento por eles que não vão conviver com ela, quem vai perder são eles, minha filha é maravilhosa e é um privilégio poder conviver com ela.

Guilherme _ Sim ela é encantadora mesmo, minha família de sangue pode não querer contato com ela, mas o meu melhor amigo com certeza vai querer conhecer ela, e o Dr.Samuel é como um pai e ficou feliz em saber que ela é minha filha.

Alessandra _ Foi ele quem deu meu endereço?

Guilherme _ Ele não teve culpa, eu insisti muito.

Alessandra _ Tudo bem, um dia a gente ia ter essa conversa mesmo. Está na hora do almoço dela.

Guilherme _ Eu já vou indo.

Alessandra _ Tá.

Guilherme _ Vai com sua mãe.

Ele entrega a Laura, ela não para de articular com os bracinhos e fica balbuciando algumas palavras.

Alessandra _ Vem meu amorzinho, você está com fome? Vamos eu acompanho você.

Os dois descem a escada em silêncio, apenas a pequena Laura que fala algumas palavras.

Ao chegar na sala, a Flávia entra em casa.

Flávia _ Chefe, como descobriu que a Alessandra estava morando aqui?

Guilherme _ Eu deveria ter pensado nisso, que ela estaria aqui, e não adiantou você me esconder, eu acabei conseguindo sozinho.

Flávia _ E não ia falar mesmo.

Ele vai até a Laura.

Guilherme _ Eu volto para ver você de novo.

A Laura parecia que entendia tudo e sorri toda animada.

Ele passa pela Flávia e a encara, ela cruza os braços e olha com a cara feia para ele. Depois que ele vai embora.

Flávia _ O que ele queria aqui, como ele achou você?

Alessandra _ Ele conhece o Dr.Samuel e nos viu hoje no hospital, e o doutor deu meu endereço.

Flávia _ Ele não podia fazer isso.

Alessandra _ Está tudo bem, ele pediu desculpas e disse que quer participar da vida dela.

Flávia _ E você vai deixar?

Alessandra _ Eu não tenho o direito de impedir que os dois convivam, se ele quer eu não vou me importar, a Laura também parece que gostou dele, e ela não tem culpa de nada.

Flávia _ Você está certa, e como vai ser isso?

Alessandra _ Não sei, a gente não falou sobre isso.

Flávia _ Você perdoou ele muito fácil.

Alessandra _ Ele admitiu que errou comigo, e disse que não vai errar com a Laura, e é isso que importa, se ele vai fazer parte da vida da minha filha, não faz sentido a gente ficar brigando, temos que conviver de forma civilizada pelo bem dela.

Flávia _ E vocês?

Alessandra _ O que tem a gente?

Flávia _ Vão ficar juntos?

Alessandra _ Claro que não, apesar de termos uma filha, não temos nada a ver um com o outro.

Flávia _ Como ele reagiu quando viu ela.

Alessandra _ Foi lindo os dois juntos, a Laura deu os braços para ele, e acho que ele chorou.

Flávia _ Sério?

Alessandra _ Ele já tinha visto ela na sala de espera, e a madrinha disse que os dois estavam brincando.

Flávia _ Sem saber os dois se reconheceram como pai e filha.

Alessandra _ Eu fiquei emocionada, eu achei que ele não ia querer se aproximar dela.

Flávia _ E porque você achou isso?

Alessandra _ Sei lá, acho que lembrei dos meus pais que nunca aceitaram ela.

Flávia _ Ele parecia feliz.

Alessandra _ Acho que sim, nem parecia aquele ogro daquele dia.

Flávia _ Ele não pediu teste de DNA?

Alessandra _ Não.

Flávia _ Pelo menos isso.

Alessandra _ Acredita que o tratamento que a Laura vai fazer foi ele que desenvolveu?

Flávia _ Eu sabia que ele trabalhava com isso, e já ganhou vários prêmios com algumas descobertas, mas não sabia disso.

Alessandra _ O Dr.Samuel disse que ele ajuda muitas pessoas que não podem arcar com as despesas do tratamento, e falou até que iria nos apresentar, mas eu nunca imaginei que ele tivesse falando do pai da minha filha.

Flávia _ Que mundo pequeno, parece coisa de novela.

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