Capítulo décimo terceiro

Geysa

_Hoje completa um mês que fugi do meu marido.

Não tem sido nada fácil mas tento me virar para conseguir permanecer firme na minha decisão e de pé e seguir o meu caminho.

Estou trabalhando durante o dia contando e ouvindo as histórias de alguns idosos e a noite me apresento como uma dançarina da dança do ventre , dou aulas para algumas meninas de segunda-feira à quinta-feira.

Também me apresento nas noites de sextas e sábados em uma boate , como a dançarina mascarada do pole dance.

Irônico né?

É estranho eu sei disso, mas não quero ser descoberta pelo Nando ou o Esdras.

Ninguém sabe o meu nome e também não acho necessário, até porque não tenho nenhum documento comigo.

Até o momento não foi exigido nada e, eu agradeço silenciosamente por isso.

Sei que há muitas pessoas querendo me encontrar mas eles não fazem ideia de quão estou disfarçada.

Minha preocupação é como estão meus irmãos e minha tia.

Até o momento não entrei em contato com eles pois não quero chamar a atenção de ninguém e sei que se o Nando não fez, seu pai sim deve ter colocado gente ao redor deles e de minha tia.

O que me deixa mais conformada é que o dinheiro que enviei para eles dará para viverem tranquilamente durante um ano sem correr o risco de ficarem com fome ou sem ter onde morar.

Às vezes me pergunto como o Nando deve ter ficado quando o deixei. Sei que não era para tanto.

Eu devia ter o deixado se explicar mas quando vi que aquele sangue era meu, tive medo de ele me molestar enquanto eu dormia. Pensando bem não acho que ele seria capaz mas agora é tarde demais para voltar atrás da minha decisão tempestuosa que tomei.

É dona Geysa, aceite que perdeu e assim doí menos!

Hoje é sexta-feira e tenho que me preparar para as apresentações.

Tenho um número novo de dança que venho ensaiando sozinha no meu quarto. Aqui não tem um pole dance mas amarrei uma vara no teto e fiz meus ensaios.

A gente se vira como pode

Como diz o ditado: quem não tem cão caça com um gato.

Quero agradar ao público.

Algumas meninas fazem programas com homens mas eu prefiro me manter castra. Não quero me entregar para qualquer um, além do mais assinei um documento onde consta que sou casada.

Não me entreguei para o meu marido, também não pretendo me entregar para outro estranho.

Chego na boate e já entro toda produzida. Não gosto de ficar tirando minhas roupas diante de estranhos.

Desde quando comecei as apresentações que já venho assim. Claro que ponho outras peças de roupas por cima e além do mais assim que decido sair de casa já saio com minha máscara.