EM BUSCA DO PERDÃO

Sou a Malu

Meu nome é Maria Lúcia, mas todos me chamam de Malu, para entenderem minha história terei que voltar a minha infância, minha mãe se chama Isabel ela é a governanta na casa da família Villares, trabalha pra eles há muitos anos mesmo após se casar com meu pai ela continuou a trabalhar, infelizmente meu pai morreu quando eu tinha 2 anos em um acidente no seu trabalho, minha mãe sempre me falou como ele era amoroso e cuidadoso comigo, minha única curiosidade sempre foi a respeito da família do papai não tinha fotos nem a mamãe falava nada a respeito desse assunto só dizia que um dia falaríamos da família do papai, quando ele morreu dona Amália a matriarca dos Villares que sempre teve um carinho muito grande pela minha mãe nos levou pra morar na mansão dos Villares, nunca trataram minha mãe como funcionária e sim como alguém da família, eu chamava a Amélia de avô e seu esposo Rubens de avó ou eles ficavam bravos, eles tinham dois netos gêmeos, Hugo e Heloísa que eram 1 ano mais velhos que eu, eles eram filhos da Júlia e do Rômulo, Júlia era filha da Amélia e Rubens e era amiga da minha mãe.

Quando éramos crianças eu tinha uma ótima convivência com os gêmeos brincávamos juntos e não havia diferença entre nós, eu estudava na mesma escola pois a vovó fazia questão que tivesse o mesmo tratamento dos netos, mas minha mãe sempre me orientava que eu não deveria me sentir melhor que ninguém por isso, viver naquele círculo social não poderia mudar quem eu sou, que eu deveria ser sempre humilde de coração e não esquecesse minhas raízes.

Com o passar dos anos acabei me distanciando um pouco de Heloísa e Hugo, na sexta série ela ficou amiga da Suzana, que é insuportável e muito esnobe, ela me humilhava por ser filha da empregada, os pais dela eram muito ricos e com isso Helô foi se afastando de mim, Hugo já fazia parte do time de futebol, eu era invisível eles falavam o necessário comigo na casa da vovó ou ela corrigia os dois, os anos foram passando e entramos na adolescência onde tudo ficou pior sempre fui muito estudiosa me esforçava pois queria dar orgulho a minha mãe que sempre foi meu maior exemplo de ser humano, bondosa e amável e com um caráter admirável, eu queria ser como ela, meu sonho é ser arquiteta e me especializar em design e decoração de interiores, amo projetar e desenhar, transformar e decorar, vovó pediu para que eu decorasse a biblioteca, ela via eu desenhando e passava a maior parte do meu tempo lá quando não estava ajudando minha mãe, eu via os projetos da Zaha Hadid arquiteta iraquiana a primeira mulher a receber o prêmio Pritzker e do Le Corbousier arquiteto e urbanista era responsável por propor as bases do movimento modernos funcionalista ambos tem uma carreira brilhante era isso que eu queria como profissão, mas minha paixão era a confeitaria aprendi com a minha mãe a cozinhar e amava fazer bolos e doces, com 13 anos fiz um projeto de reforma da biblioteca e a vovó chamou um arquiteto e um decorador pra ver e eles aprovaram e me elogiaram bastante me dando várias dicas e orientações e a reforma foi feita com base no meu projeto e ficou linda a biblioteca e bem mais funcional, foi um dia muito feliz, pena que minha felicidade não duraria muito a biblioteca ficou pronta, um ano se passou e ali era meu lugar preferido na casa, faltavam dois dias para o meu aniversário estava ansiosa mamãe tinha programado um dia lindo pra iriamos a um parque, tínhamos feito um vestido lindo pra mim, eu dormia no mesmo quarto que minha mãe na área reservada para funcionários a noite nós conversamos bastante, minha mãe me aconselhou sobre vários assuntos, contei como me sentia a respeito do Hugo que sempre foi meu amor de infância, como a Suzana me tratava e do distanciamento da Helô as palavras da minha mãe ficaram marcadas em mim.