Emma Trix.....
A dor ainda latejava em mim, um eco do desespero pela falha. Vozes sussurravam, arrancando-me do presente. Será que me arrancavam do chão? Meu corpo flutuava, desligado, enquanto meus pensamentos me arrastavam de volta, quatro anos atrás...
Era um cenário sombrio, sujo, gelado... mas a adrenalina bombeava em nossas veias. O medo e a urgência de salvar nosso irmão dominavam. Tiana avançava freneticamente, ceifando vidas à sua frente; Legolas mal respirava a cada disparo. Eu, em agonia, murmurava preces a qualquer divindade que pudesse protegê-lo, implorando que ele não estivesse morto.
Juntos, vasculhamos o caos de corpos e sangue, mas Dom não estava lá, não em lugar algum...
O medo se intensificava a cada passo, até que alcançamos o local mais alto e isolado. Legolas adentrou primeiro, seguido por mim e Tiana, os corações batendo descompassados, em súplica silenciosa por um vislumbre de Dom, ainda respirando.
Mas então... a agonia da morte cedeu lugar ao choque da traição, quando Dom surgiu, vivo, apontando uma arma para um de nossos homens.
"Dom", sussurrou Legolas.
Seus olhos não refletiam o doce irmão que conhecíamos.
"Não era para ser assim", murmurou ele, "Eu não... não queria ferir nenhum de vocês."
"O que você fez", indagou Tiana, imóvel.
Meus olhos percorreram cada rosto conhecido, agora mortos sem vida no chão.
"Eu só... só queria a caixa", gritou Dom, retrocedendo.
Legolas avançou em sua direção, e a dor se cravou mais fundo em meu peito, como uma estaca, quando Dom apontou a arma para ele.
Eu estava ali, testemunha ocular do momento exato em que meu coração se despedaçou, quando Legolas fitou seu irmão incrédulo, e lágrimas rolaram dos olhos de Tiana.
Dom nos traiu... Matou nossos aliados e agora segurava a caixa de proteção máxima da sede boliviana. Um russo se aproximou, ostentando o símbolo da sede russa, e Dom entregou a caixa a ele.
"Não!", gritei, enquanto armas eram erguidas contra nós.
Dom encarou-nos, por um instante pensei que mudaria de ideia, que talvez estivesse sendo coagido... mas então voltou-se para os homens ao seu redor.
"Matem todos", ordenou nosso irmão, virando-nos as costas e nos deixando para morrer...
Senti uma dor aguda perfurando meu braço, cerrei os dentes enquanto meus ouvidos zumbiam e o tumulto ao meu redor cresciam em intensidade. Abri os olhos lentamente e me vi de volta à realidade.
Ao meu lado, o rosto familiar de Legolas, com uma enfermeira do pronto-socorro aplicando um curativo em seu rosto. Olhei ao redor, percebendo que estávamos dentro de um helicóptero.
Emma: O que aconteceu? - Sussurrei, lutando para me fazer ouvir sobre o ruído em minha cabeça.
Tiana: Você desmaiou com a explosão de uma granada.
Tiana se deixou cair no banco ao meu lado, visivelmente abalada. As lembranças começaram a se esclarecer em minha mente, meu sangue fervendo enquanto tentei me levantar com um movimento brusco, só para ser dominada pela dor que irradiava por todo o meu corpo.
Legolas: Calma, calma lá.
Emma: Ele... Ele escapou, maldito seja... -Disse com a voz embarcada de dor.
Tiana: Tem mais de quinhentos homens lá fora, vasculhando cada pedra e fenda em busca dele. Vamos encontrá-lo.
Erguer-me parecia uma tarefa quase impossível, cada músculo gritando de agonia. Deixei-me cair de volta na cama, derrotada.
Emma: Eu fracassei - murmurei.
Legolas: Emma! Estamos na cola do Dom há quatro anos, ele é... bem, não é culpa sua.
Contive o impulso de suspirar profundamente, a dor em meus pulmões tornando isso um esforço árduo. Olhei para Tiana, seu olhar vago refletindo a mesma decepção que eu sentia por mim mesma.
Segurei sua mão, meus dedos cortados latejando. Tiana me olhou com serenidade, um pequeno sorriso nos lábios. Ambas viramos para Legolas, que nos encarava com ternura. Apesar de tudo, continuamos unidos... Leais até o fim. Eu daria minha vida por eles, se necessário.
Legolas: Estou exausto, Emma quase nos levou à morte hoje.
Tiana soltou uma risada que brotou da minha garganta, mas foi sufocada pela dor.
Tiana: Ela é um desastre em se proteger.
Emma: Ei - protestei, e ambos sorriram. - Não me sentia tão destroçada há muito tempo.
Tiana: Você quebrou duas costelas. O que fez? Saltou de um penhasco?
Mordi os lábios. Foi exatamente isso que fiz quando vi o rio abaixo... Mas talvez minhas costelas tenham se quebrado quando levei dois chutes no mesmo lugar.
Emma: Talvez...
Legolas: Droga, Emma, um dia você vai acabar se matando.
Emma: Vocês dois também estão horríveis, ok?
Ambos protestaram, mas parei de prestar atenção, pois o helicóptero estava pousando. Legolas se levantou e Tiana o seguiu, ambos capazes de andar. Senti uma inveja imensa, pois tinha certeza de que não conseguiria dar um passo.
Alguns enfermeiros começaram a mover minha maca. Forcei-me a ficar sentada, a dor era excruciante a cada esforço para me manter na posição. Assim que a luz do luar me atingiu, pude ver as grandes portas das ambulâncias se abrindo, revelando feridos e... Mortos.
Emma: Quantos? - Sussurrei para o vazio.
Peter: Dezesseis mortos, nove feridos...
Desviei o olhar para o lado. Peter caminhava ao lado da minha maca, Subcomandante da Sede, e um grande pai para mim, embora nunca tivesse dito isso em voz alta.
Peter: Sinto muito pelos seus homens.
Emma: E as famílias?
Peter: Aqueles que têm, estão sendo informados e recebendo todo apoio possível. Os que não têm, lhes daremos a honra que merecem.
Minha maca era levada cada vez mais para dentro da sede. Pessoas corriam de um lado para o outro para cuidar dos feridos, patrulhas eram trocadas e lágrimas eram derramadas. A maioria de nós era órfã, sem parentes. Alguns nem sabiam de onde viam, sendo trazidos para cá após serem resgatados de leilões, tráfico infantil, entre outros. Mas tínhamos uns aos outros, apesar de tudo.
Eu fui conduzida até um dos quartos da enfermaria, protestando imediatamente.
Emma: Não quero estar aqui na enfermaria.
Tiana: QUE SIM!
Um grito ecoou atrás de mim, não muito distante. Não me atrevi a olhar para trás devido à dor, mas reconheci imediatamente a voz.
Emma: Cuide da sua própria vida!
Peter: Você precisa de cuidados, e tenho algo importante para dizer...
Lancei um olhar rápido para Peter ao meu lado, seu rosto tenso revelando que algo estava claramente errado.
Legolas: O que seria? - perguntou, aproximando-se com Tiana.
Peter: Vou falar na reunião em alguns minutos, enquanto isso, vão se arrumar... Vocês estão em péssimo estado.
Ele tentou soar descontraído, mas nenhum de nós conseguiu rir. Era evidente que algo grave estava acontecendo, e tanto Legolas quanto Tiana perceberam. Peter nos deu as costas assim que entramos no quarto.
Tiana: Isso não vai ser bom.
Legolas: Aposto que tem a ver com Dom!
Emma: Estamos prestes a receber uma nova missão...
Tiana: Outra? Mal conseguimos lidar com a que já temos.
Legolas: Como você sabe disso?
Esperei pacientemente enquanto a enfermeira ajustava meu soro, então me acomodei e esperei que ela saísse para podermos discutir.
Quando olhei para os dois, ambos estavam com cara de bunda.
Emma: Ele mencionou uma reunião, se fosse algo simples, teria nos informado aqui mesmo, mas ele vai discutir com os ministros.
Legolas: Ele está preocupado com algo em particular.
Tiana: Logo ficaremos sabendo.
Emma: E não vai ser algo bom...
Tiana: Nunca é, não é?
Por um momento, cada um de nós ficou imerso em seus próprios pensamentos, até que Legolas se retirou para se limpar... E Tiana veio me ajudar.
Emma: Caramba! Não colocaram nada no soro para diminuir a dor?
Tiana: Vai fazer efeito em breve. Você está em péssimo estado.
Emma: Eu tô vendo o sorriso em seu rosto.
Ela sorriu ainda mais, ajudando-me a remover as peças do meu corpo. Assim que fiquei finalmente nua, encarei meu reflexo no espelho. Realmente, estava péssima. Mas acredite, já estive em situações piores.
Havia hematomas espalhados pelo meu corpo, curativos em meus braços, cabeça e pernas, e pelo menos cinco pontos em meu ombro onde o desgraçado me atingiu.
Tiana: Vou te auxiliar no banho, mas fique claro que não gosto de aranha.
Emma: Cale a maldita boca.
Tiana gargalhou, e então me ajudou com o banho. Finalmente, comecei a me sentir um pouco melhor, apesar de cada passo ainda ser doloroso. A droga parecia estar começando a fazer efeito.
Tiana: Eu estava pensando...
Tiana parou de falar quando um comando soou pelas paredes.
..."Atenção, divergentes dos comandos de ação, imediatamente para a sala de comando. Repito, divergentes dos comandos de ação, imediatamente para a sala de comando."...
Tiana me olhou, agora séria e sem o tom brincalhão.
Tiana: Quem morreu? - Sussurrou.
Emma: Ou... Quem que vai morrer....
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Atualizado até capítulo 26
Comments
AndressaAutora
Nossa, para alguns é uma chance de continuar a viver, mesmo que seja se pondo em perigo, talvez uma busca por valor... um sentido na vida.
2024-11-12
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AndressaAutora
Logo se vê que todos do grupo deram muito importância para ele, e possivelmente ainda não sei kkk possam ter caído em uma armadilha
2024-11-11
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AndressaAutora
Tô curiosa, será algum tipo de julgamento que eles fazem para determinar algo!? Não consigo imaginar o que possa ser, só isso kkkk
2024-11-12
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