Capitulo 4

De repente, Juliana acordou, com o coração batendo forte. Ela estava de volta ao ônibus, com a luz do sol entrando pelas janelas. Ela se sentiu aliviada por estar de volta à realidade, mas ainda sentia sua pele ardendo, ela tinha  medo do sonho em seu coração.  Será que aquilo significaria que ela e David um dia… Não, ela não podia aceitar. Ela olhou pela janela e viu que estavam se aproximando de Moonfall. Ela respirou fundo e se preparou para começar sua nova vida, na esperança de que o sonho  não fosse um sinal do que estava por vir.

Após alguns minutos, finalmente chegou à pequena cidade cercada por montanhas e florestas. Era uma cidade pitoresca, com ruas estreitas e casas de madeira com varandas espaçosas. Ela se aproximou da única pessoa que conhecia na cidade, sua tia de consideração e melhor amiga de sua mãe Gina. Gina vivia a vida perigosamente, ela adorava mudar de um canto para o outro, mas parecia estar certa que ficaria na cidade ela havia aberto um pequeno restaurante. E já tinha feito contatos suficientes para conseguir um emprego de meio período para Juliana no jornal de Moonfall.

Juliana desceu do ônibus e sua tia já a aguardava. Gina abraçou Juliana com entusiasmo e disse:

- Bem-vinda à cidade, minha querida sobrinha! Estava ansiosa para ver você. Aposto que está cansada da viagem. Vou levá-la para o meu restaurante para comer alguma coisa.

Enquanto caminhavam pelas ruas, Gina começou a contar a história da cidade para Juliana. Ela disse que a cidade havia sido fundada há muitos anos por uma tribo de índios que adoravam os lobos. Eles acreditavam que os lobos eram criaturas espirituais e que mantinham o equilíbrio natural da cidade.

Gina continuou: - Mas há muitos anos, houve uma grande caçada aos lobos. Os homens brancos invadiram a cidade com seus rifles e mataram a maioria dos lobos. A comunidade de lobos foi quase extinta. Os poucos que restaram se viram obrigados a se relacionar com humanos. Destes relacionamentos surgiram os híbridos.

Juliana ficou intrigada com a história e perguntou o que eram os híbridos. Sua tia explicou que eram pessoas que descendem de lobos e humanos. Elas tinham algumas características de lobos, como olhos alaranjados e cabelo preto, além de serem mais fortes e rápidas que os humanos comuns. Porém, eram vistos como aberrações pela maioria dos habitantes da cidade e eram mantidos afastados da sociedade, numa tribo oculta além das montanhas onde ninguém ousa ir.

Gina ficou séria e em um tom mais baixo, sussurrou:

- Você deve ter cuidado, minha querida. A sua família há muitas gerações caça lobos. E há uma maldição que caiu sobre vocês, sua avó sempre contou a mim e a sua mãe que  a cada geração, um membro da família é marcado com a marca do lobo, geralmente as meninas, elas são responsáveis por proteger a jóia da família, uma pedra que não me lembro o nome, além disso são destinadas a  se tornar a luna do lobo alfa. Desta forma serão obrigados a se casar com o lobo para garantir a perpetuação da linhagem.

Juliana ficou perplexa com aquilo que sua tia acabara de falar. Ela sentiu um arrepio na espinha ao lembrar do sonho que teve ainda em Nova York, e em pensar que talvez fosse esse o motivo pelo qual ela carregava a marca do lobo. Ela olhou para baixo, e pensou no sonho ardente que teve com David, ficou envergonhada e perguntou a sua tia:

- Como isso é possível? Eu sou uma caçadora de lobos? Uma luna? Portadora? Como vou encontrar o último lobo da linhagem?

Sua tia pôs as mãos sobre os ombros de Juliana tentando acalmá-la e disse:

- Eu não sei minha querida, isso não passa de uma lenda, uma história que sua avó usava para manter sua mãe na linha, mas se isso for verdade será uma honra e ao mesmo tempo uma coragem com a maldição que persegue a família

Juliana pareceu inquieta e sua tia lhe disse: Consegui um emprego para você no jornal de Moonfall, Nancy pediu que passasse por lá amanhã de manhã. Então não se preocupe, eu estou aqui para te ajudar no seu recomeço,  juntas vamos achar o caminho correto. 

Juliana respirou fundo e desejou que sua tia estivesse certa. Ela sabia que precisava relaxar, aquilo tudo era apenas uma lenda, se  a maldição da família fosse real, ela não podia deixar de pensar…  havia algo de mágico e misterioso naquela lenda dos lobos que sobreviviam em um mundo cada vez mais hostil. E no fundo como jornalista ela estava disposta a descobrir mais sobre isso.

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