Capítulo 02

Christian Miller (foto) estava completamente exausto quando olhou para seu relógio. Vendo que já se passava das sete da noite, esfregou os olhos, passou a mão pelos cabelos e resolveu dar o dia por encerrado. Por mais que ele quisesse terminar de revisar o projeto que estava à sua frente para uma nova campanha da Vogue, seu cérebro já não estava mais funcionando.

Depois de várias reuniões ao longo do dia, era nítido que ele não conseguiria passar muito mais tempo no escritório para revisar os documentos que estavam na sua mesa. Vendo que não ia mais render se permanecesse ali, desligou o computador, pegou sus chaves, carteira e paletó, deu uma última conferida na sala antes de desligar as luzes e tranca a porta da sala.

O fato de ser o CEO de uma das maiores empresas de publicidade e propaganda do país, permitia que ele esperasse até o dia seguinte para finalizar uma revisão sem ter alguém para ficar pegando no seu pé.

Sua sala ocupava o último andar do prédio, junto com os demais Diretores Executivos da empresa. Pelo avançar da hora, ele era o último a sair, uma vez que algumas funcionárias haviam ido participar da despedida da Melanie, Gerente de Marketing, que estava saindo de licença maternidade.

Caminhando em direção ao elevador, sentiu sua barriga roncar e lembrou que não havia nada em sua casa para comer, então era certo que ele precisava comprar alguma coisa pelo caminho ou implorar por um prato de comida para uma das suas irmãs casadas.

Por um breve momento pensou que gostaria de ter uma mulher esperando por ele em casa, com uma comida caseira. Mas, mais rápido ainda, ele afastou esse pensamento. Nem mesmo um banquete compensaria o desgaste em estar num relacionamento de longo prazo. Ele ainda tinha trinta e dois anos e achava ser muito novo para se estabelecer e formar uma família. Estava mais adepto à ideia de continuar solteiro pelo resto da vida.

- Boa noite, Sr. Miller.

- Boa noite, Dona Maria – respondeu ele à senhora que fazia a limpeza, enquanto apertava o botão do elevador.

Quando chegou ao térreo, vozes acaloradas chegaram até seus ouvidos assim que a porta do elevador se abriu. E, pelo tom de voz do casal, era alguma briga doméstica que estava prestes a acontecer. Isso era a última coisa que ele precisava passar depois de um dia cheio de trabalho.

- Eu não acredito que você ousou vir até o meu local de trabalho me encurralar.

- E o que você queria que eu fizesse? Se tivesse atendido às minhas ligações ou respondido às minhas mensagens, eu não precisava vir atrás de você pra saber se está bem.

- Não disse pra você me deixar em paz? É só isso que eu quero que você faça.

- Mas Demi, eu amo você e não quero perde-la.

De repente a voz da mulher aumentou de volume.

- Para trás, não ouse me tocar.

Sem pensar duas vezes, com seu lado protetor vindo à tona, Christian correu até onde as vozes estavam.

- Tira as mãos dela! – Gritou.

O rosto de Demetria passou de vermelho a roxo quando viu quem havia se aproximado e, com a cabeça baixa evitando contato visual com Christian, ela correu e se trancou no banheiro feminino. Contudo, mesmo ela fazendo o possível para esconder seu rosto, ele a reconheceu do departamento de marketing. Não sabia o nome dela, mas já viu ela acompanhando Melanie em várias reuniões.

Voltando sua atenção ao homem parado na sua frente, que estava com os olhos arregalados de medo, ele logo o soltou e deu alguns passos para trás. Christian nem parou pra pensar no quanto ele deveria parecer intimidador com os dentes cerrados e os punhos fechados. Mantendo a postura e a guarda alta, Christian apertou os olhos e disse:

- Pela forma que ela está chorando e pedindo pra você não se aproximar, posso deduzir que vocês não estavam apenas conversando, não é mesmo?

- Olha cara, você entendeu tudo errado, mas...

- Eu? Entendi tudo errado? Tem certeza? Eu acho que você é do tipo que não consegue deixar sua “ex”, mesmo sabendo que ela não quer que você a toque.

Soltando uma risada nervosa, Brian foi logo se explicando:

- Acredite em mim, sua linha de raciocínio está completamente equivocada. Demi não é minha “ex”, até porque eu sou gay. Ela é a minha melhor amiga desde o ensino médio e agora ela está irritada comigo. – Brian fez uma pausa e suspirou. – Tudo isso por que eu desisti de ser seu doador de esperma.

Mesmo falando mais pra si do que pra Christian, o mesmo acabou escutando e foi logo se esvaindo.

- Bem, isso realmente não é da minha conta. – Pigarreou e continuou: - Me desculpa por julgar mal a situação e espero que se resolvam em breve.

Mas suas palavras caíram em ouvidos surdos e Brian simplesmente continuou contando toda a história dramática de Demi. E, mesmo que a conversa estava por tomar um rumo emocional, Christian não conseguiu simplesmente sair correndo.

- Demi é doida por crianças e sonha em ter um bebê. Por amá-la como eu amo, eu prometi ser o doador do esperma, porém Paulo, meu parceiro e amor da minha vida, não aceita, mesmo a gente explicando que eu não teria nenhum tipo de envolvimento com a criança.

- Mas porque ela simplesmente não vai num banco de esperma e escolhe aquele que ela quer? – Sem nem pensar, Christian já estava dando seus palpites na história.

- É que ela tem na cabeça que haverá uma confusão tremenda caso a amostra escolhida seja trocada pela de um assassino em série. – Nisso, o telefone de Brian começou a tocar. Olhando no visor, olhou para os lados e disse: - Droga, é o Paulo. – E, parando seus olhos em Christian, soltou: - Bonitão, eu tenho mesmo que ir, mas não gostaria de terminar as coisas assim com ela dessa forma, será que você...

- Pode ir! Pode ir que eu vejo se ela está bem e, qualquer coisa, a acompanho até o carro dela ou a levo pra casa, se for necessário.

- Mesmo? Você poderia fazer isso pra mim? – Ele estendeu a mão. – Muito, muito obrigada, Senhor...

- Christian. Christian Miller.

- Prazer, Christian, eu sou Brian Duncan. Obrigado pela sua ajuda.

Depois de apertarem suas mãos, Brian atendeu a ligação enquanto caminhava até a saída do prédio, desaparecendo pela noite. Ainda sem entender o porque de ter se envolvido nessa historia, Christian caminhou até o banheiro feminino e bateu na porta.

- Brian, eu já disse pra me deixar em paz! Vá embora! Nós não temos mais nada para conversar, principalmente agora que você me envergonhou diante do meu patrão.

Respirando fundo e contando até três pra não perder a paciência, Christian abriu a porta do banheiro e deu de cara com Demetria sentada no vaso sanitário de um dos cubículos e com os olhos fechados, massageando a têmpora como se estivesse com dor de cabeça. Ouvindo que a porta se abriu, mas ainda sem abrir os olhos, disse:

- Eu juro pra você, Brian, que se você não sair daqui e me deixar em paz, eu vou te acertar bem no meio das pernas pra você nunca mais cogitar ter filhos.

- Na verdade, não é o Brian quem está aqui.

Ao ouvir uma voz que não era a de Brian, ela abriu imediatamente os olhos. Apavorada em ver que Christian estava parado à sua frente, ela se levantou e abaixou a cabeça, sem querer encará-lo nos olhos.

- Me perdoa, Sr. Miller, eu não esperava vê-lo aqui. E, também, gostaria de me desculpar em meu nome e em nome do meu amigo, Brian, por escutar nossa discussão no corredor agora a pouco, não era minha intenção deixa-lo no meio da nossa briga e estragar sua noite.

- Você não estragou a minha noite e realmente espero que esteja mais calma. Seu amigo precisou ir embora e me comprometi com ele de que iria verificar se precisa de alguma coisa antes de ir.

- Eu estou bem, Sr. Miller, muito obrigada pela sua preocupação.

- Você está de carro? Precisa de uma carona ou consegue dirigir?

- Eu estou dirigindo. Mais uma vez, obrigada pela atenção.

- Venha, eu também estou indo ao estacionamento e te acompanho até seu carro.

Desviando o olhar dele para seu reflexo no espelho, ela pode ver o quanto estava desarrumada.

- O senhor poderia me dar cinco minutinhos pra eu poder me recompor?

- Claro, estarei aguardando no saguão.

Christian saiu do banheiro dando toda a privacidade que ela precisava. Pensou no quanto ela era linda: loira, olhos verdes e dona de corpo escultural. Rapidamente ele expulsa os pensamentos imundos que começam invadir sua mente.

Nisso, a porta do banheiro se abre e Demetria sai do banheiro ainda mais bela depois de retocar sua maquiagem. Enquanto caminham lado a lado pelo saguão da empresa, alguns dos funcionários que também estavam de saída, ficam encarando e cochichando fazendo Demetria se sentir constrangida.

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Comments

Vó Ném

Vó Ném

Eles vão dar muito o que falar kkkkkkkkkkkk

2024-11-26

1

Anita Alves

Anita Alves

ele acha que ele vai ficar imune a ela /Angry//Angry//Angry//Angry//Angry//Angry//Angry//Angry/

2025-01-16

1

Fatima Maria

Fatima Maria

🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣 ESSES DOIS AINDA VÃO OQUE FALAR BRIN E DEMETRIA

2024-05-16

14

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