Cap. 3

Alguns dias se passaram e Daniel começou a refletir sobre o assunto, por um lado estava triste e dececionado pelo que Marcelle fez sem ao menos conversar com ele. Daniel pensava, que talvez, se ele e Marcelle tivessem conversado, ele poderia ter convencido a namorada a ter o filho ou entendido o seu ponto de vista, e talvez aceitado sua decisão de abortar.

Estranhou que Marcelle sumiu das aulas e foi a casa da namorada ver o que estava acontecendo.

_ Oi Dani. Viu que Marcelle parecia bem quando ela abriu o portão para ele.

_ Aconteceu alguma coisa? Não tem ido à aula. Questionou

_ Ah, eu tranquei a faculdade, quero mudar de curso.

_ Como assim mudar de curso? Não me disse nada.

_ Acho que não gosto de engenharia, seguir no curso só por sua causa, quero algo mais na área de humanas, talvez comunicação social. Novamente Daniel foi surpreendido pela decisão de Marcelle, não que ele fosse contra ela estudar o que quisesse, mas sim por ela não contar nada a ele.

_ Está bem, tem que estudar o que gosta. Concordou fazendo um carinho no rosto de Marcelle se aproximando e beijando os seus lábios que dessa vez pareciam frios e distantes.

Os dias seguiram e Daniel não via Marcelle com frequência depois que ela trancou a faculdade w ela parecia cada dia mais distante. Daniel não entendia porque, ele estava fazendo sua parte tentando fazer com que o relacionamento dos dois voltasse ao normal depois da decepção que teve ao saber do aborto.

Naquele dia, Daniel passou no Shopping para comprar um presente para Marcelle, afinal completariam três anos de namoro no final de semana. Para sua surpresa, viu a namorada caminhando de mãos dadas com um homem bem vestido que aparentava ter pouco mais de trinta anos. Parou sentindo um aperto no peito observando os dois, e começou a segui-los até que entraram em uma das joalherias mais caras da cidade, onde começaram a olhar o mostruário de anéis e alianças. Marcelle estava sorridente, e parecia muito feliz ao lado daquele homem escolhendo um anel.

_ Não… ela não estaria me traindo. Daniel não conseguia acreditar naquela hipótese, poderia ser um parente, alguém que ela estava ajudando a escolher um presente para outra pessoa. Ele pegou o telefone e ligou para Marcelle que percebeu que o telefone estava tocando.

Daniel viu que Marcelle pegou o telefone, olhou para a tela do celular e depois guardou o aparelho novamente na bolsa, em seguida, dando um selinho demorado no homem que a acompanhava, fazendo Daniel ter certeza de tudo, ela estava o enganando.

Pensou no filho que ela abortou, e no que ela havia dito, que não estava preparada para ser mãe e começou a duvidar das suas palavras, um filho poderia ser um empecilho para ela que estava se envolvendo com outra pessoa e essa possibilidade fez doer mais o seu peito.

Daniel deu meia volta pensando em ir embora, mas não conseguiu e entrou na joalheria se aproximando dos dois.

Anéis bonitos… Falou assustando Marcelle com a sua chegada. Estava pensando em comprar um desses para a minha namorada, mas eu não sei se ela vai gostar. Daniel encarou Marcelle que lhe olhava sem saber o que fazer. _ O que a senhorita acha desse anel? Perguntou pegando um anel do mostruário e mostrando para Marcelle que continuava em choque.

Ei, não vê está incomodando a minha namorada! Falou o homem segurando o braço de Danil. E eu acredito que você não tem condições de comprar um anel dessa loja. Falou o homem que estava acompanhando Marcelle olhando para Daniel com um sorriso de deboche analisando as suas roupas.

_ É, pelo visto que eu realmente não posso comprar um anel com esse, então compre para ela, acho que ela vai gostar. Disse deixando o anel nas mãos do homem antes de sair da loja.

O peito de Daniel parecia que ia explodir depois do que descobriu.

Andou com um louco na rua sem saber o que fazer e quando percebeu estava parado em frente a casa de Marcelle. Não demorou e um carro esportivo de cor vermelha estacionar enfrente a portao da garagem enquanto Daniel se escondeu para ver o que estava acontecendo. Ao volante, o mesmo homem da joalheria, que desceu abrindo a porta para Marcelle a beijando com intensidade em seguida. Se despediram colo se conhecessem há muito tempo e quando o carro foi embora, Daniel correu até a namorada e impediu que ela entrasse em casa.

_ Então foi por isso que você matou o nosso filho. Gritou Daniel com raiva.

_ Daniel, não é isso…

Nao é...Então me diga o que é, o que eu vi na joalheria, e porque você estava beijando esse homem. Marcelle ficou calada. Não vai dizer nada? Ah! Não precisa, você está deslumbrada pelo dinheiro dele, olha só o tamanho desse anel que está usando.

O que tem demais eu querer uma vida melhor, hein? Falou brava. Estou cheia da vida que eu levo, das dificuldades que tenho em casa por causa da falta de dinheiro.

_ Então, por uma vida como a dele você sacrificou o nosso filho, claro, se o filho que estava esperando era meu.

_ Claro que era seu, mas eu não podia tê-lo agora, eu quero uma vida melhor... você já sabe o que está acontecendo, não me olhe assim… Falou de forma fria.

_ Você é cruel, sabe que faria tudo por você, sabe o quanto eu sou esforçado... com certeza um dia, eu te daria um anel melhor que esse.

_ Quando? Quando eu já estivesse velha e cheia de filhos? Eu não nasci para essa vida… As palavras de Marcelle feriam ainda mais Daniel.

_ Se você não via futuro para nós porque continuava comigo? Por que me traiu? Um dia você verá o quanto eu prosperei, e isso não vai demorar... e pode ter certeza que eu nunca mais vou olhar para a sua cara.

_ Daniel, você não entende, não é tão fácil assim ficar rico...

_ Escute bem, você verá, eu não serie apenas rico, serie bilionário. Disse indo embora magoado.

A partir daquele dia, o foco de Daniel foi ficar rico. Estudava, fazia estágio e trabalhava a noite em bares e restaurantes como garçom, e tudo que ganhava pensava em investir na criação de uma empresa assim que formasse.

Aos vinte e quatros anos se formou como o primeiro aluno da turma e ao lado de Alex, amigo da faculdade, fundaram um escritório de Engenharia e em pouco mais de dois anos, o escritório se transformou em uma construtora.

Agora aos trinta anos, Daniel podia se gabar de ser o presidente e sócio majoritário de umas das maiores construtoras da cidade com faturamento anual de bilhões de reais.

Quanto a Marcelle, nunca mais havia se visto pessoalmente. Daniel não queria mais nada com ela, além mostrar toda sua evolução financeira. Tinha uma coleção de carros esportivos, a maior casa no condomínio mais nobre da cidade, relógios de luxo, tudo que o dinheiro poderia comprar…

E devido ao que aconteceu entre ele e Marcelle, Daniel se fechou para o amor, via todas as mulheres a sua volta com interesseiras. Sexo? bastava ir a uma balada para conseguir, era um homem bonito e um sedutor nato. Filhos? Algo curioso aconteceu depois que soube o real motivo que Marcelle havia abortado, Daniel passou a ter uma espécie de aversão ao cheiro característico dos bebês. Sempre que sentia o cheiro de uma criança o nariz irritava, o estômago embrulhava. Para ele era o pior cheiro do mundo.

Minutos antes da entrevista

Após as lembranças do passado ocupar boa parte da sua manhã, Daniel estava mentalmente cansada. Sabia que a mãe queria ver ele casado mesmo que fosse com Marcelle por isso havia mencionado ela, fora os encontros que ela sempre dava um jeito de armar com as filhas de amigas e conhecidas para ver se encontrava uma mulher que fisgasse o seu coração do seu filho. E Daniel sabendo da chegada da mãe para organizar o casamento da irmã, sabia essa situação ia se repetir.

_ Que cara é essa? Perguntou Alex entrando na sala de Daniel.

_ Nada.

Nada com a empresa, mas com você eu já não sei. Falou se sentando em frente a Daniel. E ai, o que está acontecendo?

_ Minha mãe, está vindo para cá organizar o casamento da minha irmã, a Julia.

_ Por que ela não se casa lá nos estudos unidos?

_ Serão dois casamentos, um aqui e outro lá.

_ Se é o que eles querem, mas, por quê está preocupado?

_ Sabe como é a minha mãe, tenta dar uma de casamenteira para cima de mim.

_ Ixi, vai te arrumar mil pretendentes, se prepare.

_ Já sei, mas ela disse que encontrou a Marcelle  em Miami, e eu não sei, tenho a impressão que uma das pretendentes pode ser ela.

_ Se já tivesse esquecido aquela mulher e arrumado uma namorada, a sua mãe não faria isso.

_ Eu não quero uma namorada, sexo sem compromisso me basta, nunca mais me envolverei sentimentalmente com uma mulher.

_ Lá vem você, cara sofrer faz parte da vida, sei o quanto sofreu pelo que a Marcelle fez, mas com certeza existe uma mulher boa, bonita que pode te fazer feliz, te dar filhos.

_ Eu não quero ter filhos, não suporto cheiro de criança você sabe disso. Falou de mal humor. Devia me ajudar, não tem um ideia que possa me ajudar com a minha mãe?

_ Que tal contratar uma acompanhante, existem agências especializada, então apresenta ela a sua mãe como namorada.

_ O quê? Eu jamais farei isso, tem tudo para dar errado. Disse olhando torto para Alex.

_ Não esta mais aqui quem falou... Deixa eu voltar para o meu trabalho pois sei que está fazendo entrevistas para a sua nova secretária, e quanto a sua mãe, não sei como te ajudar.

_ Vou pensar em algo.

_ Pense aproveitando enquanto entrevista as candidatas gostosas

_ Você sabe que eu não misturo trabalho e sexo.

_ Chato. Disse Alex saindo.

Daniel suspirou e pediu para chamarem a próxima candidata.

_ Olivia Martins, 23 anos. Mais uma que não tem muitas qualificações falou vendo a porta ser aberta e uma linda mulher entrar.

Depois Olivia se sentou conforme Daniel havia pedido ele começou a sentir um cheiro que logo embrulhou seu estomago.

_ Por acaso a senhorita tem filhos? Perguntou tampando o nariz  deixando Olivia em pânico pensando que algo estava errado com as suas roupas.

Daniel

Olivia

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