Capítulo Cinco

Lara

Com o coração disparado viro para o homem que ainda me segura ele me encara com os olhos penetrantes

-Desta vez você a tropeçou de verdade- solta um sorriso sarcástico

tento me soltar de seus braços mas ele me segura com mais força

- Estava de saída? -ergue uma sobrancelha

- Precisava tomar um ar- digo segurando com força de minha bolsa e apertando contra mim

O olhar de Drakon se volta para minha bolsa

- O que tem aí dentro que protege tanto?

- Nada de importante me solte- o empurro para longe me afastando bruscamente de seus braços

- Você mente muito mal, achou mesmo que poderia me enganar com aquela péssima atuação na cozinha?- de se aproximando novamente dou alguns passos para trás até me encostar na parede há algo em Drakon que me apavora apesar de sua beleza

Ele diminui a distância entre nós o, me encurrarando contra a parede ameaçadoramente

Minha respiração fica irregular, o coração parece que vai saltar do peito e minhas pernas querem ceder ao peso

Não... seja forte Lara

Respiro fundo reunindo toda a minha coragem e olho em seus olhos

- Saia da minha frente- ou empurro com toda força que tenho, mas desta vez ele estava preparado para minha reação e sequer se move

- O que você esconde?

- Não é da sua conta me deixe ir- digo procurando a arma em minha cintura

Maldição devo ter deixado no quarto

- Seu pai confiou a sua segurança a mim então qualquer coisa que diz respeito a você é sim da minha conta

- São coisas pessoais minhas Drakon , quero compartilhar com ninguém- digo nervosa e desesperada ele tem razão Eu nunca fui boa com mentiras ainda mais sobre pressão como agora

- Ok, de qualquer forma não tenho permissão para deixá-la sair sozinha, se quiser ir em algum lugar terá que ser comigo- disse afastando e finalmente consigo respirar normalmente

Uau agora ele decidiu agir como um profissional?

Porque há alguns segundos atrás parecia um leão Prestes atacar a sua vítima

- Neste caso Lucca poderá ir comigo, quando ele voltar- Ao menos a companhia de Lucca me agrada mais do que a desse brutamontes

- Isso Não será possível, senhor Boris avisou que Lucca ocupará o cargo de seu segurança particular a partir de agora

- Meu pai enviar alguém para substituí-lo?

- Até onde sei não

- Ah Que maravilha então quer dizer que estou presa no meio do mato com um ogro psicopata, sem um rosto amigo para que eu possa conversar e passar o tempo- bufo frustrada

- Vai querer sair ou não?- o ogro pergunta fingindo não escutar meus murmúrios

- Perdi a vontade- afinal não é uma boa ideia ir com ele para delegacia, com certeza isso chegaria aos ouvidos de meu pai, se fosse com Luca talvez eu conseguiria despistá-lo mas Drakon não, ele é muito inteligente preciso reconhecer É uma pena que sua personalidade seja tão horrível, se fosse diferente acredito que nos daríamos muito bem

Ele dá de ombros e volto para o meu quarto, tranca a porta atrás de mim e encosta a cabeça nela

O que faço agora?

Meus dois planos falharam e não pensei em um terceiro

Suspiro frustrada

Agora será muito mais difícil fazer alguma denúncia Com certeza Drakon desconfia de algo irá falar com meu pai

Pense Lara pense , só Deus sabe o que aquelas crianças passaram nas mãos do seu pai, precisa ajudá-las quantas delas não esperam por justiça?

Digo para mim mesma tentando encontrar uma solução então algo me vem em mente

Como não pensei nisto antes?

Pego meu celular no bolso e diz que o número da polícia

- Delegacia policial de Moscou em que posso ajudar?- o homem pergunta do outro lado da linha

- Gostaria de fazer uma denúncia anônima- conto a ele tudo que descobri e envio as fotos das pastas por e-mail para a delegacia

Depois de tudo enviado receba um e-mail confirmando o recebimento das fotos e avisando que havia sido iniciado uma investigação sobre Boris Petrov tudo correria em sigilo e me manteriam informada sobre as investigações Eu também me disponibilizei a ajudar se precisasse de algo

...

Encontro-me em um túnel muito escuro e com um cheiro horrível que não sei distinguir direito mas parece de urina e fezes e que faz meu estômago embrulhar não sei como vim parar aqui mas tudo o que quero é sair deste lugar continuo andando procurando uma saída a cada passo que dou um odor fétido aumenta ficando cada vez mais difícil respirar começa a escutar choros e gritos que parecem ser de crianças e isso Me angustia chego em frente a um grande portão de ferro que se abre para minha passagem fazendo um barulho estrondoso, os gritos se tornam em fornecedores os inúmeros pedidos de socorro

Podres crianças eu a ouço mas não posso vê-las muito menos fazer nada pois estou imóvel

Meu peito dói de uma maneira inexplicável que se torna quase impossível respirar

- Onde vocês estão? quero ajudá-los mas não posso vê-los- tudo se silencia

Há alguns metros vejo um pequeno garoto, ele está de costas para mim e me aproximo devagar

- Menino - chama o trêmula mas ele não responde, chego mais perto e quase dou um grito quando percebo vários cortes em suas costas que sangram

- Meu Deus quem fez isso com você?- pergunto sentindo as lágrimas brotarem em meus olhos

- O homem mal, ele sempre faz isso com a gente quando o desobedecemos

- Vou te tirar aqui , não sei como mas vou dar um jeito venha comigo

Tento pegar a mão do pequeno que ainda está de costas para mim mas ele da alguns passos para frente afastando-se sem me olhar

- Para que possamos sair ele precisa morrer , ele não vai nos deixar fugir enquanto estiver vivo

- Ele quem ? - pergunto embora já imagine a resposta

- Ele - o garoto aponta para frente e a imagem do meu pai surge diante de nós nos observando como se desafiasse-nos

- Ele precisa morrer

Acordo num súbito me sentando na cama

Será que não terei mais uma noite tranquila de sono?

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