Amor de família, criança feliz

Carmem e Edson se mudaram com Bianca para perto de Lúcia.

Os três mantinham Bianca alheia a todo esse filme de terror que era a vida dos pais. Para ela, a mãe adoeceu e virou anjo, e o pai enlouqueceu com a perda da mãe e fim.

Bianca crescia cercada de amor e era uma garota muito alegre!

Passava a semana com os avós. Estudava de manhã. Era considerada mais inteligente do que a média, e estava avançada na escola.

As tardes ela e o avô se trancavam "oficina de sonhos", que era o quarto dos fundos, aonde Edson gostava de inventar todo o tipo de engenhoca.

Bianca tinha verdadeira admiração por tudo o que Edson fazia, para ela, ele era um mágico muito poderoso, pois conseguia consertar tudo fazer tudo e criar cada coisa fantástica!

A casa na árvore que ele fez para a neta, era simplesmente o sonho de qualquer criança!

Tinha a mesma admiração pela avó, a bruxa da cozinha, nada que a vó fazia ficava ruim, todos lambiam os pratos!

Ela observava e ajuda a Carmem com muita atenção, queria cozinhar como a avó!

Aos finais de semana ia para a casa de Lúcia, que a esperava com Rabbit, o labrador caramelo que pulava feito Coelho.

A casa da tia Lúcia era uma festa! Lúcia não tinha se casado e nem tido filhos, Bianca era a menina dos olhos dela.

Lúcia gostava de movimento e era bastante eclética e culta, e fazia questão de passar toda a sua bagagem para Bianca. Levava a garota a shows, teatros, museus, e tudo o que tinha oportunidade.

Quando não saiam de casa, Lúcia escolhia um filme ou série para assistir, e depois era a vez de Bianca. Assim liam uma para a outra, sempre uma escolha de uma e depois da outra. Também incentivava a menina a escrever e pintar. Sendo uma mentora artística, tornando Bianca uma jovem muito madura e antenada.

Bianca aos 13 anos conseguia conversar sobre tudo com pessoas de qualquer idade.

Mas Lúcia também fazia questão de deixá-la ser criança, então promovia guerras de travesseiros, levava as garotas aos parques, se esforçava de verdade para unir o seu universo ao de uma criança.

Muitas vezes tinham a companhia da vizinha Débora, melhor amiga de Lúcia, e sua sobrinha Alice. Os pais de Alice viajavam muito a trabalho, volta e meia, a menina ficava com a tia Deb, também solteira e sem filhos. Alice tornou-se a melhor amiga de Bianca naturalmente.

Por não terem filhos talvez, Lúcia e Débora proporcionavam muitas experiências para as meninas. As duas fizeram juntas de tudo um pouco: violão, piano, balé, “jazz”, teatro, pintura... tia Lúcia sempre dizia que o importante era estar sempre em movimento.

Aos domingos todos se reuniam para o almoço na casa de Lúcia, costumavam fazer churrasco e pedir pizza. Se estivesse sol, o dia era na piscina. Se o dia fosse chuvoso, a sala dava espaço para jogos de cartas, tabuleiros e mímica, regado a muita pipoca e refrigerante. E a noite, pediam o prato favorito das garotas, pizza!

Nas férias sempre viajavam para algum lugar diferente! Lúcia e Deb não eram ricas, mas desfrutavam de uma boa condição financeira, pois antes de terem as meninas nas suas vidas, apenas trabalhavam e trabalhavam!

Bianca e Alice amavam cada um dos seus dias e das suas aventuras com as tias, e tinham muito em comum, exceto a personalidade.

Enquanto Bianca era angelical, tranquila e doce. Alice era uma explosiva, turbulenta e com a língua afiada. As duas se completavam. Como qualquer criança normal, as vezes se desentendiam, mas bastava alguém mexer com Bianca, lá estava a protetora Alice para defender a amiga. E só Bianca tinha o poder de fazer Alice sorrir quando ela ficava triste.

A cada ano, Bianca e Alice tornaram-se cada vez mais inseparáveis, as meninas se comunicavam com o olhar. Era uma amizade muito bonita, verdadeiras irmãs!

Até surgiram rumores uma vez na escola de que eram namoradas, causando problemas para as meninas. Quando Lúcia descobriu que a causadora do problema era uma das mães, enfurecida como uma leoa, convocou uma reunião na escola, e fez um verdadeiro discurso sobre amizade, arrancando aplausos de todos, dando fim nesse absurdo!

Não que Lúcia se incomodasse se isso fosse verdade, preconceito não fazia parte de seu vocabulário, mas sentiu necessidade de defender as meninas, pois elas não poderiam em momento algum, pensar que era vergonhoso demonstrar seu amor pela outra, com medo do que os outros poderiam achar.

Carmem e Edson eram muito orgulhosos da neta que tinham, assim como Lúcia. E Bianca, muito grata por tê-los na sua vida, reconhecia todo o esforço que faziam por ela, retribuindo sempre com muito amor!

No fim, eles conseguiram, tinham uma grande e feliz família!

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