Fred entrou em casa com as compras do mercado, deixando no chão da cozinha.
— Sofia! Vem aqui!
Sofia parou na porta sem dizer uma palavra. Ainda estava dolorida para sentar, ficou de pé.
— Me escute com atenção, vou lhe dizer exatamente o que você tem que fazer e como tem que agir para não ser castigada! E nem preciso falar que o que acontece se falar para alguém de nossa vida conjugal não é?
E começou a listar coisas infinitas. Era muito para processar. Sofia olhava para Fred ainda sem acreditar que aquilo estava acontecendo. Basicamente ele pedia que ela fosse um robô escravo. E a lista de castigos por não cumprir algo a deixou horrorizada. Pensava em Bianca... Como ela iria crescer assim? Não podia permitir! Precisava descobrir alguma maneira, mas enquanto não conseguia, precisava seguir as regras...
Felizmente, ele saiu após ditar o seu “show” de horror. Sofia foi dormir com Bianca, precisava reunir forças.
No dia seguinte, levantou em silêncio e percebeu que Fred ainda não estava em casa. Como ele tinha feito questão de dizer, imaginou que devia estar se "aliviando" em algum puteiro.
Enquanto Bianca dormia, tratou de fazer como ele havia mandado. Limpou a casa, fez comida, cuidou da filha, tomou banho e vestiu sua camisola.
Quando ouviu o carro entrando na garagem, correu para a porta para recebê-lo.
Ele entrou, sorriu ao ver a esposa do jeito que tinha mandado. Deu um beijo em sua testa e sentou no sofá. Ela se ajoelhou e tirou seus sapatos e meias e massageou seus pés. Então se levantou sem abrir a boca e foi até a cozinha servir o marido. Fez dois pratos, como pedia o menu preso na geladeira. Um com salada e o outro com estrogonofe. Um copo e uma jarra de água gelada ao lado dos pratos e o chamou para comer. Fred se dirigiu à mesa satisfeito com o esforço da esposa, e tudo corria bem, até experimentar a comida que estava extremamente salgada. Quando ele se levantou largando o prato sem terminar, Sofia arregalou os olhos. Já sabia o que a aguardava.
— O que foi? Está ruim?
— Ruim? Isso está intragável! Você não faz nada direito mesmo! Coma!
Sofia levou a primeira garfada à boca, de fato, estava muito salgado.
— Me desculpe. Quer que eu faça outra coisa?
— Não, quero que aprenda a não jogar o meu dinheiro no lixo! Coma!
— Mas... eu...
Plaft!
— Cala a boca se não quiser outro tapa, e come! Vai comer a panela toda! Assim aprende!
Ele fazia questão de fazer Sofia se sentir um lixo, péssima esposa, pessoa mãe, péssima dona de casa, ela não fazia nada direito. O ataque diário do marido, fez com que ela mesma acreditasse nisso.
— Sofia, essa menina está fedendo, que péssima mãe!
— Sofia, essa chão está limpo? Se meu pé ficar sujo vou fazer lamber o chão!
— Sofia, preciso esfregar sua cara na roupa para que enxergue a mancha?
Com o tempo, o modo como ele a tratava foi piorando! Não se passava mais um dia, sem que ela recebesse um castigo, e a lista de insultos crescia descabidamente.
Fred além de tirano, era sádico.
Sofia estava visivelmente abatida física e emocionalmente com o rumo que tomou sua vida, mas seguia em frente, por Bianca, esperando o momento de sumir das garras do marido.
Sofia se esforçava para manter a pose perto da família, tinha medo das consequências caso descobrissem tudo, tinha medo que não acreditassem nela, ou pior, que apoiassem Fred. Dona Carmem era a típica mãe louca pelo filho, que não enxergava defeito algum nele, nunca! E seu Edson era tão doce, ela não queria ser a culpada por ele ter um infarto ou coisa parecida.
Estava sozinha nessa, teria que aguentar firme, por Bianca. E sonhava que um dia estaria livre vivendo feliz com a filha em algum lugar que não precisasse ter medo.
Mas quando estava sozinha, desabava. Ela era romântica, se guardou para o homem que seria seu marido, queria um lar, uma família, e realmente acreditou que tinha conseguido tudo isso, e por mais que Fred a maltratasse, ela deseja agradá-lo, amava seu marido, queria que tudo voltasse a ser como era antes.
Fred parecia cada vez mais insatisfeito com tudo, com o trabalho, com a esposa, com a filha. Chegou a um ponto em que ele esqueceu como era sorrir, e ele mesmo nunca soube o porque ser assim, foi bem criado e amado, era bem posicionado profissionalmente, a esposa era linda, a filha encantadora, ele as vezes falava para si mesmo, que iria tentar mudar, mas de repente, lá estava ele, naquele ciclo brutal e destruidor, e se odiava por sentir um certo prazer naquilo tudo, mesmo que não admitisse, humilhar a esposa, lhe dava uma sensação de poder que mexia com ele.
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Atualizado até capítulo 80
Comments
Valdercina Rodrigues
Isso tá mais prá um livro de história de terror do que romance.
2024-02-16
1
Carmen Borges de Oliveira
parece filme de terror
2024-01-19
0