Não havia lugar para mim.
— Venha, querida, — Cora disse, pisando em minha direção com um sorriso largo quando entrei na cozinha. — Daniel foi abrir a porta para o fotógrafo. Ariel e Ty já estão na sala e só falta você.
— Eu acho melhor não, dona Cora — me desvencilhei de sua mão. — Não estou vestida apropriadamente e não quero fazê-los esperar por minha causa. Acho...
— Oras, deixe de bobagem, menina! Está linda assim.
— Eu...
— Serão só quatro fotinhas.
— É melhor não. Não quero estragar o momento da família.
Ela cessou sua tentativa de me arrastar, o semblante sério fez-me arrepender de minhas palavras mal escolhidas.
— Primeiro, você, minha querida, faz parte da família. É uma Bryant, mesmo não possuindo nosso sobrenome. Já falamos sobre isso, não? Segundo, quando deixará de me tratar de dona e começará a me tratar por você? Sei de minha idade, mas não precisa me lembrar dela todo o momento, principalmente, na frente de Daniel.
— Desculpe, eu...
Envergonhada não sabia o que dizer.
— Estou brincando, querida. Apenas me trate por você, sim?
Em silêncio, olhei para ela pensando em como negar seu pedido, porém, no fim, tive de ceder ante seu olhar pedinte e sempre tão amável.
— Tudo bem... Cora.
O sorriso cresceu em seu rosto.
— Ótimo! Agora vamos às fotos. — Seu braço se embrenhou no meu então, ela nos encaminhou para a sala enquanto me falava. — Sabe que estes cartões já são uma tradição em nossa família? Antigamente, quando as crianças eram pequenas e vivíamos todos próximos, costumávamos a nos reunir e tirar a foto de toda a família. Não cabia de gente, mas ficava lindo. Com a loucura de hoje, isso ficou um pouco mais difícil.
— Sinto muito.
— Oh, não sinta! Isto é o que Ty quer. E, bem, se ele tem talento e há uma oportunidade de fazer dar certo, por que não apoiá-lo? Somos uma família e apoiamos uns aos outros. Se isso o faz feliz e a nós também no processo então, por que sentir?
— Tem razão.
Sem esperar, ela continuou:
— Não entramos nesta jornada às cegas, sabíamos o que iríamos enfrentar, porém optamos por apoiar nosso filho e enfrentar o que viesse. Quando tiver os próprios entenderá os sacrifícios que fazemos pelas nossas crias... E, bem, estamos aqui e felizes por ele estar realizando seu sonho, que é atuar e ter seu trabalho reconhecido.
— Não sente falta da privacidade?
— Ah, mas nós temos privacidade, apesar de não parecer. Ty sempre foi muito cuidadoso e pés no chão desde que tudo se iniciou, e nós também fazemos a nossa parte para nos manter a salvos, embora nem sempre seja possível. — Seus ombros se encolheram. — Este é o mal da profissão dele... Ele está feliz, nós também estamos.
Sorri comedida, e então, chegamos à sala.
Um tipo alto aparentando ter certa idade estava sentado no sofá conversando com o Sr. Bryant e seu filho enquanto Ariel, sentada na poltrona do canto, olhava-os com tédio, tamborilando os dedos no braço da poltrona. Dona Cora me soltou e foi até eles.
— Ei! Quase criei raízes aqui. — Ariel saltou em pé e veio até mim enquanto eu sorria sem graça por seu escândalo atrair as cabeças na minha direção. Ela me entregou um gorro vermelho. — Tome. — Enfiou na própria cabeça o que ela tinha nas mãos. — Ponha o seu, também — orquestrou quando fiquei encarando a peça em minhas mãos sem saber o que fazer. — A foto com gorro é tradição. Mamãe não te disse?
— Sim, eu... — pausei, levando meus olhos para frente e vi todos com gorros em suas cabeças então, decidi não ser a empata-foto.
— Se Kevin pudesse te ver agora, ele gozaria nas calças... O quê? Vai dizer que não percebeu que ele só falta babar como um cão faminto quando você passa?
— Não sei do que está falando.
Kevin era um amigo em comum, que sim, arrastava uma asa para mim.
Mas, francamente, não havia a mínima possibilidade de rolar algo.
— Pra quem tem 18 anos até que você é bem lerdinha, hein?
— E você bem abusada.
— Realista, minha cara. Realista.
Sacudi a cabeça, abstendo-me de qualquer resposta. Entrar numa discussão com Ariel era o mesmo que pedir a paz mundial. No final, morreria de cansaço.
Era uma mula mesmo!
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Atualizado até capítulo 63
Comments
Ladi Rodrigues
verdade!!
2024-02-02
1
Maria Socorro Netos
comecei ler agora e não to consegui entender nada
2023-12-02
1
Lourdes Antonelli
essa história está sem pé e sem cabeça não dá pra entender nada não vou ler mais sem graça
2023-08-25
1