Fragmentos
Já passou um tempo, e finalmente posso dizer que estou conseguindo me entender. Sim, eu estou focada no meu tratamento, e talvez seja sobre isso, manter-se ocupada, eu descobri que não posso ficar sem uma rotina, sem algo para me ocupar, preciso sempre manter-me ativa, pois quando estou desocupada, vez ou outra me surgem memórias dolorosas e me sinto sufocada pelos meus pensamentos, também me ocorre a sensação de deixar de ser eu, sinto estar fora do meu corpo. Sinto-me outra pessoa, ou como se estivesse distante, como se eu perdesse o controle do meu corpo e como se a vida fosse um teatro, eu sinto que todos estão atuando em uma cena, o chão torna-se fundo, as vozes tornam-se baixas e em tom de eco, e as imagens frequentemente aparecem embaçadas como em um nevoeiro. Eu não tenho controle sobre isso, simplesmente acontece em qualquer lugar, qualquer momento, não parece estar relacionado a nada, só simplesmente fico anestesiada e me sentindo um robô durante algumas horas, alguns minutos, ou alguns dias.
Eu voltei a escrever, eu preciso escrever, preciso manter as minhas ideias organizadas, sim, eu estou me sentindo mais forte, eu não vou desistir de mim mesma, eu prometi me cuidar, vou sobreviver a tudo isso, e dessa vez estou segura de que finalmente vou seguir o meu tratamento corretamente, vou estudar e arranjar um emprego que eu ame, estou disposta a realizar muitos objetivos pessoais, é fantástico perceber que estou conseguindo.
Nunca deveria ter colocado meus objetivos de lado, esquecido de mim, nunca deveria ter aceito o mínimo, o frio, o insuficiente, eu mereço mais, muito mais do que possa imaginar, eu estou disposta a construir uma vida plenamente saudável, diferente de antes.
Não deveríamos jamais focar no passado ou no futuro, devemos viver de forma plena e aproveitar os momentos simples, apreciar o nosso ser de agora e trabalhar um pouquinho a cada dia, a fim de evoluir e melhorar, deveríamos ser minimalistas e nos conter com o que já temos e buscar sim melhorar, mas que não deixemos de viver o agora somente preocupando-se com o futuro ou aborrecidos e amargurados por profundas mágoas do passado.
Quero ser curada, e tudo bem se eu precisar realmente fazer terapia e tomar estabilizador de humor durante toda a vida, tudo bem se faz parte de mim, se faz parte de quem eu sou, tudo bem se faz parte da minha história. Eu só preciso ter uma vida normal, e talvez o que me falte é exatamente isso, aceitar a minha realidade. Cheguei ao ponto que eu gostaria de chegar, deveríamos nos aceitar e nos acolher verdadeiramente, pois cada um de nós temos dentro de si uma história, seja ela boa, seja ela ruim, são histórias diferentes, são universos únicos e jamais devemos nos comparar.
O intuito desde livro é contar o meu progresso com a medicação, a minha experiência com a ajuda da psicoterapia e eu espero ver uma resposta positiva a respeito de mim mesma.
Aqui não é terapia, mas escrever é terapêutico, é algo que me ajuda muito a organizar melhor meus pensamentos, e também me ajuda muito a reconhecer meus sentimentos.
Não tenho muita técnica com a escrita, mas pretendo alcançar seu coração, quero poder ajudar de alguma maneira, este livro é um incentivo à vida, gostaria muito poder ajudar cada um que necessite de apoio.
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Atualizado até capítulo 40
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