sem Saida

Queria apenas ser uma pessoa normal. Será que é pedir muito, Deus?

Sem máfia, sem bandidos, sem drama digno de novela mexicana. Só queria uma vida normal, igual a qualquer adolescente.

Falo isso me jogando na cama com todo o peso do mundo.

De repente, meu celular vibra. Pego rápido e vejo que são as meninas.

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📲 Whatsapp ON

Minha pinscher ♥️😂: Amiga, já que você tá meio sumida, eu e a Bella vamos aí te ver. A gente podia dar uma volta no shopping ou ir pra praia. O que acha?

Eu: Melhor ficar em casa mesmo 😕. Vem logo, preciso conversar. Tenho uma coisa muito importante pra contar.

Protetora ♥️🙈: O que aconteceu, meu amor? Você tá muito estranha. Logo você que ama praia 🏖️…

Minha pinscher ♥️😂: É, tá estranha mesmo! Mas seja o que for, vamos encarar juntas esse B.O., como sempre fizemos. Só me fala: você não tá grávida não, né?

Eu: Só se for do Espírito Santo 😂, porque continuo virgem.

Protetora ♥️🙈: Amém, aleluia! Essa aí tem o meu respeito!

Minha pinscher ♥️😂: Aff, fala logo, tô ansiosa 😢.

Eu: Não posso falar por mensagem. Vem logo, preciso muito de vocês.

Protetora ♥️🙈: Ok, em 10 minutos a gente chega.

Eu: Tá bom, tô esperando. Bjs 😘

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📲 Whatsapp OFF

Desço pra sala e, claro, meu suposto noivo ainda está lá. Mas dessa vez tem outro cara junto, alguém que eu não tinha visto antes. Provavelmente chegou enquanto eu estava no quarto.

Vou direto até o meu pai e aviso:

— Pai, minhas amigas vão dormir aqui hoje.

— Ok, filha. — ele respondeu sem nem questionar.

Mas o que realmente me deixou desconfortável foi sentir os olhos de Lucas e do tal cara novo me seguindo. Eles estavam conversando, mas pararam pra me encarar. Me senti como uma lagartixa sendo analisada.

Graças a Deus, a campainha tocou. As meninas chegaram! Saí correndo e abri a porta. Ayla e Isabella me abraçaram forte, daquele jeito que só melhor amiga sabe dar.

Estávamos subindo pro meu quarto quando fomos interrompidas.

— Querida… não vai apresentar as visitas? — disse Lucas, com a voz calma demais pro meu gosto.

Olhei pra ele incrédula. Ficou calado o tempo inteiro e resolveu abrir a boca justo agora? Homem bipolar, só pode.

Voltei e fiz as apresentações:

— Meninas, esse é o Lucas. Lucas, essas são Ayla e Isabella, minhas melhores amigas.

Ele me analisou de cima a baixo antes de cumprimentar as duas. Já o amigo dele não perdeu tempo:

— Prazer, sou Brayan. Melhor amigo do seu noivo.

As meninas, em uníssono:

— NOIVO?! 🤔

Revirei os olhos.

— É sobre isso que precisamos conversar, meninas…

Brayan, no entanto, parecia não estar nem aí pro clima pesado. Passou a noite inteira cantando Isabella, e o pior: ela parecia gostar. Não tirava os olhos dele. Já Lucas ficou com a cara fechada, cada vez mais irritado. Se isso é só o começo, imagina o resto…

No fim, subi com as meninas pro quarto. Mal fechamos a porta e Ayla já veio com tudo:

— Agora fala! Que maluquice é essa de noivo? E por que não contou nada? Tá namorando e ainda vai casar? — disse, cruzando os braços e me encarando como uma mãe brava.

Levantei as mãos pedindo calma.

— Espera! Eu vou explicar tudo, mas preciso que vocês escutem sem me interromper, ok?

Respirei fundo e soltei a bomba:

— Primeiro: eu não escondi nada, porque nem eu sabia que tinha um noivo até ontem. Segundo: meu pai é mafioso.

Isabella arregalou os olhos.

— Não acreditoooo! O tio Aries é mafioso igualzinho nos filmes? PQP!

— Exatamente. — continuei. — E como tradição, ele me prometeu pro filho do melhor amigo dele: Lucas, esse “príncipe” que vocês viram aí. Só que de príncipe ele não tem nada, é mais pra Fera da Bela e a Fera. Só que sem biblioteca e sem castelo.

As duas me encararam em choque.

Ayla foi a primeira a reagir:

— Tá, confesso que tô perdida. Mas se isso tá acontecendo, deve ter um propósito de Deus. E pensa pelo lado positivo: o noivo é gato. Se vai passar o resto da vida casada, pelo menos aproveita, né? Ah, e não aceito não como resposta: pergunta pra ele se o Brayan tem algum amigo solteiro.

Revirei os olhos.

— Você é de outro mundo, Ayla… kkkk.

Isabella tossiu, tentando disfarçar, mas não conseguiu:

— Olha… eu não tô de olho no Brayan. Só achei ele bonito. Mas, sei lá, tem cara de galinha.

— Ah, e você não? — Ayla retrucou. — Você pegou metade da sala no ensino médio e ainda tem coragem de chamar o cara de galinha?

— Sou totalmente diferente! — Isabella rebateu. — Ele deve ter ficado com metade da Itália. Eu só dei uns beijinhos, nada mais. Tenho mais índole!

Cai na gargalhada.

— Vocês dois são iguais, vão dar super certo. Já tô imaginando até casamento!

— E eu quero ser madrinha! — completou Ayla, rindo.

— Deus me livre! — Isabella falou, horrorizada. — Mas, sério agora: vamos fugir! É a única saída dessa loucura.

Balancei a cabeça.

— Não posso fugir. Eles vão me caçar até o inferno se for preciso. Não tem pra onde correr.

As duas se entreolharam, tensas. Isabella tentou brincar:

— Bom, pelo menos a gente vai poder viajar pra Itália te visitar, né?

Sorri de leve.

— É… quem sabe eu não convenço meu pai a deixar vocês irem morar lá comigo? Igual a gente sonhava desde pequenas.

— Isso sim seria perfeito. — disseram juntas.

Nos jogamos na cama e ficamos rindo e conversando até tarde. Mas no fundo, eu sabia: aquilo não era um sonho de adolescente. Era o início do meu maior pesadelo.

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