CAPÍTULO 15

VINCENT

— Senhor Macnamara...

Ela diz em um tom de espanto e susto...

— Liz...

— Me desculpa por faltar ao serviço hoje mas é que estou com um problema bem grande e não pude ir,mas já avisei ao RH e tudo na empresa......

Ela começa a falar e falar não me dando tempo a nada...

— Liz ...Eu seguro seu braço e falo ela se assusta...

— Calma... Por favor....

— Me desculpa... Mas não posso conversar tenho que sair,se for algo que fiz vai ter que ficar para outra hora...

— Posso entrar...

— Nossa.... Me desculpa senhor...

Ela fala se afastando da porta e me dando espaço, entro e posso dizer que é o pior lugar do mundo, apesar de arrumado, limpo e organizado é uma pocilga...

— Me desculpa, mas não tenho sofá, mas sente-se nessa cadeira...

Ela pega um pano e passa na cadeira...

— Obrigada...

Me sento na cadeira e ela me olha...

— O que o senhor está fazendo aqui... Me desculpa perguntar, mas estou curiosa...

— Eu fiquei sabendo da Nina e como não consegui falar com você pelo celular,vim pessoalmente...

— Ah sim... Meu celular resolveu estragar e não tive tempo de mandar arrumar ele...

— Entendi. É por isso que ela não atendia.

— Senhor...a Nina está muito doente e daqui a pouco eu tenho que ir pro hospital e não posso perder tempo, tenho alguns minutos com ela por dia e eu preciso tomar um banho e sair então não quero ser grossa,mas depois nos falamos...

— Calma Liz...Faz assim, vá se arrumar e eu a levo até o hospital,eu quero ver ela...

— Senhor... Lá não é lugar pra um homen assim como o senhor...

— Faz o que eu disse...

Ela concorda e vai se arrumar,eu me levanto da cadeira e dou uma olhada no minúsculo apartamento, tem um quarto com banheiro, uma salinha mínima e uma cozinha que mais parece uma caixa de tão pequena e apertada, apesar disso tudo nenhuma sujeira ou desorganização...

Passo o olho em algumas coisas e resolvo ser invasivo abro a geladeira dela e não tem nada a não ser água,abro algumas portas do pequeno armário e tem alguns macarrões,e extrato de tomate e mais nada...

Escuto o chuveiro sendo desligado e volto a sentar na cadeira,alguns minutos depois ela aparece onde estou,com uma calça jeans surrada,uma blusa de frio com um furo irritante bem no meio,e um tênis branco.

— Me desculpa senhor pela minha falta de hospitalidade, mas o senhor aceita água, café ou sei lá um suco...

A olho de uma forma que sei que se eu pedir um suco ela não terá nada pra me oferecer, mas hoje não farei isso, ela tem que sair rápido...

— Não obrigada e por favor não me chame tanto de senhor e nem fica se desculpando o tempo todo, fui eu que apareci na sua casa sem avisar...

— Me desculpa senhor...

— Vincent....

Ela me olha assustada depois que a interrompi...

— Tenho que ir agora...

— Claro...Vamos vou te levar...

— Não precisa Sen.... Vincent.... Ela está no hospital da catedral, amanhã você pode ir lá ver ela...

— Vamos, eu disse que vou te levar e quero falar com você...

Ela suspira sem empolgação..

— Ok...Vamos...

Ela olha no relógio...

— Já está quase na hora....

— Vamos então..Meu carro está na frente da vila...

Ela para de uma vez e me olha..

— O senhor veio até aqui naquele carro que eu o vejo direto..

Eu sorrio com sua cara de confusa e assustada...

— Não Liz...Vamos...

Saio do apartamento e desço as escadas,aqui só se pode subir e descer uma pessoa de cada vez...A espero no final da escada...

— Liz...

Ela suspira quando o senhor a chama...

— Oi senhor Alfredo...

— Sei que não é hora pra isso mais, preciso dos aluguéis amanhã, sei que a Nina está internada mas não posso esperar,esse dinheiro é para os meus remédios e consultas.

Eu escuto a conversa mesmo ela tentando falar baixo...

— Sim senhor Alfredo,eu entendo amanhã ok..

Ela chega perto de mim e não me encara e sim o chão...

Chegamos no meu carro e ela para e olha pra ele e balança a cabeça...

— Boa noite senhora...

Jonathan abre a porta pra ela entrar e depois vai do outro lado e abre pra mim....

— Obrigada mais me chame de Liz...

Ele me olha e eu balanço a cabeça em afirmativo...

— Ok...

— Jonathan pro hospital da Catedral...

— Sim senhor...

Ele começa a dirigir e eu me viro pra ela que está encarando o chão do carro...

— Agora me diz...o que foi com a Nina...

Ela começa a chorar...

— Desculpa por chorar na sua frente mas é que eu....

— Calma...

Falo pegando na sua mão e sentindo um choque que fez ela olhar pra mim na hora....

— Calma e me fala...

— A Nina...

Ela seca os olhos com a manga da blusa de frio,eu tiro um lenço do meu bolso e entrego pra ela...

— Minha menina, tem um tumor cerebral e está correndo risco de morte...

Ela diz isso e é como se uma faca estivesse rasgando meu peito...

— Mas o que são os prognósticos...

— Só a cirurgia é indicado...

Ela chora e chora e eu só faço o que instintivamente meu corpo manda e eu a puxo pra mim e a abraço de lado deixando ela chorar no meu peito...

Chegamos no hospital rápido demais, essa maldita eficiência do Jonathan...

— Chegamos senhor...

Ela levanta a cabeça e seca suas lágrimas e diz...

— Tenho que ser forte por ela...

Ela não diz pra mim e nem pro Jonathan diz pra ela mesma...

— Vamos...

— Sim...

O Jonathan abre a porta do carro e saímos,entro no hospital e como eu odeio esse lugar, estive em um só quando minha mãe adoeceu e não voltei mais, mesmo quando meu pai adoeceu eu não entrei em um pra ver ele...

Coloco minha mão nas suas costas pra acompanha- lá e novamente sinto um choque quando a toco...

— Sou mãe da Nina Gutierrez e vou passar a noite com ela...

Ela diz pra recepcionista que a autoriza a subir...

Só que eu não fui autorizado e tenho que esperar...

— Me desculpa...mas você não vai poder ver ela...

— Vai e daqui a pouco eu subo...

Ela ergue a sombrancelha e me encara...

— Vou dar alguns telefonemas e subo..pode ir...

— Ok...

Ela sai e vai até o elevador e eu pego meu telefone e ligo pro Declan..

— Alô...

— Declan...Estou no hospital da catedral consiga pra mim um passe livre pra subir e ver a Nina...