O clima já estava esfriando novamente, apontando 19°. Jully e sua filha estavam ouvindo músicas no rádio do carro, mas sua mãe ainda estava chateada com a situação de seu ex.
Ela tentava esquecer o que ouvira dele, mas as palavras de Davi ecoava em sua mente. Ela se sentia assim não pelo fato dele ter seguido em frente e estar prestes a se casar, mas porque sentia medo dele querer ficar longe de sua filha e Carina já sofria de saudades deles, pois o mesmo a visitava poucas vezes.
— mamãe, por que o papai estava estranho hoje? Ele foi embora de repente.
— eu já te disse o motivo, filha. Ele foi para o trabalho.
— entendi. Ele vai passar o Natal com a gente?
— eu não sei. Depois você o pergunta sobre isso.
— mamãe, o que isso na pista?- ela aponta para algo jogado no canto da estrada.
Jully olha para o lado e pára o carro no acostamento, o sinalizando.
— não saia do carro, eu vou ver o que pode ser e já volto.
Jully sai do carro e atravessa a pista, se dando conta de que se trata de um rapaz desmaiado. Ela checa a sua pulsação e está fraca. Ela pensa em chamar a ambulância, mas o seu celular está sem sinal e a mesma não sabe por quanto tempo ele esteve ali e nem por mais quantas horas ele possa aguentar.
Então, mesmo sabendo que isso pode ser perigoso por não o conhecer, ela tenta levantá-lo e o arrasta até o seu carro. Abre a porta do mesmo e pede para Carina passar para o banco da frente.
— Carina, passa para o banco da frente, por favor.
— mas mãe...
— só obedeça, por favor. E quando passarmos pela ponte, você abaixa porque se verem uma criança no banco da frente, eu levo multa.
— tá bom, mãe. E quem é ele?- ela aponta para o rapaz desmaiado no banco.
— Nós vamos descobrir quando ele acordar.
Jully entra no carro e dá partida no mesmo, rumo a sua casa. A princípio, ela pensou em levá-lo para o hospital, mas como ele possa estar sem documentação, isso pode piorar as coisas e sem pensar muito, se arrisca o levando para a sua residência.
Quando ela chega em sua casa, pede que Carina a ajude a colocá-lo no sofá- cama, enquanto ela pega os kits de primeiros socorros.
Mas então as feridas dele estavam saradas. Ela piscou os olhos algumas vezes, mas não havia nenhum sinal de machucado.
Jully checou os batimentos cardíacos dele e estavam instáveis. Então, ela foi até a cozinha e pegou um soro fisiológico e pôs com uma seringa um pouco de remédio para aumentar a imunidade e coloca em seu braço.
— Carina, fique no seu quarto e tranque a porta. Leve o seu celular consigo. Quando for para jantar, te mando mensagem.
— E você? vai ficar sozinha com esse homem desconhecido?
— fique tranquila, estou bem protegida aqui. Leve a sua mochila. Aproveita e faz os seus deveres da escola.
— pensei que iríamos no parque hoje- responde ela um pouco triste.
— dessa vez não vai dar filha, mas assim que resolvermos isso, nós iremos, tá bom?
— tá bom - ela dá um beijo na bochecha de sua mãe e vai para o seu quarto, como a sua mãe lhe ordenou.
Jully faz as tarefas domésticas, mas nenhum sinal do rapaz acordar.
Passado algumas horas, o rapaz se levanta lentamente, sem conseguir compreender aonde está e o que aconteceu consigo mesmo. Ele anda pelo cômodo e avista um porta-retrato de uma moça e uma criança sentados em um banco de praça sorrindo para a foto.
Jully termina de arrumar a casa e o vê em pé. Rapidamente ela se aproxima dele e diz:
— olá, eu me chamo Jully. Eu te vi desmaiado na pista e te trouxe para minha casa afim de não morrer lá sozinho.
O olhar de Arthur é vazio, mas ele sorrir timidamente e diz:
— obrigado, de verdade. Eu me chamo Arthur. Eu não lembro de muita coisa, apenas que briguei com meu irmão e de agora está aqui com você- ele na verdade se recorda de tudo, mas o mesmo não pode lhe dizer para não descobrir a sua identidade secreta.
— entendo. Achei estranho o fato de suas feridas se curarem rapidamente.
— meu sistema imunológico é bem acelerado, por isso me curo com facilidade. É um erro genético.
— bom, de qualquer forma, fico feliz que esteja bem. Você quer ir ao médico? eu sou enfermeira, mas posso conseguir um plano de saúde para você.
— não precisa, obrigado. Só me diga uma coisa: por que você não me deixou lá na pista? é difícil hoje em dia alguém ajudar as pessoas.
— eu sou enfermeira e é meu dever ajudar as pessoas e também tenho caráter. Infelizmente nem todos são assim, mas não me arrependo de ajudá-lo. A propósito, tem comida pronta. Gostaria de jantar?
— são que horas e que lugar estou?
— são 20h30 e você está na minha casa em cidade do leste.
— bem, não estou tão longe de casa. Agradeço a hospitalidade, mas vou para minha residência. Minha família deve estar preocupada comigo.
— você pode ir pela manhã, se quiser. As ruas já estão bem escuras e na pista costuma ser perigoso. Fique, que eu te levo amanhã pela manhã.
— não quero incomodá-la, mas irei aceitar o seu convite, obrigado. Posso usar o banheiro?
— claro- Jully o mostra aonde fica o quarto de hóspedes- ali tem um banheiro. Tem toalha e se precisar de roupa extra, tenho também.
— apenas não quero problemas com seu esposo.
— não tenho um. Mas o pai da minha filha deixou uma muda de roupa aqui, então, pode usar.
— Ok- ele entra no banheiro e Jully deixa uma calça de malha e uma camiseta branca em cima da cama para ele.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 76
Comments
Marfisa Torres Ferreira
que legal que eles se encontraram
2024-01-16
4
Mônica Wachholz
interessante
2023-10-20
0