Voltando a escola...
As aulas voltaram e um novo ciclo se inicia, este ano tem que ser o melhor da minha vida.
Acordo bem cedo e sou uma das primeiras a chegar na sala de aula, reencontrei meus amigos de escola e estava muito animada.
Amanda: Que saudade que eu tava!
Amanda...
Diz Amanda enquanto me abraça fortemente. Amanda é uma grande amiga minha, nos conhecemos desde a sexta série.
Ela é uma pessoa maravilhosa e uma amiga verdadeira, por isso sempre me abro e conto as coisas que acontecem na minha vida para ela.
No primeiro dia de aula não faltaram assuntos, no segundo também não e no terceiro muito menos!
Quer descobrir o porque? Vou te contar...
Tudo começou quando eu e a Amanda fomos retocar a maquiagem no banheiro, me senti enjoada e corri para vomitar.
Amanda: Amiga, você está bem?
Levantei um pouco tonta e vi tudo girando, acabei desmaiando e acordei na enfermaria da escola. Quando olhei para o lado ainda confusa, vi a minha mãe conversando com o médico um pouco nervosa.
Bela: Mãe, o que está fazendo aqui?
Minha mãe veio até mim e ainda na maca fui atingida por um forte tapa no rosto.
Esmeralda: Levanta, vamos embora.
Confusa e tremula, eu me levantei e fui atrás dela. Fazia um tempo que ela não me batia, senti todos os meus medos e inseguranças de uma só vez naquele momento, o que eu fiz para merecer isso?
Entramos no carro e ela dirigiu até um lugar abandonado, não dizia uma palavra se quer.
Ela saiu do carro e mandou eu acompanhá-la, fui atrás dela e quando entramos o lugar parecia uma clínica clandestina.
Bela: Mãe, o que estamos fazendo aqui?
Esmeralda: Segure a minha bolsa e espere aqui.
Minha mãe entrou em uma sala e eu sentei em uma das cadeira empoeiradas daquele lugar macabro.
Em dez minutos que fiquei sentada naquela maldita cadeira, vi duas mulheres mortas saírem de uma sala e mesmo com medo eu levantei, fui até a porta da sala e olhei o que os médicos faziam por uma pequena abertura.
Bela: Meu Deus...
Esmeralda: BELA?
quando escutei a voz da minha mãe, senti um medo gigante, corri para o fundo da clínica e quando me esbarrei com uma enfermeira ela me segurou.
Enfermeira: Calma mocinha, com quem está?
Bela: Me solta!
Ela me soltou assustada e só então me dei conta de que ela não iria me fazer mal.
Enfermeira: Tá de quantos meses?
Bela: Como assim quantos meses?
A enfermeira me olhou intrigada.
Enfermeira: Quem te trouxe até aqui? Querem te obrigar a fazer isso?
Bela: Não sei do que está falando...E-eu passei mal na escola e a minha mãe me trouxe pra cá.
Enfermeira: Tem alguma possibilidade de você está grávida? Aqui eles fazem aborto garota.
Meu mundo caiu, não sabia o que dizer.
Esmeralda: APARECE SUA DESGRAÇADA!
Foi quando escutei a voz da minha mãe ainda mais próxima e implorei para que aquela mulher me ajudasse. Como um anjo enviado do céu, aquela mulher apareceu para salvar a minha vida, saímos pelos fundos e corremos até a estação de trem.
Bela: Qual o seu nome?
Enfermeira: Me chamo Flora, pegue esse dinheiro.
Com rapidez a mulher tirou algumas notas de dentro do jaleco e me entregou.
Bela: Não se preocupe, tem dinheiro na bolsa.
Flora: Mas fique com este também, se cuida menina...e se livre dessa bolsa ou vão te encontrar.
Bela: Obrigada,Flora...
Flora: Você tem para onde ir?
Bela: Tenho sim...
Flora: Deus te acompanhe e te livre de todo mal, não vou permitir que tirem de você o que me tiraram um dia.
Com um beijo na minha testa Flora se despediu e eu entrei no trem que veio em seguida.
O que aconteceu com ela depois? Bom, eu não sei... Mas uma coisa é certa, aquela mulher tem um lugar garantido no céu.
Flora...
Já dentro do trem, me sentei numa cadeira no canto e fiquei observando a vista pela janela, não sei o que estou fazendo, ou para onde estou indo, mas na minha cabeça uma pessoa que leva a filha para aquele lugar é capaz de tudo e eu não posso voltar.
Se algum dia houve alguma confiança da minha parte pela minha mãe, desse dia não me lembro.
O pai do meu irmão morreu na guerra, um ano depois ela conheceu o meu pai e eles ficaram noivos, mesmo o meu irmão não sendo filho biológico do meu pai, eles tem um carinho muito grande um pelo outro.
Minha mãe quase morreu no meu parto, ela me conta sobre esse dia desde que me entendo por gente, lembro das vezes que ela me batia por eu simplesmente querer ter a mesma vida que o Rodrigo tinha, mas não era inveja...eu só queria brincar, passear e me divertir...mas, ela nunca deixava.
Meu pai sempre foi dominado por ela, as vezes ele até tentava me defender, mas acabava sendo humilhadado por ela, Rodrigo nem sonhava que a nossa mãe me espancava, mas um dia a nossa antiga vizinha o contou e ele passou um bom tempo sem falar com a nossa mãe, por amor a ele, ela decidiu começar com as terapias e hoje em dia é uma pessoa menos desagradável.
Mais tarde...
Nesse momento estou tentando analisar o melhor a se fazer, primeiro pretendo passar a noite em um hotel barato e depois mando uma carta para os meninos, eles vão saber o que fazer...só espero que eles me respondam o quando antes e que a minha mãe não me encontre até lá.
Após sair do trem olho ao meu redor e vejo que a cidade não é qualquer uma, há prédios, lojas e automóveis de alto luxo, onde será que mora a classe pobre desse lugar?
Saio em busca de informações e resolvo pegar um ônibus com destino à uma cidade pequena e menos conhecida que fica apenas à meia hora de onde estava.
Já nessa cidade eu encontro um hotel barato e decido passar a noite ali mesmo, quando finalmente estou no quarto me doou conta de que tenho algo muito importante para fazer, saio do hotel e vou até uma farmácia próxima, compro dois testes de gravidez e quando estou voltando para o hotel vejo um bazar, compro duas peças de roupa e volto para o quarto.
A primeira coisa que fiz foi ir correndo até o banheiro fazer o teste, fiz tudo direitinho e esperei os minutos.
Já no primeiro constatou a gravidez, mas mesmo assim fiz o segundo e o meu mundo caiu.
Como vou dar conta? As únicas pessoas que poderiam me ajudar estão na Síria e a minha mãe quer que eu tire a criança...eu realmente me sinto perdida, esse dinheiro não irá durar muito, preciso mandar essa carta amanhã cedo e pedir a Deus para que eles me respondam o quanto antes.
Fiz a carta contanto absolutamente tudo! E demoraria mais ou menos duas semanas para chegar até eles, isso me deixa preocupada, pois o dinheiro que tenho paga só mais algumas noites no hotel e não daria nem para comer direito.
Bella: Meu Deus, me ajuda a passar por isso...
O meu maior medo nesse momento é que a minha mãe me encontre e me faça abortar esse bebê, a minha gravidez não foi planejada, mas não vou permitir que essa criança pague pela minha falta de responsabilidade.
Dia seguinte...
Logo cedo, me arrumo do jeito que posso e saio para procurar trabalho, chego em uma lanchonete, vejo que a quantidade de funcionários é muito pequena para a demanda de pedidos e tento convencer o dono a me contratar, digo que aceito fazer qualquer coisa e aceito até metade do pagamento, mesmo assim ele diz que não está precisando de funcionários e me manda sair.
Me sinto tonta e o infeliz nem pra me ajudar, uma funcionária me oferece um café e eu aceito, sento em uma mesa mais reservada bem no final da lanchonete e bebo o café.
Quando finalmente levanto para ir em busca de mais empregos olho uma reportagem sobre a Síria e as guerras que estão acontecendo por lá, me aproximo e vejo que houve uma grande chacina, muitos soldados morreram e eu nem consigo acreditar quando vejo a foto do meu irmão na TV.
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Atualizado até capítulo 61
Comments
Sandra Regina
porque tanto sofrimento e o pai é o Marcelo
2025-02-14
1
Heloisa Franciscani
Meu Deus qto sofrimento.
2025-02-03
0
sandra helena barbosa
Que sofrimento 😞
2025-01-25
0