A Filha Abandonada
Numa floresta cercada por mata densa e montanhas altas, estava uma garotinha que aparentava ter cerca de 4 a 5 anos, coberta de ferimentos, e ainda inconsciente devido ao trauma.
"Dói! Uhhh, ah!" Gemidos dolorosos saiam dos lábios da garotinha.
Luciana é uma criança de 7 anos este ano, mas aparentava ter 4 ou 5 anos devido à desnutrição, não chegava nem há 1,20 m de altura, os seus braços e pernas que estavam cheios de arranhões e cortes, eram tão finos que poderiam ser quebrados ao menor descuido.
Os seus olhos eram de um castanho-claro com cílios longos, o seu nariz era pequeno e empinado como nariz de boneca, a sua boca parecia um botão de flor, mas neste momento, os seus lábios estavam tão pálidos devido à perda excessiva de sangue, a sua pele era bronzeada pelo trabalho que fazia nas terras dos seus pais e avós, os seus longos cabelos negros e cheios, agora parecia um ninho de pássaro devido à sujeira e o sangue que escorria de um corte profundo na sua cabeça.
A sua testa estava inchada, o corpo cheio de cortes, o seu pé parecia estar torcido numa posição estranha, mas isso era leve para ela, o que a preocupava era que durante a queda da montanha, ela bateu num galho que perfurou a sua cintura de trás para a frente, e o seu estado atual era terrível.
Olhando ao redor, ela percebeu que não conseguia ver se era noite ou dia, devido à densidade das árvores.
Vendo esse fato, ela sabia.ter que sair o mais rápido possível do local, pois o cheiro de sangue logo atrairá feras ferozes, se isso acontecesse ela morreria com certeza.
Mesmo sentindo dor por todo o corpo, a pequena Luciana com muita dificuldade conseguiu se sentar, grossas gotas de suor grudavam na sua roupa, lágrimas caíram dos seus olhos, mas cerrando os dentes, ela se arrastou até embaixo de uma árvore, onde depois de muito esforço e apoiando-se num galho solto que estava no chão, ela levantou-se.
Respirando fundo, ela sabia que a sua pequena bagagem e documentos (certidão de nascimento) recém-tiradas pelos seus pais, estavam em algum lugar da floresta próximo onde ela caiu.
Esses eram seus únicos bens, embora soubesse que não tinha mais lar, ela ainda desejava poder viver.
Um ódio profundo enraizou-se no seu coração.
Uma criança que já não havia nenhuma esperança em viver em família.
"Proteção?"
"O que é isso mesmo?"
"Eu nunca tive."
Quando foi empurrada para a morte, ninguém imaginou que ela sobreviveria.
"Se é esse o desejo de todos, a partir de agora, ela seria órfã!" Jurou a criança para si mesma em meio a dor.
A cada passo o sangue escorria, e a dor era enorme, quase levando-a ao desespero, mas ela tinha que encontrar a sua pequena mochila, pois dentro havia algo que podia salvar a sua vida.
O seu tio, irmão mais do seu pai era militar, sabendo que ela não era muito favorecida na família, sempre que estava de folga no exército a buscava para passear, e também ensinava-lhe muitas coisas, uma delas foi sempre carregar consigo, uma peça de roupa, alimentos secos e um ‘kit’ de primeiros socorros, isso é o que Luciana almejava nesse momento.
Mesmo após o seu desaparecimento numa missão, ela guardou os seus ensinamentos no canto mais profundo do seu coração, pois gostava muito desse tio que para ela, era um herói e também o seu parente mais próximo.
O seu amado tio foi a única pessoa que a tratou bem, e também aquele que percebeu o seu alto QI.
Suas memórias mais alegres foram no regimento do exército com o tio.
Ele era o único ao qual, ela não desejava ter que cortar laços.
Muito tempo passou, a dor, as lágrimas, cada passo uma tortura.
Perseverando ela encontrou a sua mochila, mas ainda não podia ficar num local tão fechado assim, ela tinha que encontrar abrigo o mais rápido possível!
"Água, é barulho de água, deve haver algum rio próximo daqui." A garotinha se alegrou, quando ouviu o barulho da água próximo de onde estava.
Quando chegou ao local, deparou-se com uma cachoeira alta e vistosa, e abaixo dela corria um rio vigoroso e violento.
Sem medo algum, ela tirou a roupa com grande dificuldade, arrastou-se até a parte mais rasa e começou a se lavar.
A água fria a despertou.
Após se limpar, ela lavou o sangue das suas roupas, e as colocou sobre algumas pedras próximas para secar.
Retirando o ‘kit’ de primeiros socorros da mochila, abriu a caixa e pegou antisséptico, gaze e faixa, também havia agulha, linha e roupas limpas.
Esses eram os materiais disponíveis, e havia somente uma pequena quantidade.
Agora que se lavou, pôde ver claramente os seus ferimentos.
O da cintura ainda sangrava, ela jogou o antisséptico, pegou um isqueiro esquentou a agulha, passou a linha, colocou um pano na boca para morder e começou a costurar, ela queria morrer naquele momento, mas o ódio que sentia e o seu desejo de vingança era maior.
"Eu tenho que viver, sim, eu tenho que viver!" Ela pensava.
Depois colocou uma pomada cicatrizante e enfaixou.
Limpou os outros ferimentos mais graves, como o corte na cabeça, e aguentando a dor desviou o seu pé a posição certa.
Vestiu uma t-shirt e uma calças de moletom da sua mochila, pegou 2 bolachas água e sal e comeu.
Quando terminou, ela estava exausta.
Resolveu pernoitar ali mesmo, pois não tinha mais forças.
Depois de tudo isso, ela caiu num sono profundo.
Durante o seu sono a criança chorou, chamando pela mãe e pelo pai a noite inteira.
Afinal ainda era apenas uma criança de 7 anos, que ficou muito feliz com o convite da sua família para ir ao zoológico, coisa que nunca aconteceu antes.
Nem nos seus mais loucos, ela imaginaria tamanha felicidade.
"Um dia com a família."
"Ah! Sou tão feliz."
Mas a realidade foi cruel, tudo se transformou.
Ela sonhou estar no seu quartinho, comendo o seu mingau, feito com o fubá que uma empregada havia dado-lhe, feliz por ter o que comer e um teto para morar.
Até aquele convite para ir ao zoológico chegar, foi aí que o verdadeiro pesadelo começou.
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Atualizado até capítulo 83
Comments
Ivanete Rozati
que sofrimento desta menina
2024-07-10
1
Erlete Rodrigues
estou gostando ❤️
2023-06-21
2