Luana ficou na cama durante o resto da tarde, dormindo na maior parte do tempo.
Por volta da uma da tarde, dei-lhe uma torrada com soda.
Meia hora depois, ela vomitou novamente, e se encolheu, dobrando os joelhos e reclamando de dor de estômago.Sentei-me na cama ao seu lado, esfregando suas costas.
Para o jantar, fiz canja de galinha, que ela tomou sem vomitar.
Fernando não chegou em casa antes das sete horas.
- Oi,querida.
Disse.
– Como foi seu dia?
Acho que precisava de alguém para extravasar a ansiedade do dia.
- Terrível!
Disse, séria.
– Onde você esteve? Ele me olhou com curiosidade, sem dúvida tentando imaginar o que fizera de errado.
- Você sabe como é quando volto para a cidade, é uma reunião atrás de outra.
- Eu tentei achar você em seu ramal.
- Como eu disse, estava em reuniões. Se eu soubesse que você estava tentando me achar...
Abraçou-me.
- Mas estou aqui, agora. Que tal se levar você e Lu para jantar fora?
Abrandei minha voz.
- Desculpe, foi um dia difícil. Luana não está se sentindo bem.Tive de buscá-la na escola. E já fiz uma canja de galinha para o jantar.
Ele se endireitou, visivelmente preocupado.
- Doente? Onde ela está?
- Na nossa cama.
Foi vê-la imediatamente. Acendi o fogão, para esquentar a canja, e segui Fernando até nosso quarto. Luana deu um gritinho quando o viu.
- Papai!
Ele se sentou ao seu lado na cama.
- Como está minha macaquinha?
- Não sou uma macaquinha.
- Você é minha macaquinha. Você é meu pequeno babuíno. Deitou-se ao lado dela, seu rosto próximo ao de Luana.
- Mamãe me disse que você não está se sentindo bem.
- Estou com dor de barriga.
Ele beijou sua testa.
- Talvez porque você tenha comido todas aquelas bananas.
- Não sou uma macaquinha! – repetiu Luana, alegre
Não pude deixar de sorrir.
Era bom vê-la feliz de novo. Luana adorava Fernando, e sentia muita falta quando ele estava fora, o que acontecia ao menos duas semanas todo mês. Eu seu favor, Fernando sempre fazia o possível para estar conosco.
Ligava todas as noites para perguntar como fora o meu dia e dar boa noite para Luana.
- Você jantou?
- Mamãe fez canja de galinha para mim.
- Estava gostosa?
Assentiu com a cabeça.
- Acho que vou tomar um pouco, se você ainda não tiver comido tudo.
Ergueu as sobrancelhas.
- Você comeu tudo, minha porquinha.
Ela riu.
- Você disse que eu era uma macaquinha.
- É verdade. Então fique na cama e não suba mais em árvores.
Ela riu mais uma vez.
- Eu não sou macaquinha!
- Era só para ter certeza.
– Fernando beijou sua testa, levantou-se e caminhou para fora do quarto, fechando a porta delicadamente atrás de si.
- O que há com ela? Parece que perdeu peso.
- Não sei. Na escola, saiu da sala com dor de cabeça, e depois vomitou.
- Ela está com febre?
- Não. Talvez seja apenas uma pequena enxaqueca, ou algo assim. Acho que até amanhã já terá passado.
Abracei-o.
– Estou feliz que finalmente esteja em casa.
- Eu também.
– Ele me beijou.
— Mais do que imagina.
E então me beijou novamente.
Beijamo-nos por vários minutos. Empurrei-o.
- Você sentiu a minha falta!
Falei, provocando-o.
- Então, a pequenina vai dormir na nossa cama hoje á noite?
Sabia por que ele estava perguntando, e isso me alegrou.
- Não. Ela dormirá em sua própria cama.
- Que bom Senti sua falta.
- Eu também.
Disse.
– Odeio uma cama fria.
- Eu também.
Ele me beijou mais uma vez, e depois se afastou.
- Quer dizer que você fez uma canja? Tirei os cabelos do rostos.
- Sim. Já deve estar quente. Quer pão? Eu assei alguns daqueles pães congelados.
- Adoraria. alguns. Caminhamos de volta para a cozinha.
Fernando sentou á mesa, e fui para o fogão.
A canja estava começando a ferver. Desliguei o fogo e entornei uma concha em um prato.
- E então, como foi em Phoenix? Ou era Tucson?
- Ambos.
Saí-me bem nos dois lugares.
A economia está aquecida no momento, e os hospitais andam bem folgados em seu orçamento. E o clima no Arizona é fantástico, céu azul, e a temperatura fica por volta dos 20ºC.
- Eu gostaria de ter ido. Não se deveria respirar um ar que se pode enxergar.
- É, tive um ataque de tosse no momento em que entrei no vale. Precisamos de uma boa tempestade de neve para limpá-lo. Por volta de fevereiro, a neve em Salt Lake é tão suja e cinzenta quanto a parte inferior de uma automóvel, e, com muita
frequência, o ar também. O vale de Sail Lake é rodeado pelas Montanhas Oquirrh
ao oeste, por isso, quando uma frente fria de baixa pressão avança, a poluição
fica represada ali até que uma grande tempestade a leva.
- Fico pensando se estou apanhando alguma coisa, como a Luana. Ontem me levantei cedo para malhar, mas não tinha energia. Acabei voltando para a cama.
- É provável que não esteja dormindo o suficiente. A que horas chegou esta
madrugada?
- Por volta das três.
- Eu realmente gostaria que você não dirigisse tão tarde. Não é seguro. Coloquei o prato de canja, com uma grossa fatia de pão quente, na frente de Fernando.
- Quer manteiga para o pão?
- Sim. E mel, por favor.
Peguei o prato de manteiga e o pote de plástico com o mel e os dispus sobre a mesa, perto de Fenando; e sentei ao seu lado, meus cotovelos sobre a mesa, e as bolachas apoiadas na mãos.
- Se Luana estiver doente amanhã, posso deixá-la em casa com você?
- Pela manhã eu não posso. Temos uma reunião de vendas ás nove, e depois encontrarei Dean para tentar impedi-lo de restringir meu território.
- E á tarde?
- Dou um jeito.
Colocou um pouco de mel sobre o pão com
manteiga.
- Você acha que ela ainda estará doente?
- Provavelmente não. Mas só por precaução.
Mordeu um pedaço de pão, e acompanhou-o com uma colherada de canja.
- Como está a canja? – perguntei.
- Você faz a melhor canja de galinha que eu conheço. Quase vale a pena fica doente por ela.
Sorri com o elogio.
- Obrigada.
- E como vão as coisas para as funcionárias da lavanderia? A Mel já foi contratada?
- Ainda não. Mas, em algum momento, irão acertar as coisas com ela.
- Sabe, todas essas viagens não ficam mais fáceis com o tempo – disse ele.
– É solitário ficar na estrada. Eu realmente senti sua falta nesse período.
- Eu também. Odeio a vida de esposa de um caixeiro viajante.
- Isso soa como uma musica country
Ele disse.
– Ou uma peça de Arthur Miller.
- Espero que não. A peça, ao menos.
Sorriu e sorveu outra porção de canja.
- Eu também. A peça.
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Atualizado até capítulo 23
Comments
Tania Lavratti
❤❤❤
2023-09-18
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