Capítulo 3 - O Retorno

 Luana ficou na cama durante o resto da tarde, dormindo na maior parte do tempo.

Por volta da uma da tarde, dei-lhe uma torrada com soda.

Meia hora depois, ela vomitou novamente, e se encolheu, dobrando os joelhos e reclamando de dor de estômago.Sentei-me na cama ao seu lado, esfregando suas costas.

Para o jantar, fiz canja de galinha, que ela tomou sem vomitar.

Fernando não chegou em casa antes das sete horas. 

- Oi,querida.

Disse.

– Como foi seu dia?

Acho que precisava de alguém para extravasar a ansiedade do dia.

- Terrível!

Disse, séria.

– Onde você esteve? Ele me olhou com curiosidade, sem dúvida tentando imaginar o que fizera de errado.

- Você sabe como é quando volto para a cidade, é uma reunião atrás de outra.

- Eu tentei achar você em seu ramal.

- Como eu disse, estava em reuniões. Se eu soubesse que você estava tentando me achar... 

Abraçou-me.

- Mas estou aqui, agora. Que tal se levar você e Lu para jantar fora?

Abrandei minha voz.

- Desculpe, foi um dia difícil. Luana não está se sentindo bem.Tive de buscá-la na escola. E já fiz uma canja de galinha para o jantar.

Ele se endireitou, visivelmente preocupado.

- Doente? Onde ela está?

- Na nossa cama.

Foi vê-la imediatamente. Acendi o fogão, para esquentar a canja, e segui Fernando até nosso quarto. Luana deu um gritinho quando o viu.

- Papai!

Ele se sentou ao seu lado na cama.

- Como está minha macaquinha?

- Não sou uma macaquinha.

- Você é minha macaquinha. Você é meu pequeno babuíno. Deitou-se ao lado dela, seu rosto próximo ao de Luana.

- Mamãe me disse que você não está se sentindo bem.

- Estou com dor de barriga.

Ele beijou sua testa.

- Talvez porque você tenha comido todas aquelas bananas.

- Não sou uma macaquinha! – repetiu Luana, alegre

Não pude deixar de sorrir.

Era bom vê-la feliz de novo. Luana adorava Fernando, e sentia muita falta quando ele estava fora, o que acontecia ao menos duas semanas todo mês. Eu seu favor, Fernando sempre fazia o possível para estar conosco.

Ligava todas as noites para perguntar como fora o meu dia e dar boa noite para Luana.

- Você jantou?

- Mamãe fez canja de galinha para mim.

- Estava gostosa?

Assentiu com a cabeça.

- Acho que vou tomar um pouco, se você ainda não tiver comido tudo.

Ergueu as sobrancelhas.

- Você comeu tudo, minha porquinha.

Ela riu.

- Você disse que eu era uma macaquinha.

- É verdade. Então fique na cama e não suba mais em árvores.

Ela riu mais uma vez.

- Eu não sou macaquinha!

- Era só para ter certeza.

– Fernando beijou sua testa, levantou-se e caminhou para fora do quarto, fechando a porta delicadamente atrás de si.

- O que há com ela? Parece que perdeu peso.

- Não sei. Na escola, saiu da sala com dor de cabeça, e depois vomitou.

- Ela está com febre?

- Não. Talvez seja apenas uma pequena enxaqueca, ou algo assim. Acho que até amanhã já terá passado.

Abracei-o.

– Estou feliz que finalmente esteja em casa.

- Eu também.

– Ele me beijou.

— Mais do que imagina.

E então me beijou novamente.

Beijamo-nos por vários minutos. Empurrei-o.

- Você sentiu a minha falta!

Falei, provocando-o.

- Então, a pequenina vai dormir na nossa cama hoje á noite? 

Sabia por que ele estava perguntando, e isso me alegrou.

- Não. Ela dormirá em sua própria cama.

- Que bom Senti sua falta.

- Eu também.

Disse.

– Odeio uma cama fria. 

    

- Eu também. 

Ele me beijou mais uma vez, e depois se afastou.

- Quer dizer que você fez uma canja? Tirei os cabelos do rostos.

- Sim. Já deve estar quente. Quer pão? Eu assei alguns daqueles pães congelados.

- Adoraria. alguns. Caminhamos de volta para a cozinha.

Fernando sentou á mesa, e fui para o fogão.

A canja estava começando a ferver. Desliguei o fogo e entornei uma concha em um prato.

- E então, como foi em Phoenix? Ou era Tucson?

- Ambos.

Saí-me bem nos dois lugares.

A economia está aquecida no momento, e os hospitais andam bem folgados em seu orçamento. E o clima no Arizona é fantástico, céu azul, e a temperatura fica por volta dos 20ºC. 

- Eu gostaria de ter ido. Não se deveria respirar um ar que se pode enxergar.

- É, tive um ataque de tosse no momento em que entrei no vale. Precisamos de uma boa tempestade de neve para limpá-lo. Por volta de fevereiro, a neve em Salt Lake é tão suja e cinzenta quanto a parte inferior de uma automóvel, e, com muita

frequência, o ar também. O vale de Sail Lake é rodeado pelas Montanhas Oquirrh

ao oeste, por isso, quando uma frente fria de baixa pressão avança, a poluição

fica represada ali até que uma grande tempestade a leva.

- Fico pensando se estou apanhando alguma coisa, como a Luana. Ontem me levantei cedo para malhar, mas não tinha energia. Acabei voltando para a cama.

- É provável que não esteja dormindo o suficiente. A que horas chegou esta

madrugada?

- Por volta das três.

- Eu realmente gostaria que você não dirigisse tão tarde. Não é seguro. Coloquei o prato de canja, com uma grossa fatia de pão quente, na frente de Fernando.

- Quer manteiga para o pão?

- Sim. E mel, por favor.

Peguei o prato de manteiga e o pote de plástico com o mel e os dispus sobre a mesa, perto de Fenando; e sentei ao seu lado, meus cotovelos sobre a mesa, e as bolachas apoiadas na mãos.

- Se Luana estiver doente amanhã, posso deixá-la em casa com você?

- Pela manhã eu não posso. Temos uma reunião de vendas ás nove, e depois encontrarei Dean para tentar impedi-lo de restringir meu território.

- E á tarde?

- Dou um jeito.

Colocou um pouco de mel sobre o pão com

manteiga.

- Você acha que ela ainda estará doente?

- Provavelmente não. Mas só por precaução.

Mordeu um pedaço de pão, e acompanhou-o com uma colherada de canja.

- Como está a canja? – perguntei.

- Você faz a melhor canja de galinha que eu conheço. Quase vale a pena fica doente por ela.

Sorri com o elogio.

- Obrigada.

- E como vão as coisas para as funcionárias da lavanderia? A Mel já foi contratada?

- Ainda não. Mas, em algum momento, irão acertar as coisas com ela.

- Sabe, todas essas viagens não ficam mais fáceis com o tempo – disse ele.

– É solitário ficar na estrada. Eu realmente senti sua falta nesse período.

- Eu também. Odeio a vida de esposa de um caixeiro viajante.

- Isso soa como uma musica country

Ele disse.

– Ou uma peça de Arthur Miller.

- Espero que não. A peça, ao menos. 

Sorriu e sorveu outra porção de canja.

- Eu também. A peça.

                               

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Tania Lavratti

Tania Lavratti

❤❤❤

2023-09-18

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