5. Capítulo

O dia em que me vi em uma sala de aula, o sentimento de nostalgia me pegou como se eu fosse um violão e ela uma canção. Eu sentia que o meu lugar era naquele lugar e com aquelas pessoas que assim como eu, queria mudar de vida e também salvar muitas. 

Em pouco tempo, descobri muita coisa importante que deveria nunca esquecer. Uma delas era que muitas vezes, temos que agir por instinto e claro, isso me levou direto a noite em que tomei coragem e fugi de Ian.

A faculdade que estava fazendo iria durar anos e era muito bom saber que seria bons anos já que arrumei dois novos amigos que estão na mesma sala que eu e no mesmo sonho de se tornarem médicos um dia.

João: Você viu que semana que vem vamos conhecer um necrotério? 

Guilherme: Nem me fale, parece meio sombrio, mas com sorte conseguimos praticar em pessoas sem vida. O que se faz muito no…

Júlio: Não, você não vai continuar. Temos que focar na semana que estamos. Cada dia nessa sala é como uma grande prova, não se esqueçam que é um vacilo, não entramos em nenhum programa de residência. 

Júlio estava com a razão, mas eu às vezes desejo que ele fosse mais sensível como João e eu estamos em um nível Hard.

Guilherme: Tá, mudando de assunto. Quem vai pagar as pizzas de hoje a noite? 

João: Eu paguei pela última vez.

Júlio: Que mentiroso! Deixa que eu pago dessa vez, Guilherme. 

João: Claro, tem que pagar mesmo. Você é o mais cheio da grana do grupo. 

Júlio: Calado! Vou fazer o pagamento apenas porque o Guilherme esperava pela noite da pizza a dias e eu não quero quebrar nosso círculo vicioso de ligar para a mesma pizzaria só para receber das mãos do mesmo motoqueiro que sim, deixa nós três de cueca melada. Então hoje tem, bebê.

Isaque espera do lado de fora da universidade para me levar para casa. Quando os meus  Guilherme o vê, começa a questionar quando o nosso relacionamento vai ser oficializado e  eu repetir o que sempre digo para todos que fazem a mesma pergunta. 

Guilherme: Ele é o meu anjo da guarda, nunca pensamos em encarar um relacionamento. 

João: Claro, você só encarou a cama dele. 

Júlio: Não seja idiota, João.

Guilherme: Não, tudo bem! Eu já estou acostumado com as idiotices que o nosso amigo sempre solta de sua boca. 

Me despeço dos amigos e me aproximo de Isaque que me leva direto para casa. Quando passamos pela porta, vejo a sala toda decorada e percebo que o amigo quer ter uma noite especial com ele.

Juntos, nós escolhemos o meu filme favorito que é “O diário de Bridget Jones” e não importa todas as vezes que eu já viu esse filme, eu encontro o riso e faço com que Isaque também sorria em sintonia.

Isaque: Eu estava pensando em você essa manhã. Acho que não estou acostumado em não lhe vê no hospital e sim um substituto que não se parece com esse jeito meigo que você tem e que ganha todos ao seu redor.

Guilherme: Olha, ele deve limpar muito melhor do que eu e obrigado por isso ser você dizendo que sentiu a minha falta essa manhã.

Isaque concorda comigo.

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