CAPÍTULO 2

Meu primeiro dia de trabalho foi melhor do que eu poderia imaginar. Dona Luiza, sempre elegante e gentil, elogiou meu uniforme logo que me viu, dizendo que eu estava linda. Fiquei sem graça, mas aquele gesto logo me deixou à vontade.

Sofia, a menininha de dois anos que eu cuidaria, era um encanto. Bastaram poucas horas para criarmos um laço especial. Brincamos a tarde inteira e, quando a noite chegou, dei banho nela, jantamos juntas, e a deixei aos cuidados de dona Luiza. Apesar de ter um quarto digno de princesa, Sofia ainda dormia com a mãe. E tudo bem — eu já amava cuidar dela, mesmo que fosse só durante o dia.

Organizei as coisas para o dia seguinte com o coração leve. Os dias passaram num piscar de olhos, e, quando percebi, já fazia três meses que eu estava ali. Sofia me amava, e o sentimento era totalmente recíproco. Eu me sentia útil, querida... quase em casa.

Mas tudo mudou de repente.

A rotina tranquila da mansão virou um redemoinho de movimentação com a notícia de que o filho de dona Luiza estava voltando de Nova York. Fernando Salvatore. O nome dele era falado com certo orgulho, mas também com cuidado — como se ele carregasse segredos. Confesso que fiquei nervosa. E se ele fosse arrogante? E se não gostasse do meu jeito simples?

Minha tia, percebendo minha ansiedade, colocou a mão no meu ombro e sorriu:

— Fica tranquila, Catarina. Ele é muito educado. Você vai ver.

Alguns dias depois, ele chegou... e não estava sozinho.

Quando o vi pela primeira vez, fiquei paralisada. Fernando era mais do que bonito. Era magnético. Alto, postura firme, olhar que atravessava a alma. O tipo de homem que entra em um lugar e muda o ar. Ao seu lado, estava Alexandra Lisboa — sua namorada. Uma mulher elegante, mas com um ar arrogante. Era daquelas que não precisavam dizer nada para mostrar que se achavam superiores.

Eu estava com Sofia no colo quando ele se aproximou. Sorriu e pegou a menina nos braços com carinho. Começou a brincar com ela como se fosse a coisa mais natural do mundo. Seu perfume era marcante, envolvente. Ele se apresentou com um sorriso gentil:

— Prazer, Catarina. Eu sou Fernando.

Claro que eu sabia quem ele era. Mas nada — absolutamente nada — me preparou para conhecê-lo ao vivo. Alexandra, por outro lado, nem me olhou. Fingi que não liguei e fui ajudar minha tia na cozinha, com o coração acelerado.

Enquanto trabalhávamos, tia Maria me lançou um olhar e disse:

— Essa tal de Alexandra se acha só porque tem dinheiro. Dona Luiza não é muito fã dela, não. E, se quer saber, acho que Fernando também não.

— Ué, tia... mas eles namoram, né? — perguntei, ainda confusa.

Ela deu uma risadinha:

— Ah, Catarina... esses ricos misturam amor com interesse. É um tal de negócio aqui, sociedade ali... Tudo calculado. Mas quer saber? Desde que Fernando te viu, acho que as coisas vão mudar.

Fiquei sem reação. Ri, meio sem graça. Mas guardei aquelas palavras.

Foto de Fernando

Foto de Alexandra

À noite, enquanto dava banho em Sofia, ela me contou o quanto estava feliz com a volta do irmão. Escovei seus dentinhos e a coloquei para dormir no quarto de dona Luiza. Quando fechei a porta devagar, dei de cara com Fernando. Ele saía do quarto dele, distraído no celular, e acabamos esbarrando.

Meu corpo se chocou contra o dele, e, por um instante, tudo ao redor pareceu silenciar. Ele me segurou pela cintura, firme, para evitar que eu caísse.

— Me desculpa — disse ele, sorrindo de lado, daquele jeito que parece roubar o fôlego.

Saí quase correndo, completamente sem jeito, mas com o coração disparado.

O fim de semana foi tenso. Alexandra, que deveria ter voltado para o Rio, resolveu estender a visita até segunda. Ouvi, sem querer, uma briga entre os dois. Ela falava alto:

— Aquela garota tem cara de piranha! Vai dar em cima de você, quer apostar?

Doeu. Doeu como se tivessem jogado sujo com a minha dignidade. Mas o que me surpreendeu foi a resposta dele:

— Para com isso, Alexandra. Já deu. Suas paranoias estão me sufocando.

Na segunda, ela finalmente foi embora. Respirei aliviada.

Mais tarde, enquanto brincava com Sofia na brinquedoteca, Fernando apareceu. Ele se sentou conosco e participou da brincadeira. Sofia adorava ele. E eu... tentava não tremer cada vez que ele me olhava. Quando tentei sair da sala, ele me chamou:

— Vai pra onde? Não precisa fugir de mim. Eu sou legal... assim como minha mãe.

Sorri, meio tímida, e fiquei. Ele quis saber mais sobre mim, e eu contei um pouco — o suficiente para perceber o quanto sua atenção era genuína. Quando a tarde terminou, Fernando me estendeu a mão para ajudar a levantar. Seus dedos tocaram os meus com suavidade.

Aquele homem mexia comigo de um jeito que eu nunca tinha sentido. Mas eu precisava manter o foco. Ele era meu patrão. E comprometido.

Mesmo assim, era impossível negar: alguma coisa em mim já tinha mudado desde que ele chegou.

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Ariana Alencar

Ariana Alencar

Comecando a ler dia 14/09/24

2024-09-15

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Maria Joana Cunha Costa

Maria Joana Cunha Costa

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