CAPÍTULO 5

Bonnie percebeu o sorriso da amiga e seu rosto começou a corar, no entanto Abbey parecia ter gostado do que ouviu.

— Interessante. — Abbey fazia um semblante de pensativa. 

— E então? Qual a solução? — Bonnie estava muito ansiosa.

— Vocês podem começar indo a uma boate liberal.

— Isso aí não é aquelas coisas onde todo mundo transa com todo mundo? — O rosto de Bonnie era uma mistura de nojo e medo.

— Você quer dizer suruba? — Perguntou dando gargalhadas.

— Isso! 

— Também tem, mas não é apenas isso. Ninguém é obrigado a fazer nada que não queira, eu fui e quis participar. — Abbey faz um olhar de excitação. — Vocês podem apenas observar tudo. A primeira vez é um pouco chocante pra quem não está acostumado, mas pode ser divertido para vocês como casal. Vocês verão tantas possibilidades.

— Será mesmo, amiga?

— Acho que sim. Não custa nada tentar, não é?

— Isso é verdade. E você tem alguma sugestão de boate?

— Tenho a Red Horse Club. 

— Red Horse? Nunca ouvi falar.

— É bem conhecida. Seria o lugar perfeito para vocês irem. Garanto que vocês irão gostar muito.

— Vou ver o que farei…

— Como assim? Você não me chamou até aqui exatamente para isso? Como agora diz que vai ver?

— Sim. Chamei, mas não sei o que o Jordan vai achar. Ainda tenho um pouco de medo.

— Medo do que? Se seu casamento  realmente está frio, o que você tem a perder? Coloque o marido aos seus pés e o leve. Deixe claro que que só existe uma única opção.

— Você tem razão. Obrigada pela ajuda.

— Não precisa agradecer. Só me diga depois o que achou.

— Pode deixar! Farei isso. — Ela sorri para a amiga. — E o que anda fazendo da vida?

— Além de trabalhar? O de sempre. Transando muito. — Abbey dá uma risada alta.

— Você realmente não mudou nada. Continua doidinha.

— E você também não mudou nada. Continua linda.

Bonnie faz uma pausa pensando que iria responder e é encarada por Abbey que mantém um sorriso nos lábios, sorriso esse, que Bonnie conhecia muito bem. No entanto, por maior que fosse a insinuação, Bonnie não cederia, como nunca o fez. Ela sabia que sua amiga sempre provocava, era algo impulsivo.

— Obrigada. Você também está.

— Bom… Acho que meu trabalho aqui acabou. — Abbey sorria. 

— Já vai embora, amiga?

— Sim. Preciso fazer compras.

— Entendo. E novamente, muito obrigada. 

— Não precisa agradecer, a única coisa que eu quero é que caso vocês decidam ir, me diga depois como foi tudinho, combinado?

— Combinado.

As duas amigas se despediram. Bonnie sentiu algo que descreveu como, uma fraca dor de barriga, a ideia de Abbey era maluca e ao mesmo tempo excitante, mas ainda não tinha total certeza se teria coragem de sugerir ao seu marido, muito menos coragem para ir nessa boate.

Essa dúvida persistiu em sua cabeça durante o resto do dia, ficou martelando enquanto ela fazia seus afazeres domésticos.

A cada momento que olhava no relógio e via que em breve seu marido estaria em casa, sentia a apreensão tomar conta de seu corpo. Ficava pensando em como ou quando falar.

Provavelmente Jordan não levaria a sério, soltaria algumas gargalhadas e depois ficaria olhando para sua cara até perceber que era sim, muito sério. Nessa fase, Bonnie não sabia qual seria sua reação, podia ser absolutamente qualquer uma. Então, ela tentava se preparar para cada resposta, principalmente a negativa.

No entanto, e se ele achasse a ideia boa? Como ela lidaria com isso? Bonnie ainda não havia pensado nisso, mas como ela saberia lidar? Eram respostas que ela poderia ter comentado com Abbey, mas no momento tudo pareceu tão incrível e novo.

Agora esses questionamentos haviam deixado Bonnie um pouco preocupada. Afinal, provavelmente haveriam mulheres lindas e nuas, transando com todo homem disposto. Jordan poderia ser um deles, e caso fosse, qual seria sua reação? Bonnie sabia que nunca seria convencida a transar com outro homem, mas não podia ter a mesma certeza de Jordan no caso com outra mulher.

De repente todo o frio na barriga se transformou em uma azia. Pensar nessas possibilidades não tinha sido uma boa. Olhou novamente as horas e sentiu uma pontada no coração, Jordan chegaria a qualquer momento e por isso não teria muito tempo para se decidir.

Bonnie começou a se culpar por ser tão indecisa e insegura, nem havia colocado em prática seu plano de resgate do casamento e tudo já estava em ruínas, então enquanto sua cabeça fervia, escutou o carro de seu marido chegar.

Rapidamente tentou se recompor e arrumou a mesa de jantar. Fingindo que tudo estava absolutamente normal, ela recebeu com um largo sorriso, seu marido.

— Boa noite, amor. Como foi seu dia?

— Cansativo e estressante como todos os outros. — Respondeu recebendo um beijo da esposa.

— Imagino. Vá tomar um banho, ajuda muito a relaxar. Quem sabe depois você não ganhe uma massagem… — Falou insinuativa.

— Obrigado, mas estou tão cansado que não sei se conseguiria me manter acordado. 

A forma fria do marido lidar com a situação a incomodou. Se já não bastasse tê-la deixado na mão na noite anterior, agindo com pouco caso tentando arrumar desculpas para não receber carícias da esposa era uma coisa que Bonnie nunca esperaria. Na sua cabeça, o mínimo que seu marido deveria fazer era se redimir, não criar mais desculpas.

Enquanto Jordan tomava seu banho quente e relaxante, uma raiva crescia dentro da mulher. Se antes havia receios, agora a certeza dominava seu interior.

Se havia algo que ainda pudesse salvar seu casamento era sugerir aquilo, e um não de Jordan não seria uma opção. Bonnie então se sentou na mesa à espera de seu marido. Seu semblante era de poucos amigos, o que facilmente foi percebido quando seu marido sentou-se à mesa.

Alheio ao motivo, Jordan caiu na burrice de perguntar o motivo daquele olhar, fazendo assim o que sua esposa estava aguardando, desabafar parte de sua insatisfação com o marido.

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