CAPÍTULO 4

Seus dotes culinários ou sua rotina de dona de casa não a credenciava para tal conhecimento, mas havia uma saída, sua amiga Abbey.

Bonnie poderia usá-la como fonte de consulta, uma pergunta ou outra não faria mal algum, mas havia um pequeno detalhe nisso, Abbey era louca para ficar com Bonnie. As duas tinham uma amizade de anos e durante todos esses anos Abbey tentou ficar com a amiga. Assumidamente bissexual, Abbey tentou de todas as formas convencer Bonnie e uma vez quase conseguiu. As amigas tinham ido juntas a uma festa da faculdade, depois de curtirem a noite, Abbey convenceu Bonnie de dormir em sua casa, as duas haviam bebido muito, mas Abbey já estava acostumada e o tempo todo estava no controle conduzindo a situação a sua maneira

Bonnie, que já estava alcoolizada, ficava a todo momento rindo, sentada no sofá, aparentemente correspondia às brincadeiras da amiga, então Abbey viu uma possibilidade de conseguir o que tanto desejava, ter finalmente Bonnie em sua cama. Após algumas pequenas trocas de carícias o clima começou a esquentar de vez, então quando Abbey se preparava para despir Bonnie a garota desmaiou de sono. O sentimento de frustração dela era grande, porém não deixou de rir da situação e sentiu-se a pessoa mais azarada do mundo, ela sabia que dificilmente teria outra chance.

Abrir esse leque com sua amiga poderia fazê-la entender errado, mas Bonnie entendeu que era um risco calculado e também sentia saudades da amiga, que por questões óbvias, tinha se afastado após seu casamento. Com seu celular em mãos, ligou para ela:

— Alô.

— Alô, tudo bem, Abbey?

— Bonnie?! Que surpresa adorável.

— Pois é. Faz tempo que não nos falamos.

— Bota tempo nisso. Finalmente você se lembrou de mim, aconteceu algo?

— Nossa, Abbey! Assim me sinto tão mal. Quem se afastou foi você.

— Estou brincando, relaxa. — Abbey deu uma breve risada. — Ligou por que finalmente resolveu se entregar para mim? — Dessa vez ela ri alto.

— Para com essas coisas, menina. Você sabe que eu gosto de homem.

— Não foi bem isso naquela vez depois da festa…

— Faz tanto tempo que a data de validade venceu. — Agora era Bonnie que ria.

— Lisa igual um lambari. Então, se não é isso, me ligou por quê?

— Eu queria que você viesse em casa. Estou com problemas no casamento e eu preciso de umas dicas suas.

— Ah! Entendi… Problemas no paraíso. Mas como eu poderia ajudar? A última pessoa do mundo que pode te aconselhar sobre relacionamentos, sou eu. Não acho que teria capacidade nisso.

— Bom, deixa que eu decido isso. Você pode vir, aqui em casa?

— Posso. Não tenho nenhum compromisso por agora.

— Se você não puder, sem problema. Combinamos outro dia.

— Tranquilo. Eu posso ir. Em meia hora eu chego aí.

— Obrigada. Estarei aguardando.

Conforme dito, Abbey não demorou muito para chegar. Quando a campainha tocou ela já estava de pé próximo a porta, quando abriu a porta as duas deram um longo e forte abraço. A primeira coisa que Abbey sentiu foi o perfume da amiga, mas achou por bem guardar para si. Bonnie estava um pouco ansiosa, não por fazia ideia onde o assunto levaria, então tentando não transparecer sua hesitação, se manteve calma.

— Vamos ficar paradas aqui de pé? Vamos nos sentar.

— Claro. — Abbey olhava tudo ao redor e ficou maravilhada com toda organização. — Sua casa é linda!

— Obrigada. — Bonnie soltava um sorriso. — Quer beber algo? Suco, talvez soda?

— Aceito um copo d'água.

Bonnie foi até a cozinha para pegar a água e Abbey a seguiu enquanto falava sem parar:

— Adorei sua cozinha! A minha é tão pequena.

— Resolveu ficar solteira o resto da vida? — Ela entrega o copo com água para a amiga.

— Bonnie, já pensei tanto nisso. Tem dias que acordo e penso, preciso de alguém para me fazer companhia, mas em outros dias acordo e penso, posso ter uma companhia diferente da outra todos os dias se quiser… — Ela pausa e toma a água. — Acho que prefiro minha liberdade.

As duas se sentam na cadeira da mesa e Abbey mantém um sorriso nos lábios.

— Acho que agora entendo um pouco você. Criei uma fantasia na minha cabeça, sabe aquela coisa da perfeição? Foi o que vislumbrei quando resolvi casar. 

— Bom… Você sempre soube minha opinião.

— Eu sei disso Abbey, mas não é que estou arrependida, sei lá… Sabe quando você está numa estrada e de repente aparecem obstáculos e você vai desviando um atrás do outro, mas se distrai e quando percebe está fora da estrada? É como me sinto. Fora do caminho, perdida e tentando me encontrar.

— Entendo amiga. — Abbey sorria gentilmente para Bonnie. — Mas ainda não entendi uma coisa.

— O quê?

— Como poderei ajudar você?

— Sobre isso… Bem… Como posso explicar?

— Não sei, mas diga logo, mulher.

— Tá bom. Eu pensei algo no sentido de você sugerir algo.

— Por exemplo?

— Alguma coisa para esquentar a relação com o Jordan, ela anda meio fria. — Seus olhos desviaram do olhar da amiga. — Ah! Não sei Abbey, você que entende muito mais do que eu.

— Entendo. Mas antes me explique. Esfriaram como? Qual nível?

— Estamos um pouco distantes.

— Ele não tá te comendo, é isso?

— Puxa! Você é direta mesmo. Mas é isso. — Bonnie sorria de nervoso.

— Então… Nessas circunstâncias acho que talvez eu tenha uma solução.

— Jura?!

— Sim, mas antes quero que me responda com toda sinceridade.

— Ok! Sobre o quê?

— Como surgiu essa sua ideia? 

— Preciso realmente falar isso?

— Sim.

— Aí que vergonha.

— Para de fazer drama. Diga logo.

— Eu estava assistindo um filme na televisão e de repente começou a passar uma cena de sexo. Continuei assistindo e o casal do filme fazia coisas diferentes para aquecer a relação. Por alguma razão essas coisas foram me deixando excitada e quando percebi estava me tocando.

Abbey levou a mão a boca, pois era estranho e ao mesmo tempo divertido ouvir esses tipos de confissões da amiga.

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