Amor Condensado
Estou parada na porta do apartamento completamente travada, não acredito ainda que precisei sair da casa da minha avó pela minha segurança, aquele médico que não deve estar muito bem da cabeça, eu apenas estou triste, custa respeitar isso?
Olho para Kiki que apenas me encara de volta com aqueles olhos pidões dela, não nego que ter ela como meu animal de assistência emocional foi uma ótima indicação, mesmo ele sendo relutante com a Kiki que já foi devolvida três vezes. Eu já a amava antes, imagina depois que recebi essa informação, estamos em observação, isso mesmo as duas tanto eu, como a Kiki, o que me faz rir toda vez.
— Pronta para nossa nova vida? — pergunto respirando fundo olhando para Kiki que não lati, apenas abana o seu corpinho minúsculo em resposta.
Kiki é um pinscher zero da cor preta com as patinhas caramelo, ela não é filhote, mas também não é idosa, tem seus dois anos já e foi infelizmente devolvida três vezes pelo seu comportamento com seus donos ou pacientes como preferir, ela apesar de ser um animal de assistência emocional, é bem esquentada e protege seu dono até dele mesmo se for necessário.
Entro naquele apartamento vazio, apenas com os móveis planejados e eletrodomésticos na cozinha, o apartamento não é pequeno, mas também não é grade e de acordo com meu médico ele fica mais próximo caso precise me socorrer.
— Idiota… Kiki, ele realmente acredita que vou tirar minha vida — Kiki morde meu pé em resposta me fazendo rir — Eu só estava quieta, não ia fazer isso, ainda mais agora que tenho você — aperto ela contra meu corpo, mesmo sabendo que ela não gosta e escuto seu resmungo me fazendo rir — Vem vamos conhecer nosso novo lar.
Vou abrindo as janelas e logo o vento está passeando por todo o apartamento, viemos mais cedo que a mudança que deve chegar amanhã bem cedo, não trouxe muita coisa afinal os móveis já têm aqui, mas ainda, sim, não dava para trazer tudo de carro.
A noite passou rápido e logo cedo já estava recebendo minhas coisas em meu novo lar, não reformei e nem pretendo, mas quero deixá-lo mais com a minha cara e com a decoração consigo fazer isso, assim que todos vão embora, saio também afinal preciso abastecer os armários.
Estou ainda utilizando a herança que minha avó me deixou, mas agora com essa mudança de cidade, casa e até mesmo vida retomarei a faculdade, pois falta apenas 6 meses para terminar, estou de olho em uma grande empresa com filial aqui em Londrina e é nela que quero trabalhar.
Com tudo em seu lugar e nós duas devidamente alimentadas, começo a minha lição de casa que é conhecer a empresa, seus fornecedores, costumes e funcionários. Já na faculdade foi mais tranquilo retornar, afinal ainda mais com a carta de recomendação dos médicos que estão me controlando de perto.
Hoje tenho consulta com um dos psicólogos, nunca vou animada e hoje não seria diferente, mas por incrível que parece até mesmo a Kiki não está animada para sair de casa, mas se tenho que ir ela vai junto.
— Nari Kiyoshi — escuto a secretária me chamar e respirando fundo vou até ela sorrindo fraco para tentar ser mais simpática.
— Boa tarde, Nari, como está hoje? — o médico já começa a me perguntar assim que sua secretária fecha a porta.
— Está apressado hoje, tem compromisso? — não ouso olhar em seus olhos, mas sei que ele está me repreendendo.
— Achei que já tínhamos passado dessa sua fase ácida.
— Ela só retorna quando sou obrigada a falar, sentir e agir como os outros esperam.
— Nari — ele respira fundo para manter a calma e olha que este é o mais calmo — Você precisa entender que passou muita coisa e a maioria é traumática, no entanto, você não expressou nenhum sentimento com esse último acontecimento.
— A morte da minha avó? Você pode falar não é um assunto que evito.
— Mas evita sentir.
— Engano seu doutor, eu senti, mas não vou ficar chorando pelos cantos, quando consegui demonstrar todo o meu amor e carinho por ela enquanto estava viva.
— Sua palavra final?
— Sim, a mesma que venho repetindo a três meses, vocês estão procurando ações que não tem, não vou me matar, não seria nada honroso com ela.
— Nari…
— Não, doutor, você queria que eu falasse, estou falando agora, vocês me pediram para me mudar para Londrina, eu me mudei, me pediram para ter um animal de assistência, eu arrumei, inclusive em um local a sua escolha.
— Nari, você escolheu um pinscher que por natureza já é mais enérgico e ainda por cima, você quis a Kiki — nessa hora ela sai de dentro da bolsa e começa a rosnar para o médico que a olha espantado — Ela não latiu ou avançou…
— Está vendo, o problema nunca foi ela, assim como eu também não sou um problema.
— Nunca disse isso.
— Você pode não ter dito, mas os demais sempre fazem questão de deixar isso claro.
— Isso lhe incomoda?
— Me incomoda você usar minha fala contra mim — ele acaba rindo baixo, negando com a cabeça.
— Como está sua nova casa?
— Arrumada e habitável, se quiser conferir…
— Não preciso disso, confio em você — era a primeira vez que ele falava isso olhando em meus olhos, não nego que isso realmente mexeu comigo.
— Retornei com a faculdade, esse será o último semestre.
— Já tem algum emprego em vista? — nego com a cabeça.
— Apenas uma empresa — ele me olha curioso e acabo sorrindo com isso, afinal ativei seu lado fofoqueiro — Solutte Tecnologia.
— É uma ótima empresa, tem filial aqui em Londrina.
— Está escondendo algo.
— Está me analisando agora? — dou de ombros o fazendo rir — Mas está certa, sei que irá abrir uma vaga de assistente e se me permitir gostaria de te indicar para o cargo.
— Está realmente falando sério? — minha empolgação o faz sorrir e Kiki se pôr em pé olhando ao redor.
— Sim, mas existe a possibilidade de se mudar novamente…
— Não tem problema, eu vou adorar que me indique.
— Então assim será feito.
Saio do consultório quase cantarolando de tanta alegria e ansiedade, mais do que nunca agora quero finalizar logo essa faculdade para não ter nenhum atraso ou barreira para a vaga.
(Nari Kiyoshi)
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Atualizado até capítulo 108
Comments
Ameles
É uma raça maioria esquentada, nunca vi sendo utilizada como animal de apoio
2024-11-17
0
Aninha
começando mais uma 😉
2024-08-08
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Maristela Sagradin
Eu tinha uma Pincher misturada com vira lata era meu grude ninguém chegava perto de mim kkkkk
2024-06-19
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