Cerejeira e cookies

Andamos pela cidade até o parque. Durante o percurso seguimos a conversar pelos mais diversos assuntos, perguntei-lhe como está a ser seus dias por aqui e as suas impressões sobre Magnólia.

- Eu gostei das paisagens e como há bastante árvores nas ruas, as casas são clássicas e antigas, mas não há nenhuma em mal estado!

A sua forma de falar cativa-me, sinto um cheiro floral saindo dos seus cabelos azul contra o vento. O seu rosto está levemente avermelhado por conta da caminhada e os seus olhos... amo os seus olhos.

Me peguei a pensar em como era fácil para conversar com ela, a ansiedade que estava a sentir antes foi a diminuir ao ponto de sumir. O sorriso dela é lindo!

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(Visão da Julia)

Estava deitada lendo um livro que peguei emprestado da Levi, após ela me fazer um questionário sobre gêneros literários favoritos; além de assinar um documento afirmando que irei devolver o livro em bom estado.

O livro se tratava de um amor impossível, me imaginei dentro da história lutando contra a diferença de castas sociais e descobrindo sobre o amor, meu futuro marido. Quando percebi estava em prantos.

De repente o meu celular tocou, um número desconhecido. Atendi, mas a pessoa do outro lado apenas desligou. Achei um pouco estranho, mas continuei a minha leitura.

Passando alguns minutos chegou uma mensagem do Gray e quase enfartei.

Depois do susto lembrei-me do que a Mira disse-me, provavelmente ele queria contar-me sobre aquela noite.

Mesmo que soubesse queria ouvir dele; tinha tantas perguntas e apenas ele pode responder.

Aceitei encontrar-me com ele sem nem pestanejar, depois bateu-me um nervosismo. O que vou usar? Como vou usar o cabelo?

Ser mulher nestas horas é tão difícil a tantas possibilidades, mas dúvidas sobre tudo o que escolheu também surgem.

A minha sorte foi que a Mira chegou em tempo de salvar-me da pilha de roupas que me enterraram. Estava só com os braços aparentes.

(Mira) Julia? Menina cadê você? O que aconteceu aqui? Eu sei que deixei uma zona aqui, mas não era tanta!

- Mira! Estou aqui! Como isso aconteceu? Saí com a Lacy, fiz uns ‘cookies’ para agradecer o Gray e do nada ele tem o meu número... amanhã vou sair para conversar com ele!

(Mira) Não posso acreditar! Sai por 3 horas e você tem um encontro! Ele provavelmente pediu o seu número para alguém... Não fui eu...(acena)

Ela ajudou-me a escolher uma roupa para amanhã. Estava mais nervosa que qualquer coisa.

Passei a noite acordando de hora em hora, o meu medo era de dormir e perder o nosso encontro. (Sei que não é do tipo encontro romântico, mas não consigo controlar)

Quando amanheceu comecei a minha rotina para estar a mais bonita que consigo. Quero ver se o que as meninas falaram é verdade e se está interessado em mim.

Lavei os cabelos com um shampoo floral, fiz uma limpeza de pele, passei um esmalte nas unhas e por fim meu perfume favorito.

O meu sorriso estava de orelha a orelha. Acabei de arrumar-me ainda faltava 20minutos para o horário combinado, então ajeitei novamente aos ‘cookies’ na embalagem tentando deixar eles o mais apetitoso que consegui.

Quando ouvi o som da campainha comecei a sentir borboletas no meu estômago. O nervosismo fez-me esquecer a embalagem e tive que voltar a correr para pegar. Quando desci as escadas e o vi corado tive certeza, ele sente algo.

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(Visão do Gray)

- Chegamos!

- Nossa é tão bonito! Como não havia conhecido antes?!

- É um pouco distante do seu alojamento, também é fora da rota para a escola.

- Entendo! Então vamos sentar aonde? Acredito ser melhor pegar uma sombra, parece haver muitos bancos!

- Vou te levar até o meu lugar favorito neste parque!

Andando através dos caminhos pelo parque podia se ver pessoas de todas as idades. Idosos aproveitando o bom tempo para alimentar os pássaros; famílias inteiras sentadas em toalhas no gramado a sombra de uma cerejeira, curtindo um piquenique. Além de crianças correndo e brincando juntas como se fossem melhores amigos há muitos anos.

Levei a Julia até o meu local favorito naquele parque. Um lugar do qual tenho muitas lembranças felizes, como uma criança um pouco travessa que sempre voltava para casa com os joelhos ralados.

- Meus pais traziam-me aqui para brincar!

Quebrei o silêncio. Não acredito que seja a hora de falar deles, acabei por ficar afogado em lembranças.

Dia ensolarados acompanhados por lanches que minha mãe fazia, meu pai sempre comprava um sorvete como sobremesa no final do passeio. Ver eles dois sentados abraçados olhando o horizonte, como sinto saudade!

A Julia não me perguntou sobre eles, apenas sorriu.

- Eu gostaria de ficar aqui por mais tempo. Gostei da paz que esse lugar transmite!

Tomei coragem para falar o que me trouxe aqui. Espero que ela compreenda que não estive envolvido e não fezeram por maldade, ele é apenas...meio idiota.

- Julia chamei-te aqui para falar sobre o que aconteceu, quando você voltava da casa da Lacy. Peço que você me ouça primeiro!

- Tudo bem Gray, estamos aqui para isso não é?

- Sim, então achei muito estranho você ter sido seguida. Com o fato de chegarmos juntos à Mira e o Linus no seu dormitório.

— ...(observa atentamente)

- Após voltar ao meu dormitório e questionar os meninos, descobri ser bem provável que seja um deles. Não que pensaram em fazer algo por maldade... Longe disso!

- Você sabia que seria eles?

A pergunta dela gelou o meu sangue.

- Não sabia! É a mais pura verdade... queria-lhe contar para não ter mau entendimento entre vocês. Eles apenas queriam ajudar-lhe a achar o caminho sem se perder!

Por favor, entenda! Não quero te ter longe de mim.

- Talvez tivesse uma forma melhor, mas entendi o porquê dessa conversa. Você importa-se de verdade com os seus amigos!

Ela parou de falar e começou a observar às flores caírem da cerejeira que estava acima do nosso banco. O Sol começará a se pôr em tons alaranjados e o perfume das flores tomaram conta do ar.

Quando pensei que ficaríamos naquele silêncio ela disse:

- Gray, eu soube pelas meninas o que aconteceu e tenho certeza que o Liang não fez por mal. Aceitei vir aqui para ouvir a sua parte da história e também...(cora)

Deveria ter imaginado que seria o "Cabeça de vento", poxa Liang não dá para lhe ajudar.

Retirando uma embalagem da sua bolsa e entregando-me numa velocidade incrível.

- Fiz esses ‘cookies’ como agradecimento pela sua ajuda!

(abrindo a embalagem)

— (corada) Não ficaram tão bonitos por que foi a minha primeira vez fazendo algo assim. Mas tenho certeza de que está gostoso... pelo menos a massa crua estava!

Foi muitas informações num só momento, acabei por ficar um pouco estático. É de todos os rapazes que foram o único que não conversei sobre era o Liang.

(Deveria desconfiar que só aquele cabeça de vento faria algo assim! Aparecer atrás dos outros no meio da noite correndo, sem nem pensar em chamar pelo nome.)

- Obrigado, vou experimentar um agora mesmo!

Aparência deles estava um pouco estranha, eu assumo. O gosto surpreendeu-me, pensei que estaria ruim.

- Nossa que gostoso...(de boca cheia)

- Aiii que bom! Estava com medo de ter errado na hora do forno.

Estavam crocantes e macios no centro. Não estava tão doce! Como ela acertou?

- (risos) Julia você é uma garota engraçada! Acredito que vamos ser bons amigos.

Quero estar perto dela, ainda mais perto...

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