Juventude e inocência

(Visão da Julia)

Conversamos ao longo do caminho para o parque, comecei a pensar sobre o que as meninas falaram-me. Sinceramente ele não estava com dificuldade para iniciar um novo tema de conversa.

Sempre puxando um assunto diferente, me mostrando a rua da escola, às lojas de roupa que são novas, os lugares onde praticam atividades físicas. Quando finalmente chegamos na entrada do parque.

Um grande arco de pedras amarelas, bem arborizado e com um letreiro de metal escrito: 'Parque Municipal: Coração de Magnólia'.

Nome meio estranho, mas tudo bem!

Fiquei impressionada com a beleza daquele parque, ornamentando os seus caminhos com magnólias por toda parte.

Entendo o motivo da cidade se chamar assim são árvores belíssimas quando estão em floração.

Pesquisei o significado delas; "amor pela natureza", também à (significado) nas suas cores. As do parque eram rosas, ou seja 'juventude e inocência'.

Estava perdida em pensamento, lembrando da linguagem das flores quando o Gray comentou sobre os pais dele.

Após escutar sobre o passado dele, não me acho íntima o bastante para perguntar nada. Mudei de assunto e percebi a tensão sumir dos seus ombros.

O deixei se recuperar das suas lembranças, estava visível a tristeza de sua voz.

Finalmente chegamos ao tema que nos trouxe até aqui, fiz alguns questionamentos. Queria entender mais sobre a relação dele com os amigos, o fato do outro dia já estava resolvido para mim.

Gostei dele cuidar dos seus amigos, em simultâneo, que não apoia o erro. Sendo raro está atitude, ele é mais maduro do que esperava.

Notei que sentamos na única cerejeira que avistei desde que entramos, o pôr do Sol estava lindo e o perfume das flores ao redor começou a se propagar pelo ar.

Lembrei haver outro motivo para ir até lá, os meus ‘cookies’. Respirei fundo e tomei coragem, realmente não acredito que está gostoso.

Fiquei muito tensa quando experimentou, espero que não passe mal ou cuspa. Por favor goste! Por favor!

Então como assim ele gostou e ainda disse que podemos ser amigos. (Primeiro a amizade depois… NAMORO?)

Sorri por suas palavras, finalmente estou mais próxima dele. Não acreditava em amor à primeira vista, mas paguei a língua... estou apaixonada.

- Vamos ser amigos, sim!

Aproveitamos mais um pouco o clima no parque para conversar. Gray contou-me sobre a escola, os professores mais difíceis de lidar e as melhores aulas; sobre o nosso grupo de amigos.

Em especial o fato do Liang ser uma cabeça de vento, o Gael ser estourado e adorar disputas, o Jerady que não gosta de multidões. Ele começou a contar sobre o seu colega de quarto Lion e as quatro namoradas, como ele insiste em mexer nas suas coisas e que não sabe o que as meninas viram nele.

- Os olhos dele são tão puxados e a distância deles para o nariz é enorme. É muito errado o que faz com elas!

- Elas não sabem, suponho.

- Sabem que não são únicas, não consigo entender.

- Melhor parar de tentar, só quem está dentro pode.

Pegamos o caminho de volta para o meu dormitório, afinal amanhã já é segunda-feira. Ainda tenho que arrumar as coisas para a próxima semana, estou mais calma depois de tudo esclarecido.

O caminho de volta pareceu mais curto do que a ida, contei para ele sobre a minha outra escola.

Como era escura sua fachada, não havia jardim. Era puro concreto, o uniforme verde-militar não era bonito. Além de incentivar a disputa por notas, com uma prova de classificação mensal.

- Não gostava de lá! A única coisa boa que me ocorreu, foi a minha colega de quarto Carmem. Se não fosse o Diretor Makov...

- Aconteceu algumas coisas que não gosto de mencionar. Mas ele salvou-me de certa forma!

Ele foi uma luz que me guiou quando tudo estava escuro e já não sabia para onde seguir. Uma fagulha de esperança!

- Tudo bem, não precisa contar-me se te incomoda. Sou a pessoa que mais entende sobre assuntos delicados!

Agora que conheço a sua história, sei o peso que essas palavras que saíram de sua boca tem para sua própria vida.

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(Visão do Gray)

Entendo que a situação dela não é simples, o diretor nunca colocaria ninguém no alojamento por nada. Acredito que nesse sorriso há algo triste, por mais que conte essa história com ele nos lábios.

A voz dela foi ficando mais chorosa, então perguntei sobre a sua amiga Carmem havia mencionado antes.

- Sim... ela foi minha primeira amiga, nunca fui ótima com as palavras e acabava por ser mal entendida. Mas ela foi a única que me compreendeu, eu já havia mudado para o alojamento da escola quando ela se tornou a minha colega.

A sua expressão foi melhorando, já estava olhando novamente para o horizonte onde desaparecia os últimos raios de Sol, engolidos pela noite.

- Então você já tinha experiência antes de vir para nossa cidade e morar com a Mira.

- Sim, o meu orfanato estava cheio então mandaram os órfãos mais velhos, que tinham baixa probabilidade de ser adotados devido à idade, para morar no alojamento da escola.

Eles estavam a dificultar ainda mais a adoção, são poucas crianças que conseguem ser adotadas após os 5 anos. Ainda assim eles não tinham o direito de retirar essa possibilidade! Senti meu sangue ferver!

- Nossa! Eles podem fazer isso?

- Não sei, mas fizeram! Então quando pensei que nunca conseguiria ter amigas, ela entrou. Acabou ingressando para o alojamento porque o seu pai é segurança de um empresário, vive a viajar pelo mundo inteiro, a sua mãe faleceu quando ela era pequena.

- Quem cuidou dela até esse momento?

- O pai dela deu um jeito e pagava uma senhora. Quando se tornou independente ela começou a estudar em colégios que tinham essa possibilidade de abrigar alunos.

- Colégios internos certo?! Ela provavelmente mudou muito de escolas?

- Um pouco por isso, outro motivo sendo seu temperamento! Ela arrumava briga, participou de jogos de apostas num colégio religioso (risos), a sua aparência é igual a sua mãe, mas a personalidade é do pai. Tenho uma foto aqui…

Ela mostrou-me no seu celular a imagem de uma garota com cabelos medianos de cor castanho e pele bronzeada. Nesta imagem era possível ver o seu sorriso espontâneo e um curativo no seu nariz.

- Parece ser uma boa amiga, mas que dá trabalho!

- Resumiu bem ela! (risos)

Seus olhos brilhavam ao falar dessa amiga, confesso que senti uma sensação estranha. Queria eu ser a pessoa que ela fala de forma tão calorosa.

- Chegamos! Obrigado pelos ‘cookies’, pela conversa e tudo mais.

- Tudo bem Gray! Até amanhã! Cuidado para não se atrasar! (piscadinha)

Ela foi se despedindo enquanto sobe as escadarias do velho alojamento. Está foi a melhor tarde de domingo que tive em muitos anos, não sabia a falta que senti daquele parque e como o caminho de volta tornou-se tão curto.

Estava com a lembrança dos ‘cookies’ ainda nos meus lábios, sentindo o meu corpo leve com euforia.

Aceno uma última vez antes de retornar para o meu lugar, mas algo inesperado aconteceu após alguns quarteirões ouço alguém chamar o meu nome.

- Gray!

Era o Lion que estava sentado ao lado de uma árvore.

- O que foi?

- Quem era aquela gata que estava com você?

- Lion não se envolve, que ela não é para o seu tipo!

- (irritado) Como assim?! Meu tipo... Está a querer arrumar briga?

De todas as pessoas para me ver com ela, tinha que ser ele!

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