Jantar á Dois, e Família?

Acordei assustado em pleno dia, já passava da 1:00pm e nem tinha almoçado ainda, levantei-me fui a cozinha

procurar algo para comer, em frente a geladeira aberta me lembrei que não havia feito compra na noite anterior, então me vesti e sai, dessa vez desci pela garagem peguei o carro e quando dei por mim já estava no estacionamento olhando para a faixada do Wal-Mart, desci com minhas sacolas retornáveis a mão e fui

atrás de um carrinho. Dei de cara com uma moça com uma criança que me reportou a manhã de hoje, chacoalhei a cabeça e passei a mão entre os cabelos, como se fosse me fazer voltar aos corredores e compras.

Bom, as compras de um cara que mora sozinho são bem fáceis, só tem congelados e tudo pré-pronto, mas isso não se aplica a mim, gosto de cozinhar e fazer várias receitas, então, vamos começar pelo setor dos seco, hortifrúti e por último os gelados, vamos a lista:

-arroz integral 1kg

-macarrão integral 2pacotes

-açúcar demerara 500gr

-azeite

-leite zero lactose

-granola

-cereais

-cenourinhas

-batata

-aipo

-alho porró

-alface americana

-repolho

-tomates

-cebolas

-alho

-carne em cubos

-frango em filé

-bacon em fatias

-queijo fresco

-ricota

-salame

Compra toda feita, vou me encaminhando para os caixas, e para minha surpresa encontrei com uma colega de

trabalho, Penny, ela já deu em cima de mim algumas vezes, olho meio receoso.

_ Humm... compra especial? Vai rolar algum jantarzinho á dois?

- em meio as suas palavras\, havia um tom de risadinhas e sedução\, como se estivesse se insinuando para mim. Dou uma tossedinha de engasgo e constrangimento.

_ cof cof, runrun. Não, essa é só minha compra semanal mesmo, ontem não pude fazer e acabei sem nada na

geladeira.

- chega minha vez no caixa e Penny encosta logo atrás de mim\, vou tirando as compras para a esteira que leva até a operadora.

_ Ah sim, morar sozinho é isso né, se você tivesse alguém pra te fazer um mimo.

- falou olhando direto em meus olhos e ajeitou seu decote. Eu cada vez mais encolhido e vermelho.

_ Não, eu gosto de fazer essas tarefas, sou um verdadeiro dono de casa.

- risada de nervoso\, e me apresso em terminar de passar a compra.

_ Entendi. Lucas Seth, quem diria, um homem “pra casar-se...”

- me engasguei com o ar e a moça do caixa viu e foi em meu socorro.

_ Sr., é isso! Algo mais? Teve algo que não encontrou?

­_ Somente, encontrei tudo o que eu precisava sim e o que não precisava também.

- fiquei olhando atento ao valor para pagar.

_ O total de $32,26, qual a forma de pagamento do Sr.?

- eu nervosamente abri minha carteira por sentir a Penny se inclinar próximo de mim.

­_ débito, por favor!

- mostrando o cartão a ela\, que pedira para aproximar da máquina.

_ Pronto Sr., obrigada por comprar no Wal-Mart, volte sempre.

- me entregando o cupom. Peguei as sacolas e me inclinando para sair\, olhei para a Penny e dei um tchauzinho rápido.

Quando ela quis tentar ir atrás de mim a caixa rapidamente a segurou com o script da empresa, e assim Penny

desistiu de tentar me alcançar. Fui para o carro o mais rápido que pude, desligando o alarme e colocando as compras no porta-malas bem depressa para não ter que cruzar com a Penny novamente no estacionamento, já seria bem estranho encontrá-la segunda-feira na empresa. Já dentro do meu carro recebo uma ligação, ainda não reconheço o número, mas atendo.

_ Alô!

- esperando a voz do outro lado e só escuto uma respiração\, que em seguida desliga. Estranho\, mas quando me atento ao número vejo que é o de Jullia\, então\, retorno a ligação depressa. Discando... e antes que alguém dissesse algo.

_ Oi, me ligou? Está tudo bem?

- respiro bem tenso e aguardo.

_ Oi!

- com uma voz de choro e escuto um sussurro.

Mamãe, por que você está chorando?

- aquela voz tão meiga.

Nada meu amor, a mamãe só está triste hoje.

- nesse momento só escuto um resmungo abafado como se ganhasse um abraço.

Você está bem? Posso fazer algo?

- pergunto a Jullia\, e me lembro que ainda estou parado no estacionamento.

Quer me ligar mais tarde? Podemos conversar quando você estiver mais calma.

_ Não! Estou bem, só triste. Não quero falar disso agora, só não quero ficar sozinha, desculpa te ligar, era o

último número na minha lista. Você parece ser uma pessoa legal, por isso liguei.

- dou um sorrisinho ao escutar isso dela.

_ Bom, vou colocar o celular no viva voz, estou no carro e preciso sair do estacionamento do mercado.

- ouço um silêncio que só foi quebrado por uma profunda respiração. Faço o que havia dito

e coloco no viva voz, ligo o carro e começo o meu percurso de volta para casa.

Ok, vou te contar uma coisa sobre mim. Quando eu tinha uns dez anos tive que fazer uma cirurgia na cabeça.

- escuto a perguntinha de fundo.

O que aconteceu com a cabeça dele mamãe?

_ Desculpa coloquei no viva aqui também e a Sophie está comigo no quarto.

- continuei contando.

Eu caí de bicicleta e nessa brincadeira o poste ganhou de mim.

- dei uma risada lembrando do ocorrido e passei a mão na cicatriz logo acima da orelha direta.

Sabe Sophie, eu gostava muito de apostar corridas com meus amigos e um dia a roda da minha bicicleta entrou em um buraco e eu voei, bati a cabeça tão forte no poste de luz.

_ Você quebrou a cabeça?

- Sophie perguntou com tom de preocupação.

_ Sim, Sophie! Eu quebrei a cabeça, e tive que ir para o médico consertar.

- em tom de surpresa me preguntou.

_ Você teve que tomar injeção?

- e ficou esperando contar.

É...

- com hesitação\, procurando o melhor jeito de contar para não causar medo nela.

Tomei uma injeção para dormir e o médico cuidou da minha cabeça que estava quebrada e quando eu acordei, já estava bom, Sophie, ganhei até um pirulito.

- com ela já rindo\, falou que também queria quebrar a cabeça para a mãe.

_ Não meu amor, você não precisa quebrar a cabeça, é só pedir que a mamãe te dá um pirulito.

- senti em sua voz de medo e compaixão\, tanto comigo quanto com a filha e o seu choro já tinha ido embora.

Lucas, você gosta de criança né?! Leva jeito com elas.

- eu viajei por alguns segundos e pensei. "Posso ser o pai da Sophie se você quiser\, ou ter mais um monte de filhos com você".

- fui despertado pela buzina do carro de trás quando um dos semáforos até em casa abriu.

Lucas, está tudo bem?

_ Sim, Sim. É só a pressa do engraçadinho do carro de trás.

- encabulado pela buzina e ter me perdido no devaneio\, ri nervosamente e vi que já havia chegado.

_ Bom, cheguei em casa, preciso descarregar minhas compras. Podemos nos falar mais tarde?

_ Sim, desculpa te atrapalhar no meio da tarde.

- escutei sua voz ficar melancólica novamente.

_ Ah, vamos fazer assim, eu vou subir com as compras, guardá-las e te ligo depois, pode ser assim?

- fiquei esperando que ela respondesse e então ouvi um.

_ Não, vou te deixar descansar, outro dia nos falamos, ok?!

- eu realmente estava cansado da maratona da manhã e as compras\, mas eu queria falar mais com elas\, me faz bem ter alguém novo para poder falar. Desde que minha mãe voltou para o Brasil sinto falta disso e já tem uns quinze anos\, ela está sempre ocupada lá e nossos horários nunca batem\, só ligo para dizer um oi mesmo.

_ Eu estou bem e vocês não me cansam em nada, mas sei que quer desligar, então...

- ela me cortou dizendo:

­_ Vem jantar comigo! Isso jantar?

- a sua voz mudou de tom e a pequena Sophie também pareceu animada.

Ok, só me manda a localização e que horas devo chegar?

- Sophie cantarolava ao fundo.

Meu amigo Lucas vai papar em casa, e eu soltei um sorriso ouvindo.

_ Pode ser as 8:00pm? É o horário do jantar da Sophie e depois ela vai dormir.

- ainda com um sorriso bobo no rosto e pensando. Jantar a dois e depois a Sophie vai dormir.

Ok, marcado.

- meu celular vibra\, é a localização.

Recebi a localização, então as 8:00pm estarei aí.

- não queria desligar\, mas ela foi mais rápida e desligou.

Fiquei olhando para o celular por mais alguns segundos já na porta do apê até a ficha cair, entrei deixando

as sacolas no chão e tirando os sapatos, fui até o banheiro lavei as mãos e coloquei as duas no rosto, passando por todo ele terminei o movimento das mãos na nuca, passando pelos cabelos e sentindo a cicatriz da infância que ainda era dolorida.

Bom, me restava a compra ainda para guardar, comecei pelos gelados, fazendo a ordem inversa do mercado, quando recebi uma ligação do meu chefe assim que terminei de guardar tudo.

_ Alô, Sr. Felix?

- esperando-o me responder.

_ Alô, Lucas, como está filho?

- com seu jeito carinhoso de me tratar sempre.

_ Estou bem e o Sr. e a Sra. Felix?

- ele sempre me presenteia com um bônus extra por fechar algumas contas importantes\, e a minha cordialidade sempre se estende a sua senhora.

_ Lucas está tudo muito bem, acabei de receber o fechamento da conta dos Phypper. Parabéns, filho!

- fico empolgado na ligação.

_ Obrigado, Sr.! Esse é meu trabalho.

- reafirmando minha capacidade no que faço.

Lucas, falei com a equipe e achamos que o seu bônus esse ano...

- fico esperando ansioso.

Na verdade, vamos precisar de você trabalhando por um mês ou mais.

- ouço e não consigo acreditar\, mas mantenho a empolgação na voz para ele não notar.

_ Mas claro Sr. Felix, o que a empresa precisar sempre.

-  já pensando, que isso mudaria todos os meus planos de ir para o Brasil ver minha mãe e meu irmão, que aliás só conheço por vídeo chamadas.

Filho, estamos em contato, com uma empresa muito grande e se der certo e fecharmos a conta com eles, eu vou me aposentar e te promovo a gerente de projeto.

- sinto aquele gelo no estomago\, mas ainda me mantendo empolgado.

A Target Marketing precisa de um comando mais jovem e com ideias como as suas. Bom só que tem um detalhe filho, o escritório deles fica em São Paulo.

- meu coração dispara e me engasgo com a notícia surpresa de ter que ir para o Brasil e ainda trabalhar em São Paulo\, poder ver minha família e ficar lá com eles por um tempo.

Que me diz filho?

- minha pausa pensando dura mais do que o esperado para dar a resposta ao Sr. Felix.

Lucas? Você vai pegar essa conta?

- ele diz isso estalando os dedos no telefone para em acordar.

Sim, claro Sr.

- meus olhos se enchem de lágrimas.

Eu vou sim, quando é a viagem?

Você embarca na segunda-feira à noite, arrume suas coisas e passe no escritório para pegar a passagem e as

instruções.

- ouço ele falando e tudo parece impressionantemente surreal.

Ah, e Lucas, preciso saber se vai precisar de hospedagem ou se vai ficar com sua mãe.

- fico extasiado por ter essa oportunidade.

_ Está bem Sr. na segunda cedinho veremos todas essas coisas.

- espero ele se despedir para desligar.

_ É isso Lucas, na segunda-feira nos falamos melhor, no escritório as 7:00am. Tchau!

_ ok, Sr. estarei lá, tchau!

- desligo após escutar o som do termino da chamada encerrada.

Nossa, minha empolgação era muita e acabei ficando inquieto com vontade de ligar para minha mãe. Mas me

lembrei que nesse horário no Brasil ela estaria trabalhando e não poderia me atender, então resolvo deixar esse suspense por mais um tempo e me concentrar, pois hoje teria um jantar romântico.

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Comments

Lourdes Rodrigues

Lourdes Rodrigues

então! como vai ser o relacionamento dele com Júlia? eles ainda estão se conhecendo 🥺

2023-01-18

4

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