Desde Que o Mundo é Mundo!

Minha Existência ganhou um certo sentido depois que vim para esse novo mundo... A Terra. Estou aqui há dois séculos e cumpro meu trabalho a rigor!

Me lembro da primeira pessoa que levei... Era uma senhora que sofria mais tratos dos filhos. As pessoas normais não podiam e não podem me ver, mas sempre que eu ia até a cama dela a ouvia sussurrar;

— Estou pronta... Leve-me!

E esticava a sua mão até mim juntando as suas últimas forças. Mas "Luz" me dizia que não estava na hora e eu era obrigado a vê-la agonizar. A princípio não entendi até que chegou o dia e entendi o propósito dele. No fatídico dia todos os filhos estavam no quarto.

Luz decidiu que a punição para eles seria ver a pessoa que os trouxe a esse mundo partir por terem feito ela sofrer tanto! Achei poético e justo. Não o questionei mais depois disso.

Existo por aí e somente quem está prestes a vir comigo consegue me ver... Fiquei realmente curioso com a tal senhora. Com o passar dos anos fui montando minha legião de ceifeiros.

Fui descobrindo quem sou e o que posso fazer e assim como "Luz" tem sua legião de anjos, eu tenho a minha de ceifeiros. Meus ceifeiros seguem minhas ordens e quando descubro que algum deles estão fazendo algo que não deve deixa de existir.

É um pouco melancólico a forma como existo, vivo por aí durante a noite e durante o dia vou para o purgatório e fico andando por lá. Almas atormentadas por seu fim antecipado vivem lá em agonia e desespero.

Converso com elas que fazem sempre as mesmas perguntas irritante que são;

— Por que eu?

— Você não podia fazer isso comigo?

— Você está feliz por me tirar da minha família?

Tento explicar para eles que se eu não tivesse feito o que fiz que viveriam com dor até o próprio corpo colapsar e se desfazer. Mas ainda assim me culpam por seus fins trágicos.

Aqui tem homens, mulheres, adolescentes, crianças... Bebês. Sabe quando uma mulher perder um bebê em seu ventre? Esse bebê vem parar aqui.

Eu entrego ele para Luz, e assim tem a chance de ter uma existência melhor. Não acho justo seres tão puros virem para esse lugar. E também porque as almas atormentadas tendem a comer esses pequenos.

Se passou mais um século, eu encontrei alguns contra tempos pelo caminho. Por exemplo, Miguel, gêmeo de Lúcifer que agora foi banido do céu, está pegando no meu pé.

Parece que ele se sente o "gerente" e quer me dar ordens! Sendo que o Combinado entre Luz e o meu ser é um não se envolver no que o outro faz. Mas de repente parece que Luz resolveu tirar férias e deixou o idiota no lugar.

Foi como Lúcifer me disse que seria, Luz ficou entediado e decepcionado já que nada saiu como ele queria e deixou tudo aqui de lado. E agora tenho que lidar com seu filho mais mimado.

— Miguel, eu já lhe disse que sua presença não é bem vinda aqui! E não vou ouvir ou fazer qualquer coisa que você disser ou me mandar fazer.

Ele se irrita e abre suas enormes asas douradas criando vento e desordem onde estou ao dizer;

— Quem você pensa que é para falar assim comigo? Como você ousa? Você está aqui para cumprir ordens como um mero serviçal!

Eu me levanto e abro minhas enormes asas negras como a noite levanto o meu queixo e falo;

— Lúcifer tinha razão! Você quem deveria estar no inferno e não ele! Aqui em meu território você não é ninguém! Recolha suas asas e saia dos meus domínios ou sairá daqui sem suas preciosas asas!

Ele falta pouco enfiar sua enorme lança em mim. Não demora muito o vejo sair, mas não por onde deveria e decido segui-lo. Vejo ele parar em uma estrada e tem uma chuva fina caindo.

Logo vejo um carro vindo ao longe. Tem uma família dentro do carro, consigo ver ao longe que são dois adultos e uma linda menininha. Quando o carro se aproxima vejo Miguel abrir suas enormes asas e digo;

— Não faça isso!

Ele apenas sorri e assim que o carro se aproxima dele seu bater de asas joga o carro contra uma árvore não dando chance do motorista fazer nada além olhar para sua esposa e filha.

Ao tentar ajuda-los acabo tocando nos dois adultos. Suas almas se levantam e ao perceber o que aconteceu imploram para que eu não leve a pequena menina.

Eu olho para a menina e sinto algo dentro de mim, não sei dizer o que é isso. Chamo dois ceifeiros que levam as almas embora e eu me sento no chão enquanto olho para a pequena menina... E Miguel começa a falar;

— Está vendo como é fácil? Eu mando e você simplesmente obedece! É para isso que você está aqui!

Com ódio e ira ainda olhando para criança agonizando digo;

— Por que quer matá-los? O que eles fizeram para você? O seu trabalho é protegê-los, não matá-los!

Ele dá uma gargalhada perversa e diz com ironia;

— Mas é o que eu estou fazendo! Você não está vendo?

Com outro bater forte de asas ele desaparece, mas sua gargalhada ecoa por todo o lugar.

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Comments

Néia Lima

Néia Lima

lendo e amando Ro parabéns minha linda 😍🥰😘🌹🌻🌹

2023-01-09

0

Eugênia Ferreira

Eugênia Ferreira

maravilhoso demais karvel como sempre arrazando

2023-01-08

1

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