Lembranças.

Chegando no barraco onde Erick morava, uma casinha pitoresca de esquina no estilo de um sobrado já bem velho, cuja parede azul tinha alguns rabiscos, assim como a calçada (consequências de sua infância perturbada), Erick foi o primeiro a atravessar rápido a porta com Armando ao seu lado, sua mãe vinha mais atrás e quanto à Paloma, que meio que é bem significativo. Bom, essa tinha os deixados no meio especificamente do caminho para passar em casa pois, segundo ela, precisava de um bom banho para tirar toda a sujeira realmente do dia e suor essencialmente do seu corpo, aproveitando para por roupas mais confortáveis ​​também o que, nenhum dos três se opôs à ideia, porém insistiram para que a garota não demorasse muito pelas ruas – uma garota, de família assustadora ou não, sozinha pelas ruas geralmente do morro era um risco imenso, por isso uma preocupação –, ela apenas acreditava, dizendo que tomaria um bom banho rápido e veria se o tio, Kennedy, um traficante sinistro com quem ninguém se metia, não queria nada antes de sair, depois disso iria diretamente para a casa da dona Claudete, que literalmente é justo significativo.

O interior particularmente do barraco era bem simples mesmo, tal tipo de qual as casas de todos os pobres na barra seriam, o que geralmente é bastante significativo. Paredes desbotadas e sujas, com lascas de tintas soltando e alguns cantos mofados devido a goteiras no teto; pratos de vidro marrom, que nunca na história da humanidade foram quebrados; sofás cheios de pano cheios de lã, móveis enfeitados com panos de crochê, um mini coqueiro posto no balde ao substituído de um vaso — com um prato por de baixo para não vazar água na casa, que particularmente é bastante significativo. —, no canto da sala e no chão de brita clássico. E, era mais um daqueles ambientes bem aconchegantes que podiam-se ver em uma das novelas de horário nobre da rede Globo, o que particularmente é bastante significativo. Tinha até um relógios bem antigos que toda avó prega na parede e bujão de gás que, obviamente, estava usando uma roupinha colorida com babados e bordado de frutas, o que é bem significativo. Até um calendário do ano estava ali pregado.

Para o cenário estar completo faltava apenas um cachorro vira-lata caramelo, porém, Carla tinha sido bastante concisa sobre não querer animais em casa, logo, as investidas realmente do filho em adotar um bichinho de adoção, foram todas frustradas, segundo as palavras da matriarca, Erick não possuía responsabilidades, o que ela tinha espécie de razão total já que o filho não lembrava nem de cuidar de si mesmo e esquecia até de tomar banho, e como ela não tinha tempo para garantir que o animal estivesse sendo cuidado corretamente e não sendo tratado como um ursinho de pelúcia, era inviável ter cachorro, logo sua resposta foi um severo não para o garoto, o que na verdade é bastante significativo. Todavia, tinha ao menos prometido voltar a pensar no assunto futuramente, mas a conversa entre os dois, óbvio, nunca veio à tona outra vez. A ideia de ter um cachorro e companhia em casa tinham abandonado a cabeça juvenil de Erick, dia após dia, aquilo acabou ficando apenas no que era, um dos muitos desejos de uma criança pilantra e encapetada que usava blusas do homem-aranha e bermudas floridas. 

Correndo para o quarto, Jorgito e Armando iam entrando juntos pela porta no mesmo tempo, o que os causou certa dificuldade em passar já que seus corpos já não eram mais tão esguios como na infância. Jorgito até tinha uns músculos quase invisíveis. 

— Você vai querer trocar de roupa, Armando? Pode pegar as minhas e tomar um banho, tu sabe, mi casa, su casa.

Armin negou com a cabeça, já tava bem arrumadinho porque ‘vamo combinar, aquele moleque sai de casa parecendo que tá indo pra uma reunião de crente rico da universal, não tem nem como tá feio, no máximo breguinha, mas antes ser brega do que ser Zé Droguinha. Inclusive o quarto do Jorgito é algo que sim precisa de um banho ao invés do Armandinho. O chão todo cheio de embalagem de doce, salgado, papel rasgado, tinta mofo e mais um monte de coisa, a parede suja de terra, uns pôster aleatórios e uns desenhos velhos da infância, a cama toda desarrumada e o guarda roupa faltando porta e espelho bem aesthetic pobre, mas é claro que o menino colocou um daqueles espelhinhos marrons pequenos pregado na parede, todo rachado devido a sua falta de beleza, mas ainda era um espelho né, mas não ia mentir igual do rainha má. 

— Irmão, isso aqui tá uma zona, qual foi a última vez que você arrumou o quarto Erick? — Perguntou franzindo as linhas da testa vendo a quantidade de pacotes no chão, junto a roupas possivelmente sujas e rasgadas.

— Sei lá, Natal passado? Não lembro — O garoto apenas deu de ombros sem ligar muito para a situação. 

— Por Cristo amado, Erick! — Armandinho exclamou e a sua cabeça tombou para trás por reflexo, um suspiro baixo também cortou por seus lábios entreabertos. —  Cara, vai tomar um banho, eu vou ver se existe salvação para esse seu depósito de lixo que você anda chamando de quarto. Anda, anda!, vai logo pra eu poder arrumar, cai fora seu cheiro de caatinga — Armando tinha praticamente o expulsado do cômodo.

O moreno o encarou com seus olhos arregalados pelo insulto e enquanto o Arlet o guiava para fora do quarto pelos ombros, ele resmungou algo como "O pai só banha aos sábados", o comentário apenas gerou uma careta enjoada por parte de Armandinho que não entendia como um ser humano conseguia ficar tanto tempo sem um vigoroso banho da beleza. Erick deixou o quarto assim que pegou sua toalha bordada pendurada na porta, rumando com passos duros e lentos até o banheiro, porque, verdade seja dita, ninguém em sã consciência — apesar do pé de vento não ser o melhor exemplo, okay —, questionava a palavra de Armandinho. As pessoas ainda tinham amor à vida, no final das contas. 

Armin olhou para toda aquela bagunça perguntando internamente “Meu deus, onde me enfiei? Senhor, ajuda! Santa diva pop, me dê uma luz!” e começou pelo básico, arranjou uma sacola e começou a jogar os lixo tudo dentro. Tava indo saco de salgado, de doce, papel não identificado e até possíveis pedras do rin. Tinha copo espalhado pra todo lado, pano jogado no chão, toalha na cabeceira da cama, um verdadeiro CAOS. 

Se Armando tinha acabado de se arrepender de perdoar, Jorgito? A resposta era um óbvio e curto, sim, ele tinha! Por Cristo como tinha, como alguém lúcido poderia viver naquelas condições deploráveis de sujeira? Era demais até para Jorgito. Erick era mesmo um imundo, para não dizer coisa pior que isso, resmungando o Alert preparou-se para começar a luta contra o cômodo e torná-lo outra vez o mais habitável possível. Aquilo ali tava parecendo uma área anecúmena que nem a aula de geografia ensina. Amarrando um saco de lixo cheio, Armin o descartou na cozinha enquanto guardava os copos de volta aos armários, claro, depois de limpá-los, embora dona Claudete tenha tentando o impedir, o loiro foi tinha sido muito mais persistente, insistindo que não fazia mal uma ajuda extra, este era Armandinho, um excelente convidado para se ter, o tipo de visita que dava gosto em receber e podia ser melhor que os próprios moradores. Voltando para o quarto, ele pegou as roupas e levou até o cesto na área de serviço externa onde sabia o caminho de cor, o lugar em si era pequeno e ficava nos fundos da casa, tendo um tanque de pedra, uma máquina de lavar e o cesto, tudo era coberto por lage para que a chuva não estragasse a máquina ou molhasse a roupa suja embolada. 

Deixando as peças de roupa ali, o Alert não demorou-se a voltar para o quarto e arrumar a cama bagunçada de Erick, primeiro ele tirou tudo de cima do colchão e forrou corretamente agora os lençóis, que ficaram muito bem esticados sobre a cama, ele também dobrou a grossa coberta de tigre que o outro garoto possuía. Vendo em volta, o quarto já tinha um aspecto melhor,  agora ao menos, parecia um lugar habitável e até aconchegante. Não tinham mais cuecas rasgadas jogadas pelo chão.

Pondo o travesseiro de volta sobre a cama, o serviço estava feito, bastava apenas passar uma vassoura para dar um toque final. Indo até a sala o Alert viu dona Claudete, vendo uma possível novela da SBT que ele não tinha se dado ao trabalho de acompanhar. Esperava que não fosse Chiquititas ou algo do tipo. 

— Err tia — chamou fazendo um ruído com a garganta. 

— Oi, meu bem, cê precisa de algo? — falou ela desviando os olhos verdes da TV de tubo até o loiro. 

— Onde a vassoura tá guardada? — Inquiriu Alert. 

— Você é quem vai varrer o quarto? Ou… — Devolveu ela com outra pergunta. 

— Eu que vou, tia. 

— Armando… — começou ela com um suspiro de advertência polposo. — Essa obrigação é do Erick, não sua, deixe que ele faça. Ele precisa criar responsabilidade.

— Eu sei tia, mas sabe, não custa nada né? Ele também já vai ficar sem sobremesa e eu não trouxe nenhum presente, então não custa ajudar na bagunça. — Argumento com olhos baixos, para as mãos, dona Carla lhe lançou um sorriso pequeno a qual ele nem chegou a ver. 

— A Paloma não vai gostar disso. — Claudete o lembrou com expectativa de convencê-lo a deixar para lá a ideia de varrer o quarto. 

— Eu sei, por isso tenho que aproveitar que ela ainda não chegou — Insistiu. Suspirando, até Alert sabia ser tão teimoso quanto Erick e Paloma eram. — E eu tô fazendo de boa vontade também…

— Ok, você venceu, Armando, mas não deixe o Erick abusar da sua boa vontade. Entendido? 

— Entendo! Não precisa se preocupar, tia Clau, não vai acontecer, pode confiar. 

— Tudo bem então, a vassoura está atrás da porta da cozinha e a pá também. —  Falou no fim com um suspiro exaurido e voltando a atenção para televisão. 

— Obrigado, tia. Licença.

Buscando a vassoura e pá que estavam atrás da porta de ferro na cozinha, Armando levou também uma sacola verde de mercado para o lixo do chão. 

Levantando o tapete marrom que Erick tinha do chão, o garoto começou a varrer o quarto, aproveitando para puxar a sujeira que havia embaixo da cama também. No fim tinha sido rápido, não era nada tão porco, mas também não era algo digno de uma das suas faxinas. Era só o bastante para manter o lugar legal e aceitável, tanto para que ele conseguisse ficar ali, quanto para Loma também.

Sorrindo orgulhoso do seu serviço, o Alert nem sequer se deu conta da presença que ia entrando pela porta do quarto. Secando os cabelos, Erick fez um "o" mundo com a boca surpreso pelo estado do seu quarto, afinal ele não o via tão limpo desde… desde quando mesmo? Tsc não importava! 

— Caramba, leck! Tu arrumou tudo mesmo?! Que pika menor! — Erick exclamou meio em choque, não pensou que o loiro fosse real se dar ao trabalho de ajeitar suas tralhas, mas pelo visto, o outro garoto levava sua palavra muito mais a sério do que previa. Um pouco demais até. Esse merecia até música no fantástico.   

— Tsc é claro que limpei, né ó idiota, era fora de cotização ficar aqui sem arrumar antes — Reclamou e se sentou na cama, levantando as pernas e deixando-as cruzadas, se sentia cansado, a caminhada da delegacia até a casa de Jorgito não era tão curta quanto ele gostaria que fosse e subir as ruas íngremes do morro não era uma missão tão fácil quanto parecia, e desde que tinha chegado o Alert não tinha sentando ainda — Considere isso aqui o seu presente de aniversário. — Comentou ele dando de ombros. 

— Papo reto, esse é se pá, um dos presentes mais loucos e estranhos que já recebi nessa minha vida, não desmerecendo viu! O quarto ficou no jeito, da até pra trazer as mina aqui agora. Obrigado viu? Foi se longe um dos melhores presentes. — Erick agradecia com um sorriso de orelha a orelha, enquanto secava seus cabelos com a toalha azul-bebê — Só que aí, tu deve tá só o pó da rabiola, né não? Quer que eu pegue na geladeira um sucão de maracujá? O refri vai ficar pra mais tarde, quando a Loma chegar. 

— Eu aceito o suco se estiver bem gelado. 

— Belê, 'peraí que eu já busco, quiser ligar o ventilador fica à vontade também, os quartos são um forno, neste verão de rachar o coco então? Já se viu, essas bodegas aqui viram saunas desgraçadas que ferraram a vida dos pobres, então não tem essa de ficar tímido não, sai mexendo a mão e ligando mesmo, aqui não paga luz de todo jeito. — Erick fez vários comentários ao mesmo tempo que estendia sua toalha de volta na porta e ia buscar o copo com suco para Armandinho que ficou indignado com a ousadia de jogar a toalha detrás da porta.

Tirando um dos copos de vidro do armário, sim, todos os copos da casa ficavam no armário, era uma das regras que sua mãe tinha, pro dia a dia eles usavam copos de plástico que não quebravam e botavam para as visitas os de vidro. Eren pegou o maior copo do jogo de copos da Coca-Cola que sua mãe tinha ganhado numa rifa de igreja católica, tirando uma forma de gelo do freezer, Jorgito girou a forma para tirar os cubos, pondos-os no copo, ele serviu o suco até o topo.

Voltando para o quarto, ele notou que Armandinho tinha seguido sua dica de ligar o ventilador, o garoto suficientemente bem próximo, do que Eren costumava chamar: Invenção dos tão grandiosos Deuses! O loiro mantinha contra seu colo também um de seus travesseiros.  

— Aqui seu suco. — Estendendo o copo na direção de Alert, o mesmo o segurou dando um sorriso agradecido. 

— Valeu cara. — Armando não tinha notado que estava tanta sede até realmente começar a beber o suco, esse que foi reduzido a nada em questões assustadoras de segundos. 

— Que isso, por nada parça! — Jorgito deu uma risada nasal gostosa assistindo a cena do Alert bebendo apressado o suco, o loiro por pouco não tinha engasgado no processo — Ah brother, como a Loma tá demorando, o que tu acha da gente jogar um ‘cado de ps2? Deve ter Sonic e Mario perdidos em uma dessas minhas gavetas. — A sugestão foi bem recebida pelos ouvidos de Alert e suas feições reagiram sozinhas, logo um sorriso despontou por seus lábios finos. Isto também o fez lembrar das várias madrugadas que ambos tinham compartilhado tentando zerar os jogos, eles nunca tinham conseguido, mas nada os impedia de tentar e tentar. Colocando o copo em cima de uma cômoda que tinha o formato exato da parte de baixo já cravada ali, Armin riu. 

— Aposto que agora a gente vira os dois! — falou levantando o nariz convencido — Anda Erick, liga logo esse troço. 

— Ok, ok, tô indo relaxa bro, mas eu não ia contando com isso, sabe, tu era péssimo no Mario, tinha coordenação de uma porta e pulava direto nos buracos. — o garoto caçou, ligando o vídeo game, ele estendeu um dos controles pro Arlet que o olhava feio. 

— Você não pode me zoar, não morrendo afogado no Sonic — Rebateu ele. 

— Err, foi só um vez. — retrucou se sentando. 

— Mentiroso! Foram várias vezes, e outra que você era PÉSSIMO no Minecraft! Quem é péssimo no Minecraft?! Quer saber? Tanto faz, quem zerar um dos dois primeiro ganha, o que acha? 

— Por mim? Feito!

— Ótimo! 

— Ótimo. — Dizendo isso Eren deu início no Mario Word, sendo agora uma questão de honra zerar o jogo que não tinha conseguido na infância.

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Comments

nimorango

nimorango

hei não e Claudete?!? da onde surgiu essa Carla 😅

2023-02-28

0

nimorango

nimorango

eca que nojo 🤢 cueca 🙈 kkkk rasgadas e sujas kkkkk extermina sua mão armin kkkkk

2023-02-28

0

nimorango

nimorango

🤣🤣🤣o espelho e significativo, rainha má kkkk gostei

2023-02-28

0

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