CAPÍTULO 1

...Stella ...

Olhei para minha mãe e minha tia chorando no sofá, senti todo o meu corpo gelar, meu coração parecia não estar batendo, e mesmo sabendo o quanto isso era impossível, era assim que me sentia naquele momento.

Era uma sensação estranha, não tinha feito nenhum barulho então elas não faziam ideia que estava em casa.

Algo realmente não estava bem, minha mãe não só estava em casa, como estava chorando isso não era normal.

_Voce tem certeza?

_Tenho, tudo absolutamente tudo foi bloqueado, enquanto não provar que não peguei nada... Eu não sei o que vamos fazer... Tudo o que eu tinha foi confiscado...o carro...meus cartões estão bloqueados... O apartamento vai ter que ser devolvido...o que vamos fazer?

_Vai dar tudo certo okay! Ainda temos o meu carro e tenho o dinheiro que você depositava na minha conta bancária, não usávamos tudo em um único mês...

_Olha ainda bem que uma de nós é econômica e certinha!

_Eu não sou certinha... apenas faço aquilo que está escrito na bíblia... E

_Isso é o que?

_Tudo bem... Isso não vai nos levar a lugar nenhum.

_Ainda tem o apartamento e todo o resto ... Não quero estar aqui enquanto o advogado faz isso.

_E você pode sair da cidade?

_Posso...Bem não posso sair do país, e a verdade é que eu estarei recorrendo então ...

Era uma conversa extremamente confusa.

Quando entrei na sala, os olhos delas estavam vermelhos e inchados.

_Tá tudo bem?

_Querida sua mãe foi acusada de fazer algo que não deveria fazer... E bem isso fez com que ela perdesse algumas coisas... A situação não é boa !

A voz da minha tá era calma, como sempre era.

Ela poderia fazer uma notícia tão ruim quanto essa parecer uma notícia boa, minha mãe ainda estava em silêncio, ainda no tinha olhado pra mim na verdade se quer falou comigo, mas estava acostumada, ela não era das mães que abraçavam ou guardava qualquer coisa idiota que eu fizesse só porque foi feito por mim, ela geralmente não estava por perto, não lembro bem como as coisas eram quando era um bebê porque eu era um... Mas acho que ela não me amava, bom pelo menos era como me sentia.

Por mais que tenha pergunando a minha tia onde estava meu pai e quem era ele, ela nunca me respondeu, assim também como nunca me contou porque minha mãe era daquele jeito, ela me pediu pra tentar ama-la mesmo que isso fosse difícil.

Espírito santo por favor faça tudo ficar bem!

Sentei no sofá ao lado da minha tia, que colocou seu braço ao redor dos meus ombros,ela abriu um sorriso calmo.

_Então o que vamos fazer?

_É uma ótima pergunta Stella !

Sua voz era desesperada, não conseguia imaginar tudo o que ela estava sentindo agora, tudo o que ela lutou pra ter nos últimos anos foi levado como vento, tão fácil e tão rápido que ela se quer teve chance de se preparar.

_Temos uma opção...

Olhei pra minha tia, sua voz parecia temerosa... Parecia que ela tinha lembrado de alguma coisa e pelo terror no rosto da minha mãe acho que não era algo muito bom.

_voce não deve... É brincadeira né?

_Pensa bem Heloísa nós temos uma casa lá... Se bem que não faço ideia de como esteja... Mais ainda assim temos uma casa... Podemos arrumar um emprego enquanto as coisas não se resolvem ...

_Voce não quer que eu volte pra lá assim não e?... Estando totalmente acabada... Eles vão rir de mim... E...

_Eles não vão fazer isso Helô... Aquela pessoas nos viram crescer...

_Você sabe o que passei nos últimos dias que estive naquele lugar...você sabe tudo o que veio depois... Você sabe tudo o que não consegui fazer... Você sabe quem...

Meu coração apertou, nunca vi minha mãe tão vulnerável em toda minha vida, eu sabia que elas tinham morado em outra cidade, sabia que tinha a possibilidade de meu pai ser de lá também, mas faziam dezesseis anos que elas tinham ido embora de domingos Martins, nunca soube o motivo, apenas sabia que elas saíram da cidade logo após a morte do meu avô e desde então nunca mais volaram.

_Voce sabe que talvez a gente não tenha outra escolha não é?

Tia Cloe segurava a mão da minha mãe, ela parecia tão devastada, queria abraça-la mas sabia que ela não aceitaria, minha mãe não gostava muito que a abraçasse ou a tocasse muito, aprendi bem cedo a manter distância dela o máximo que conseguisse, então mesmo querendo muito sentar ao lado dela e confortar-la eu não poderia.

Ela olhou pra mim, seus olhos estavam cheios de lágrimas e tinha mais alguma coisa lá, eu não fazia ideia do que poderia ser, mas olhar pra ela naquele momento estava me dando vontade de chorar também...

Realmente nunca tinha visto aquele lado dela

_Tudo bem... Vamos preparar o que vai dar pra levar...

_Eu vou fazer isso... E ir amanhã na escola da Stella, aproveitar as férias... É querida o que acha de fazermos algo pra comer?

Ela estava falando sério?

Elas simplesmente decidiram se mudar de cidade e ela queria fazer o jantar agora? O que seria de mim no meio de toda essa confusão?

_Vem querida!

Ela me puxou pelo braço não me dando outra alternativa, ela ssurrava pra mim que tudo ficaria bem, eu realmente queria acreditar naquilo.

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