CAPÍTULO 2

...HELOÍSA...

Ver minha filha saindo da sala como se minha irmã fosse sua mãe partia meu coração, vê-las juntas sempre rasgava minha alma, ouvir as pessoas perguntando se elas eram mãe e filha... Sempre quis gritar que ela era minha filha, mas foi eu que fiz isso, não é?

Fui a única a jogar essa responsabilidade no colo da minha irmã...

Não consegui ser a mãe que queria ser. 

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^^^16 anos atrás ^^^

Olhei para o pacote em meus braços, um desespero crescia dentro de mim... O que seria de mim agora ?

O que eu faria? O que faria para criar aquela criança sem o pai dela? Como lidar com o fato de que o homem que amava foi embora sem olhar pra trás? Sem querer saber da sua própria filha, meu coração quebrava um pouco mais sempre que lembrava daquele pacote de dinheiro que sua mãe me entregou!

Senti as lágrimas rolarem pelo meu rosto, o que eu faria com aquela criança? 

Eu acho que não poderia ser a mãe que ela precisava, toda vez que a olhasse lembraria de tudo que passei, lembraria do pai dela... Manter ela seria quebrar a minha alma toda vez que a visse.

Mesmo que ela fosse a coisa mais linda que já vi na minha vida, mesmo seus olhos tão pequenos fosse da cor dos olhos dele, tão claros quanto as águas de um rio. 

Como olharia todos os dias nos olhos daquela criança. Eu não podia...

Cloe entrou no quarto, havia um sorriso em seus lábios e eu não entendia o motivo, será que ela entendia tudo o que estava acontecendo?

_Heloisa ela é tão linda !

_Eu não posso fazer isso... Toma... Pega... Eu não posso cuidar dela ..eu não posso ... Por favor, tira ela daqui 

Cloe pegou ela tão rápido, acho que ela pensou que iria fazer uma besteira.

Vi a minha irmã saindo com minha filha, meu coração estava dividido, queria gritar pra ela trazer a minha filha, porque ela era minha... Mas em contra partida queria manter ela longe de mim..

Estava desabando sozinha... Ele disse que não me deixaria sozinha, e aqui estava...

Eu estava sozinha.

...*********************...

^^^Dias atuais ^^^

Aquele sentimento ainda era igual, ainda queria manter ela o mais longe possível, e trazê-la pra junto de mim...

Mas não conseguia nenhum dos dois.

Tudo o que passei, não consegui separar dos sentimentos que tinha pela minha filha, eu me odiava por não ter estado perto desde aquele momento no hospital.

Ouvi elas conversando enquanto preparavam o jantar, elas sempre foram assim, era por isso que não voltava pra casa, eu não queria ver o tipo de relacionamento que elas tinham, sempre me lembrava do que nunca tive com minha própria filha !

E agora teria que voltar pra cidade onde tudo aconteceu, dezesseis anos já tinham se passado. 

Ele deveria estar casado, já deveria ter outros filhos, não queria pensar em como tudo isso me afetaria... Talvez finalmente tudo se rompesse 

Já não aguentava mais segurar tudo aquilo, não queria vê-lo, mas sabia que talvez fosse impossível não acontecer.

Não queria enfrentar tudo o que escondi nos últimos anos, só que também sabia que não dava mais pra seguir assim...

Balancei a cabeça pra tentar afastar aqueles pensamentos, eu não queria sofrer por antecipação, não queria pensar em como seria voltar lá, rever todas as pessoas que deixei pra trás, o olhar delas depois de ver Stella , a conclusão que vai ser óbvia quando olharem pra ela.

Isso realmente era necessário? 

Respirei fundo tentando normalizar os sentimentos dentro de mim, mesmo sabendo que isso não seria possível.

Se ainda tivesse um pouco de fé eu faria uma oração pra que Jesus tivesse misericórdia de mim... Para que Ele colocasse tudo em seu lugar, mas acho que estou longe demais. 

E embora lembre de tudo o que o meu pai ensinou sobre Jesus eu só não me sentia digna de voltar pra Ele... Só poderia esperar que a misericórdia que o meu pai tanto falava me encontrasse novamente...

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