Tudo estava correndo bem, apesar do chefe não gostar de mim, ou me aturava ou passava fome e lavava as privadas com as próprias mãos.
Passei na padaria antes de ir trabalhar, ainda não encontrei um lugar e mal tive tempo de procurar, como o hotel não tinha cozinha vinha todos os dias comer pão com manteiga na padoca ao lado, o proprietário gostou de mim e me dava café com leite de cortesia.
- Conhece algum bom e barato apê por aqui Seu Francisco? - Perguntei.
- Bom e barato são duas palavras quem nem combinam mais - Ele riu secando um copo então passou os dedos pelo bigode grisalho - Mas você pode tentar dividir um lugar, meu filho foi fazer faculdade em outro Estado e juntou alguns colegas da classe para dividir os custos.
- Não é má idéia, mas tenho medo de encontrar esses lugares pela internet.
- É melhor ter indicação de um conhecido.
- Não tenho muitos conhecidos por aqui, vou tentar passar no café onde trabalhava e ver se alguém sabe de alguma coisa.
- Se eu souber também te aviso.
- Muito obrigada Seu Francisco - Terminei o café e acenei saindo da padaria, ele acenou de volta sorrindo.
Fui para o trabalho, pesquisei outras rotas no Google e encontrei um ônibus que para a uns dez minutos de caminhada, tinha que dar uma volta maior e pegar dois ônibus mas era melhor que andar quarenta minutos até o ponto do que me deixaria próximo ao hotel.
Quando cheguei na porta o senhor Duarte estava sentado na escada com a cara emburrada, e Lua no colo, ele colocou uma sacola de plástico em baixo do traseiro, esse cara é uma figura.
- Bom dia senhor Duarte.
- Péssimo dia, eu sabia você não ia dar conta, onde Vera está com a cabeça para ir embora assim?
- Aconteceu alguma coisa?
- Sim, uma barata aconteceu.
- Então rico também sofre com isso? Pensei que fosse exclusividade de nós da ralé.
- Acontece quando não se limpa uma casa direito.
- Na-na-não, barata é um inseto como qualquer outro, elas gostam de lugares escuros e quentinhos, como sua casa vazia no verão.
- Mate aquela praga e chame Vera de volta imediamente.
- Vera está tirando férias de você, eu jamais pertubaria o tão merecido descanso dela - Abri a porta da frente e olhei em volta do lugar perfeitamente limpo - Cadê ela?
- Na cozinha, inclusive depois de mata-la jogue tudos os alimentos fora e limpe a cozinha de cima a baixo.
- Eu não vou fazer isso, misericórdia, você já procurou um psiquiatra?
- Anda, logo.
Abri a porta da cozinha e olhei em volta, escutei alguns sons estranhos e procurei pelos cantos, em baixo dos armários e nada, o senhor Duarte estava esperando na porta com os braços cruzados, foi quando uma coisinha peluda veio desfilando e colocou a barata morta de presente nos pés dele.
Que desmaiou.
- Senhor Duarte!
*
- Parabéns Lua, você é uma grande caçadora não é? - Passei a mão na cabeça dela - Agora deixa eu colocar esse presente num lugar bem especial - Peguei a barata com a pá e joguei no lixo.
- Minha cabeça - Resmungou o senhor Duarte - O que aconteceu?
- Lua te deu um presente e o senhor desmaiou, liguei para Vera e ela disse que esse tipo de coisa acontece, era só esperar acordar.
- Então você tem o número dela.
Ri e dei de ombros.
- Quanto você quer pra sumir daqui?
- De quanto estamos falando? - Ergui as sobrancelhas.
- Dê seu preço.
- Cinquenta.
- Me poupe.
- Me poupe também.
Ele resmungou se levantando e foi até Lua.
- Lua, você está bem? Vamos ao veterinário, como você pode colocar uma coisa daquelas na boca? Fico zonzo só de lembrar.
- Não é pra tanto, eu já tive um gato que me dava ratos de presente.
- Não - Ele ergueu o dedo - Não fale uma coisa dessas, ho céus, meu estômago está embrulhado, deu teto preto - Ele apoiou as mãos na parede - Não vou conseguir viver assim.
- O senhor que precisa de um veterinário, digo, de um médico.
- Limpe a cozinha, vamos Lua, você precisa de um check-up completo - Ele se afastou e a gata o seguiu.
*
Ele realmente fez uma veterinária se deslocar de seu local de trabalho pra ver a gata.
Tive que esfregar cada centímetro daquela cozinha e ainda assim ele não quis comer a comida que fiz lá, comprei ingredientes frescos e preparei na cozinha externa perto da piscina, ele estava de braços cruzados e óculos escuros sentado numa espreguiçadeira, com o estômago vazio e uma caixa de calmante no sangue.
Desse jeito ele vai morrer cedo, eu devia seduzi-lo e pegar uma herança gorda, por que apesar de ser completamente tam-tam das idéias ele era lindo de morrer, usava uma regata que deixava os braços definidos a mostra, o maxilar forte.
Eita, queimei o bife.
Raspei o queimado e coloquei no prato com arroz, farofa e salada, então entreguei o prato para ele.
Ele ergueu os óculos e encarou o prato.
- Você queimou o bife.
- Sim - Respondi e coloquei o prato no colo dele.
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Atualizado até capítulo 95
Comments
Zaninha
Hahaha esperta!
2023-05-06
3
Italia F.M.
kkkkkkkkkk
2023-02-26
1
Ninha Braga
3 horas dá manhã e eu né rachando de rir com esses dois só quero ver onde vai da kkkkkkkkkkkkkkk
2023-02-24
2