Capítulo 3

MIA

- Mamãe, Mamãe, você veio mais cedo hoje, que legal! - fui recebida com vários abraços e beijos, ver a animação da minha filha só me trouxe felicidades.

- Sim, eu vim! Vamos aproveitar muito hoje, tá legal?!

- Sim, podemos assistir filme da barbie, comer sorvete, fazer pipoca, conversar um monte, podemos tomar banho juntas da banheira também!! Eeeeee, eu vou amar, vamos. - ela estava animada mesmo com isso, pegou em minha mão e fomos até meu quarto.

- Podemos começar com o banho de banheira? Assim ficamos limpinhas e cheirosas para fazer as outras coisas, o que acha? - pergunto sentando na cama para ficar de sua altura.

- Pode ser, vou avisar a tia que você chegou, vá preparando a banheira, por favor!

- Sim, senhora! - ri de lado vendo a animação da Ayla, às vezes não percebo, mas ela se anima com os míseros detalhes.

Tiro minha sandália nude e guardo minha bolsa no lugar depois de tirar o celular de dentro e jogar na cama, vou até o banheiro e ligo a torneira para encher, enquanto isso pego os sabonetes para fazer a espuma, espero encher e jogo sabonetes líquidos e alguns óleos corporais, finalizo com algumas pétalas vermelhas que tinha aqui e aguardo Ayla voltar, enquanto isso faço um coque em meu cabelo e tiro meu vestido preto ficando só de lingerie.

- Mãe, voltei! - diz sorrindo quando me vê - A tia disse que vai sair já que você chegou e que volta só amanhã, será que ela está namorando, mãe?

- Ayla! - chamo sua atenção - Não é da nossa conta isso, lembra? - ela revira os olhos, mas logo após diz:

- Desculpa, sei que não pode fazer isso! - se mostra arrependida, sempre a ensinei que não se pode ficar revirando os olhos, pois isso é falta de respeito, mas confesso que faço isso também, um defeito meu.

- Tudo bem, vem aqui, deixa eu fazer um coque em seu cabelo também. - ela se aproxima de mim e vira de costas, amarro seu cabelo moreno ondulado, que se parece com o meu, acho ela mais parecida comigo do que com o genitor, gosto disso, minha miniatura.

Vamos até o banheiro e logo já estamos dentro da banheira jogando espuma uma na outra e rindo tanto que o maxilar chega doer, minha filha é minha melhor companhia.

- Como está indo na escola? Faz tempo que não conversamos sobre isso. - pergunto enquanto tiro algumas espumas do meu rosto.

- Está indo bem, mãe! - diz abaixando o olhar e mordendo os lábios, o que indica que está mentindo, ela sempre faz isso enquanto mente.

- Olha, antes de ser sua mãe, sou sua amiga, você sabe disso, não é? Quero que sempre confie em mim para contar tudo, eu também confio em você para contar tudo, lembra que sempre guardamos nossos segredos uma com a outra?, este é nosso lema! - digo passando confiança a ela, sempre fomos assim, conselheira uma da outra.

- Eu sei disso, muito obrigada, como está indo no seu trabalho? A tia falou que você trabalha com um bonitão. - arregalo o olho quando escuto a última palavra e ela tampa a boca se castigando por soltar isso, logo começo a rir.

- Eu não acredito que sua tia está falando isso, será que ela esqueceu que você é criança ainda? - balanço a cabeça inconformada com a língua solta da minha irmã - Mas está indo bem, a mamãe está trabalhando muito, está sendo cansativo, e esse aí que sua tia falou é só um amigo meu que também é dono da empresa junto comigo, e ele é um chato, você acredita? - ela começa a ri.

- Você pode trazer ele algum dia aqui para eu conhecer? - pergunta com um beisinho meigo.

- Quem sabe um dia eu trago. - ela sorri e concorda.

- Na escola está sendo difícil. - diz mexendo nos dedos e respirando fundo.

- Por quê? - mostro interesse na conversa para ela confiar em mim para contar.

- É que... umas amigas minhas estão fazendo piadas por eu não ter um pai como elas... eu não estou gostando disso, mãe! - diz com os lábios trêmulos e olhos marejados.

- Filha... - respiro fundo procurando forças - Se você não está gostando tem que pedir para elas pararem, isso não é legal.

- Eu só queria ser que nem elas, por que eu não tenho pai? - me pergunta com a voz baixa.

- Já falamos sobre isso, lembra que a mamãe te contou o que aconteceu?

- Eu sei que ele foi embora e você se tornou meu pai também, mas não é igual, os pais das minhas amigas sempre vão buscar elas na escola e eles ficam se abraçando e comigo é a tia que me busca, eu me sinto diferente, por que ele foi embora? Não gostou de mim? - Esse é um assunto delicado para nós duas, eu nunca sei o que falar nessas horas, nem o que responder.

- O problema não é em você, filha. A mãe não sabe o porquê dele ter ido embora, mas não importa mais, estamos felizes juntas, não estamos? Eu prometo que vou cuidar de você para sempre e nunca vou te deixar, desculpa por te fazer passar por isso. - meus olhos nesse momento já estão tomados por lágrimas.

Ronaldo, genitor de Ayla, me abandonou quando descobri a gravidez, me humilhou pedindo DNA e dizendo que a filha não era dele e que eu tinha o traído, nunca fiz questão de provar nada, fui embora e meus pais me deram suporte para seguir com a vida e cuidar da minha filha, nunca mais tive notícias dele, ele negou a própria filha e isso não entra na minha cabeça, não consigo entender como um homem pode ser tão baixo a ponto de fazer isso, Ayla sempre me perguntou sobre o pai e sofre desde pequena com a falta dele, isso me parte o coração, mas consegui criar ela e estou conseguindo, só não consigo suprir a falta do pai, mas dou o meu máximo para isso sempre, e me culpo por ter engravidado de um péssimo homem.

- Mãe, você pode arrumar um pai para mim? - pergunta me olhando com um brilho nos olhos diferente, talvez a ideia de que eu possa arrumar um pai para ela, deixa a mesma animada.

- Como? - pergunto tentando intender melhor o que ela quer.

- Arruma um namorado, a tia me contou que você foi passear com um moço. - sinto que contém animação em sua voz e isso me assusta.

- Não, eu não posso arrumar um pai para você, isso não tem jeito, não tem como eu arrumar um namorado e ele ser seu pai, meu amor.

- Por favor, não precisa ser um namorado então, que tal um amigo? Ele pode cuidar de mim que nem os pais das minhas amigas. - diz batendo palmas com a ideia.

- Ayla, não é assim que funciona as coisas! Não tem jeito arrumar um pai do nada para você, isso é impossível. - digo negando todas as hipóteses de eu arrumar um pai para ela, que ideia maluca.

Ela fecha a cara e cruza os braços, parece que a madame não gosta de ser contrariada, puxou a mãe dela.

Curtimos o resto da noite juntinhas, e não falamos mais nesse assunto absurdo.

...Continua......

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Comments

Ana Beatriz

Ana Beatriz

kkkkkkkkkkk

2022-12-21

0

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