Capítulo 5

O dia estava cansativo, estávamos concluindo uma instrução prática de sobrevivência no mar, simulando uma situação de náufragos de 24 horas. 

Olho para o Comandante Rafael Torres desanimado e pergunto.

- Éramos assim?? Tão… Inexperientes??

-    VOCÊ, não era !!  - Rafael me responde dando risada e batendo em minhas costas. - Você era um dos alunos mais focado e obstinado que vimos chegar até aqui, você, Gustavo Alencar e Rodrigo Cunha eram um trio fantástico. 

Rafael Torres era o Comandante da corporação de bombeiros militares, aos seus 45 anos e 25 de carreira ele é uma máquina! E apesar de ser rabugento e assustar a maioria das pessoas, eu o tinha como um exemplo a ser seguido.

Ao ouvir falar no meu falecido amigo Rodrigo expresso uma cara de amargura.

Volto a olhar para a turma de 15 cadetes em treinamento, dou a ordem de saírem do mar para que finalmente pudéssemos  voltar ao quartel.

Após quase 25 horas entro no quarto de descanso do quartel e  tiro o uniforme, me jogo no sofá, precisava tirar alguns minutos de sono, tomar um banho demorado, checar minhas mensagens e quem sabe ver a reprise do jogo.

Fecho meus olhos por alguns segundos, estava sem forças pra levantar nesse momento.

-  Major Mancini, Telefone para o Senhor. 

Dou um longo suspiro e olho para Caio parado a porta com o telefone sem fio em suas mãos.

-  Quem é?? Eu tô cansado, não quero ser incomodado agora.

-   Desculpe Senhor, mas é a Senhora sua mãe.

Claro que seria ela, quem mais me ligaria? Eu quase não tinha uma vida desde que subi de patente, mal tinha tempo pra uma rapidinha com alguma gostosa que conheci em bar!

Quando não estava no trabalho, estava dormindo no meu minúsculo apartamento, quando não estava dormindo, estava fazendo serviços voluntários em escolas.

Levanto da cama e pego o telefone.

-   Obrigado Caio. 

Me sento na beirada da mesa e levo o telefone ao ouvido com um sorriso no rosto, fazia tempo que não visitava minha cidade natal, eu tinha boas memórias de lá.

-   Oi mãe, Bença....

\*\*\*\*\*\*

Desligo o telefone atormentado com a notícia, tento assimilar as palavras nervosas e chorosas da minha mãe, eu precisava vê-la e apoiá-la neste momento e estar ao lado do meu pai, não que eu e ele tenhamos um bom relacionamento, mas agora ele estava na cama dum hospital e eu tinha a obrigação de ir.

-   Aconteceu algo Major Mancini?? 

Rafael Torres me faz sair dos meus pensamentos, olho para ele visivelmente preocupado parado de braços cruzados na porta.

-   Coronel, acho que precisarei tirar aquelas férias atrasadas. 

-   O que houve?? Você nunca tira férias, já é difícil te tirar do quartel. 

Eu estava visivelmente abalado, coloco a mão na cabeça passando os dedos entre meus cabelos

-  Meu pai… Meu pai sofreu um acidente enquanto dirigia e bateu o carro, está internado na UTI, e eu preciso voltar para casa para ajudar minha mãe.

-  Minha nossa, vamos organizar e você estará em um avião ainda esta noite! 

Agradeço ao coronel do quartel, e arrumo as papeladas para minha licença de um mês, reservo uma passagem de avião para logo cedo. Era um vôo de algumas horas. Ao menos eu poderia descansar antes. 

_______

Nathaly.

Chego em casa já era quase meia noite, fiquei acompanhando a senhora Mancini esperando notícias, aparentemente o Sr Mancini não se feriu gravemente, embora estivesse fazendo vários tipos de exames detalhados e demorados para saber mais, ao que parece tinha haver com o coração.

Dou um longo suspiro ao tirar um cabide com o vestido que eu usaria amanhã na festa do chá de Patrícia. Já havia se passado uma semana desde que confirmei minha presença,  eu precisava de clientes.. Precisava acordar cedo e preparar os doces para levar. 

Eu iria entrar sorrateiramente no círculo das socialites na qual eu havia nascido e sido jogada de escanteio. 

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