Nos braços da morte.
Sobreviver à morte é algo impactante e que, sem dúvida, marca a vida de qualquer pessoa, mas... como processar quando é a própria morte quem decide não apenas te dar uma oportunidade, mas ser seu guardião? Vou contar a vocês a forma pouco convencional pela qual conheci Mikael, o amor da minha vida, aquele homem de olhos cinzentos que não é outro senão a própria morte, aquela que veio me salvar da maneira como alguém pode salvar uma mulher.
Quando criança, meu pai costumava contar a história do beijo da morte enquanto me ensinava a jogar xadrez. Aquela princesa enganada a se casar com o rei mais feio que jamais havia sido visto, mas que, durante uma dança, a qual meu pai interpretava durante o jogo, ela colocava veneno nos lábios após usar um protetor para que não fizesse efeito nela e, em seguida, seduzia o rei até que caísse em seu jogo para dar-lhe um beijo, e com esse beijo, ela dava a morte ao seu algoz.
A partir daí, sempre associei o beijo da morte ao fim da vida. Outras histórias descrevem uma caravela que usa um manto negro e persegue suas vítimas até levar suas almas...
Aqui está a verdade por trás da morte e a forma como ela se tornou a transportadora de almas.
— Por favor, pare..., — imploro, já sem forças, enquanto aquele desgraçado, o quarto homem para ser mais exata, se deleita com meu corpo. Meus lábios estão secos e minha voz sai como um leve sussurro...
— Pare de chorar, todos sabemos que você gostou, — diz um deles, olhando para mim. Aquele que está comigo estremece enquanto se descarrega dentro de mim. — Eu não tenho mais lágrimas para derramar. —
— Eu quero de novo! — exclama outro.
— Faça rápido ou você vai ter que fazer com um cadáver, não acredito que ela aguente por muito mais tempo, — comenta aquele que está saindo de mim. Eu nem sequer consigo protestar. O homem abaixa as calças; mas justo nesse momento o céu se ilumina e o som de um trovão ressoa muito perto.
— É melhor deixar pra lá, vai chover, nesse lugar costuma cair raios e só queremos uma morta. —
— Maldição! — reclama o bastardo por não conseguir saciar seus desejos enquanto sobe as calças; em seguida, ele saca uma arma e aponta para minha cabeça.
O mais velho deles, um homem de cerca de 55 anos e aparência deplorável, o segura.
— Espera, deixa ela sofrer um pouquinho mais, por cachorra, não há mais poder humano que a salve, — ele se agacha e aperta meu rosto obrigando-me a olhar para ele. — Você gostou? — Ele me força a mover a cabeça em sinal de afirmativo; todos riem da forma cruel como sou tratada e se afastam, fazendo piadas sobre o abuso que me fizeram sofrer .
Jogada naquele terreno baldio, no meio do mato que me oculta completamente dos olhos humanos, meus agressores se afastam, deixando-me agonizando depois de ter sido abusada por esses quatro desgraçados... aqueles que foram enviados pelo meu noivo; o homem que eu amo... ou amava.
O sangue jorra da minha boca e nariz, impedindo-me de respirar, meu corpo exposto e cheio de hematomas é prova da brutalidade da qual fui vítima, não tenho forças para me levantar, tampouco é algo que desejo fazer, lágrimas silenciosas brotam dos meus olhos. Minha mente reproduz em câmera lenta cada cena que marcou minha vida, os beijos da minha mãe, o abraço do meu pai, o dia em que Camilo pediu minha mão... e por último, meu primeiro beijo, aquele beijo terno aos dez anos, apenas o toque dos lábios daquele menino de olhos cinzentos.
Começo a tossir e os coágulos de sangue são o claro sinal de que a hora de partir chegou; meus olhos se fecham e eu me entrego ao meu destino enquanto as gotas de água caem impiedosamente sobre minha pele machucada e exposta.
Meu corpo se eleva e eu me pergunto se é assim que se sente ao morrer, como se braços quentes e fortes te carregassem para confortar sua alma.
— Você precisa lembrar disso, não é um pesadelo, é a sua realidade... Não deve esquecer, te dou um ano... não se esqueça, não haverá mais oportunidades. — Ouço uma voz grave e profunda sussurrando em meu ouvido. Tento abrir os olhos, mas não consigo fazê-lo completamente, só vejo esses olhos cinzentos iguais aos daquela criança, mas que pertencem a um homem, seus lábios se unem aos meus em um beijo puro, o beijo da morte? Não sei por que minha mente associa. Esse beijo que sem saber me traz de volta à vida. — Agora respire, você deve fazer isso, respire, sua vida depende disso. Evite que isso aconteça novamente. — Ouço novamente sua voz sussurrando, o abraço e inalo seu aroma enquanto volto a respirar.
Meus olhos se abrem repentinamente e me levanto da cama em busca de ar para os meus pulmões; quando estabilizo minha respiração, acendo uma lâmpada, verifico a hora no relógio de mesa e ele marca doze e dois minutos da madrugada. Instintivamente, meus dedos acariciam meus lábios, sentindo a suavidade dos lábios com os quais sonhei. Levanto-me, procuro por marcas em meu corpo e estranhamente encontro algumas, como se tivessem me espancado, fico surpresa e rapidamente levo minha mão até a minha intimidade, mas está tudo bem, volto para a cama e deito na almofada. Essa voz ressoa em minha cabeça. — Você precisa lembrar disso, não é um pesadelo, é a sua realidade... Não deve esquecer, te dou um ano... não se esqueça, não haverá mais oportunidades — Cheia de angústia e milhares de perguntas, volto para a cama; me digo repetidamente que tudo é um pesadelo, mas... e as marcas em meu corpo?
Fecho os olhos tentando dormir, mas é em vão, lembro de tudo o que sonhei e meus olhos se enchem de lágrimas; choro inconsolável como se estivesse vivendo um luto.
— Seu namorado te manda esse presente, tenha-o presente a cada segundo que estiver conosco — Minha mente repassa repetidamente os fragmentos do meu pesadelo e a cada vez parece mais real. E se não foi um sonho? E se na verdade estou vivendo uma segunda chance? Ou talvez a terceira. Com isso em mente, depois de não sei quanto tempo, consigo finalmente pegar no sono; mesmo assim, essa voz continua ecoando em meu subconsciente.
Nota da autora.
Bem-vindas, minhas amadas leitoras.
Este é o primeiro capítulo, do dia de hoje e em geral, mas não se preocupem, faltam dois, pensei em subi-los juntos, mas visto que várias já estão procurando a história e não a encontram, decidi subir o primeiro. Em geral, atualizarei dois capítulos diariamente como é costume, mas tentarei que sejam três e só descansarei aos domingos, a ideia é não demorar muito.
Eu as amo e obrigada por embarcarem nessa nova viagem ao meu lado.
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Atualizado até capítulo 59
Comments
Nalva Ferreira
parabéns estou começando a ler e já estou amando a história ❤️
2024-06-20
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Rosária 234 Fonseca
amei o tema do seu livro parabéns autora estou começando agora e já gostei . que situação complicada dessa moça. espero que essa chance ela possa fazer o que deve ser feito agora vamos ver o q ela vai fazer o o tempo que ganhou
2023-10-30
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Juuh Lima
amo livros diferentes dos temas abordados, amei o primeiro capítulo.
2023-10-30
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