05 Tristeza, Cumprindo as ordens

Semanas se passam e Luna ainda está em profunda tristeza, mesmo sabendo que seus pais inventam muito, depois de procurar por notícias está quase acreditando que nunca mais verá seu amor, ele a procuraria com certeza, só lhe resta chorar e lamentar para sempre sua ausência, infelizmente não há outra alternativa a não ser enfrentar o tal casamento, desde que voltou nem sequer viu o tal noivo, arrumam sempre uma desculpa e ela nunca o conhece, na verdade nem seus pais o conhecem o que os tornavam mais cruéis.

Luna precisa estar bem para o casamento, sua mãe a inferniza todos os dias dizendo que está abatida, então resolve comer bem para evitar mais falatório, quando termina o café sente tontura, o resto do dia passa muito mal e decide descansar, com o passar dos dias seus pais chamam o médico e a descoberta a deixa em choque, mas ao ouvir o que seu pai diz entra em pânico.

—  Prepare tudo para o aborto, ela não vai ter esse filho.

—  Nãoo, meu filho nãoooo. —  Ela chora baixinho.

Luna fica pensando em como vai impedir tal crueldade, jamais iria tirar a única lembrança de seu único e verdadeiro amor, ela precisa lutar, por seu filho e vai enfrentar o pai mesmo correndo o risco de levar uma surra.

Aldo prepara tudo, chama o médico e leva Luna para a clínica, durante o caminho eles brigam o tempo todo.

—  Você vai tirar essa criança, depois poderá ter outros.

—  Não, eu não vou, o corpo é meu. —  Luna retruca.

—  Quem manda em você sou eu menina, e você vai fazer esse aborto. —  Aldo fala bravo.

—  Não vou, pappa por favor, eu caso para você ter o seu dinheiro ou seja lá o que for, mas o meu filho não. —  Ela implora e vê ele suspirar.

—  Não tem conversa Luna, ande saia do carro.

Luna tenta fugir mas os seguranças a pegam, ela grita e começa a chamar atenção, o médico vendo toda a situação começa a temer e depois levar um processo.

—  Sua filha tem o direito de escolha, se no futuro ela quiser pode me processar, a minha carreira é mais importante que o seu dinheiro Sr Aldo. —  O médico fala tenso.

—  Você sabe com quem está falando doutor?

—  Sim, mas aqui eu sou médico, e ela a paciente, e você já viu o que causou lá fora? —  O médico mostra na janela.

Luna consegue escapar durante a conversa e começa a gritar que estão tentando tirar o filho dela, Aldo se enfurece mas ao mesmo tempo sente orgulho, nesse momento vê que ela é como ele, decidida e determinada, vendo que não ia conseguir mais nada a chama bravo.

—  Ja chega Luna, vamos para casa, você vai se casar sem causar problemas ok?

Luna suspira aliviada e o segue, uma batalha vencida, ela podia até se casar mas tirar o filho não, e também não permitiria o futuro marido lhe tocar, mas ia fazer de tudo para fugir, ou tornar a vida dele impossível que lhe daria o divórcio.

O casamento já está muito próximo, Luna tem se comportado muito bem e assim pode sair e sempre procura por Lorenzo, mas não há uma notícia sobre aquele dia de um homem indo pro hospital baleado, será que seu pai? Ela treme só de pensar e continua pesquisando, nada na internet também.

—  É meu bebê seremos eu e você, saiba que você é fruto de muito amor. —  Luna fala alisando a barriga.

O fim de semana chega e com ele o casamento, lá está Luna de frente ao espelho se vendo de noiva e nada feliz, só quer que isso acabe, depois uma nova tortura começa, pelo jeito o homem tinha aceitado bem sua gravidez, ou seu pai nem contou, algo que ela teria de resolver sozinha provavelmente, sua mãe bate na porta e ela pega o buquê.

—  Olha até que ficou bonita, tirando essa coisa horrível na cara. —  Barbara não perde a chance de humilhá-la.

—  Vamos logo acabar com isso. —  Luna fala seca.

—  Seu noivo ainda não chegou, pode ficar aqui. —  Aldo chega na porta avisando.

Luna suspira e senta na cama, a gravidez sempre a deixa indisposta, e agora esse noivo não chega logo só para piorar, quanto mais tempo mais mal ela fica, só resta esperar, meia hora se passa e finalmente seu pai aparece.

—  Eu preciso de uma fruta, a não ser que quer me ver desmaiar na cerimônia. — Luna fala cansada.

—  Vamos para a sala e peço, a cerimônia ainda vai começar então tem um tempinho. —  Aldo fala sério.

Luna agradece e o segue, depois de comer uma fruta se sente melhor e o pessoal anuncia que já é hora dela entrar, para sua infelicidade ia se unir a um homem que não conhece, quando tudo o que mais queria era estar naquela cabana com seu amor, nunca deveriam ter saído.

A cada passo que dá Luna sente sua liberdade indo embora, seu coração ainda mais despedaçado, se não fosse o filho ela seria capaz de cometer uma loucura, a música começa a tocar e ela respira fundo, fecha os olhos por um segundo e pensa em Lorenzo, como queria ele ali naquele momento, mas é impossível, quando abre os olhos fica cabisbaixa para que ninguém repare sua cicatriz, o noivo no pequeno altar ali montado se vira e fica intrigado, Luna cria forças e ergue o olhar, seu coração acelera, seu corpo estremece, seu pai a segura para não cair, é uma mistura de sentimentos e emoções, não é possível que seja ele, seus olhares se encontram e ela sorri, lágrimas rolam, mal pode acreditar que seja mesmo real, mas porque ele não procurou por ela? Sua mente fica confusa, uma parte quer correr até ele e outra se sente triste pela angústia que sofreu, mas ali está seu herói, Lorenzo só pode ser ele, tem que ser.

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