Capítulo 15

Estou com quase 9 meses de gestação e praticamente tudo ficou mais difícil depois que a barriga cresceu ,cada chute,cada mexida, mesmo sendo uma emoção diferente a cada vez que acontece, é também um tipo de dor mais forte,já que minha gravidez foi complicada por conta de tudo que aconteceu ao longo dela. Maximo ficou ainda mais protetor e cuidadoso comigo desde o acontecido com Max e mesmo que eu queira esquecer ,ainda tenho pesadelos a noite.

Como de costume estou assaltando a geladeira na madrugada enquanto todos dormem,pedi a Amanda que viesse por uns dias ficar comigo já que Lexy estava viajando com algum peguete.Enquando preparo um pão com doce de leite misturado com presunto,escuto passos no escuro e fico em estado de alerta.

-Calma sou eu amiga. -Diz Amanda acendendo as luzes.

-Que susto você me deu hein... -Digo voltando a me sentar.

-Serio que você tá comendo isso..Eca que nojo.. -Diz e faz cada de enjôo e eu rio.

-Espera só quando você estiver grávida ,vai ter desejos e fazer combinações tão nojentas e gostosas ao nosso olhar como essa aqui. -Falo fazendo careta e dessa vez ela quem ri.

-So vim beber água mesmo,não posso tirar um pão recheado tão gostoso de uma jovem grávida... -Fala irônica enquanto beberica a água.

-Sai daqui peste. -Digo jogando um pedaço de pão nela.

Ela sai da cozinha rindo baixo enquanto sobe as escadas. Termino meu lanche tranquilamente e depois de deixar tudo limpo volto para o quarto. As escadas estão cada vez mais difíceis de subir,estou pensando seriamente em me mudar para o quarto de hóspedes por um tempo.

Depois de escovar os dentes me deito ao lado de Máximo e cochilo por alguns minutos até ser acordada por dores intensas na barriga.Calmamente tento me levantar enquanto seguro na cabeceira da cama,logo que estou em pé sinto um líquido quente e meio viscoso escorrer pelas pernas enquanto suja todo o chão. Desesperada acordo Máximo e em meio a gritos de desespero e ansiedade ele pula da cama e veste sua roupa rapidamente enquanto me leva para baixo. Amanda logo desce as escadas enrolada em seu hobby e pergunta o que está acontecendo.

-Acho que vai nascer...Com toda certeza foi a bolsa que estourou e eu nem tive tempo de arrumar a mala do bebê. -Digo enquanto caminho de um lado para outro enquanto Máximo pegava o carro na garagem.

-Calma amiga respira fundo! Vai dar tudo certo. -Diz enquanto passa a mão pelas minhas costas tentando aliviar a dor das contrações.

-Eu não sei se vou conseguir.... Dói demais ... -Digo entre o choro e gritos.

Logo aparece Máximo e me leva para o carro com pressa.

-Eu levo as coisas do bebê fique tranquila,logo estarei lá. -Digo Amanda enquanto fecha a porta.

......................

Depois de um bom tempo em trabalho de parto,escuto aquele choro fino e ardido invadir meus ouvidos e dar a sensação de paz.Meu mundo se encheu de alegria ao ver o rostinho daquele pequeno bebê que ao se aconchegar em meus braços deu um leve suspiro e um lindo sorriso.Naquele mesmo momento as enfermeiras me ajudaram a amamenta-lo.

No momento seguinte senti minhas forças se esvaindo e meus olhos pesando, não consigo entender direito o que estão falando pois sinto a cabeça pesar me fazendo fechar os olhos .

-Encaminhando para o centro cirúrgico, pressão caindo... -Diz uma das enfermeiras que estava acompanhando o parto.

-O que está acontecendo? -Fala máximo começando a ficar desesperado.

-Senhor espere aqui ,lhe direi notícias assim que puder.. -Fala outro enfermeiro enquanto ajudava com um balão de ar em meu nariz.

-Ela é minha esposa eu tenho direito de estar com ela! -Grita Máximo.

-Senhor peço que se acalme,vai ficar tudo bem... -Diz a voz ficando no fundo enquanto sinto que sou levada para outro lugar enquanto ainda estou na maca.

Nao sei o que estava havendo ,a última coisa que me veio a mente foi meu precioso bebê e depois apaguei.Enquanto meu bebê passava por uma série de exames que é preciso ,eu estive na sala de cirurgia fazendo um procedimento para que a hemorragia cessasse. Depois de ser levada para o quarto e tomar um banho rápido ,me deixaram descansar.Muito tempo depois trouxeram o bebê vestido lindamente com roupinhas brancas,parecia um anjo.

--Ele é lindo meu amor... -Diz Máximo enquanto acaricia os cabelos do bebê.

-Ele ? É um menino? -Digo surpresa.

-Sim querida...Nosso garotinho. -Fala enquanto tenta não chorar.

-Cheguei assim que pude!Aqui estão as coisas do bebê... Aí meu Deus ele é perfeito ! -Diz Amanda enquanto coloca as coisas na cama e chega mais perto para ver.

-Ja escolheu o nome? -Pergunta Máximo enquanto entrega o bebê para Amanda .

-Eu gostaria que se chamasse Bernardo...Assim como seu avô... -Digo o observando e vejo uma lágrima solitária descer e sumir em sua camisa.

-Obrigado...-Diz cochichando.

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Bernardo foi o homem que criou Máximo,já que seu pai sempre estava em viagens de negócios ou com mulheres em um hotel em alto mar.Ele nunca representou nada na vida de Máximo e acredito que quando ele morrer não fará diferença alguma. O pai dele não teve nem coragem de procurá-lo pessoalmente quando ele perdeu o avô,apenas mandou o advogado pedir uma cópia do testamento e quando soube que não tinha herdado nada ficou furioso.Desde então é uma grande batalha para ter em mãos pelo menos um terço do dinheiro que seu pai deixou.Pelas histórias que Máximo me contava,seu avô o protegia sempre de seu pai quando chegava bêbado de alguma farra,sempre tentava descontar em qualquer pessoa que visse a frente.

A mãe de Máximo morreu quando ele ainda tinha 7 anos depois de ter feito uma cesariana de emergência, infelizmente nem ela nem o bebê sobreviveram.O ódio de Máximo por seu pai Olavo ficou com mais força depois dele trazer sua amante para casa uma semana depois da morte de sua mãe Rosália.Depois disso ja era de se imaginar que tudo viraria um completo inferno. Já Coletti ,amante de Olavo, por sua vez tinha pena do coitado do menino,além de perder a mãe também tinha perdido o pai mesmo que este ainda estivesse respirando.Depois de um ano casados adotaram um bebê para deixar a casa com tons de alegria e risada,mas não foi como pensaram,já que o bebê tinha um problema de saúde e sempre ficava doentio.Muitas vezes Máximo se via obrigado a levantar de sua própria cama para cuidar daquele pequeno parasita e fazê-lo a voltar dormir para que pudesse descansar também,já que nenhum adulto vinha ao seu auxílio e já não aguentava mais ouvir o choro daquela criança.

Admiro muito o homem que ele se tornou mesmo sem ter seu pai,mas teve seu avô o qual lhe ensinou muito e me sinto honrada quem homenagear a pessoa que amou e cuidou de meu amor.

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Antes mesmo de sair do hospital,fiz umas ligações e pedi que levassem roupas,acessórios e tudo que um bebê poderia precisar,e como eu não sabia exatamente o que pedir já pedi que trouxessem tudo e eu escolheria no conforto da minha casa,uma das vantagens de se ter dinheiro.Apesar de ainda estar em dúvida se voltaria para fazenda ou iria para o apartamento,optei por voltar para fazenda,assim ficaria longe do barulho e das visitas indesejáveis que poderiam aparecer por lá.Eu me sinto completa ,meu pequeno Bernardo é um doce de bebê e é a cara do pai como sempre.A felicidade que eu sinto é imensa em saber que o amor entre Máximo e eu nos deu um fruto,e que mesmo que tenhamos começado errado foi o nosso erro mais lindo.

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