Capítulo 6

Enzo

Essa viagem está sendo bem mais rápida do que as outras, não têm muito o que resolver e consegui vários novos clientes.

Hoje estou indo para Nova York, vou ficar num hotel, mas vou visitar os meus tios, faz tempo que eles tem me cobrado. Liguei para Cecília, para saber como estão os meus filhos..., confesso que ela está a durar bem mais tempo do que as outras. Falei com Margot outro dia, ela foi bem clara, de que as crianças estão a aprontar todas com a babá. Não entendo, porque ainda não ligou para reclamar. Falei com ela pela manhã, pelo tom de sua voz, senti que aconteceu algo, fiquei um tempo na linha antes de desligar. Essa moça tem uma voz muito doce.

A viagem foi bem cansativa. Cheguei em Nova York, pela manhã. Passei o dia todo dormindo. Acordei já era quase perto da hora do jantar.

Tomei um banho, me arrumei e fui até o bar do hotel. Estava no balcão bebendo wisk, quando uma mulher muito linda chegou, ela sentou-se no balcão com uma amiga, a todo momento ficava me olhando, como não sou de ferro correspondi. Levantei meu copo em sinal de cumprimento e ela sorriu. Veio em minha direção.

Mulher: Boa noite!

Enzo: Boa noite!

Mulher: Sou Penélope Hughes! -disse a estender a mão em minha direção.

Enzo: Muito prazer, Penélope! Sou Enzo Connor! -disse a pegar a mão dela, e depositei um beijo.

Penélope: O que um homem tão bonito e rico faz aqui sozinho?! -perguntou acariciando o meu ombro.

Enzo: Talvez esperando uma mulher bonita e elegante me acompanhar! -respondi apontando para a cadeira ao meu lado.

Penélope: Que tal um jantar?

Enzo: Por mim está tudo bem!

Fomos para o restaurante de braços dados. Jantavamos conversando.

Penélope: E então Enzo? O que faz em Nova York?

Enzo: Estou a negócios!

Penélope: É empresário?!

Enzo: Sou o CEO da empresa de publicidade Connor.

Respondi por educação, mas estava estampado em seu olhar, que me conhecia muito bem. Não sou de pousar para revistas, mas sempre saí alguma notícia ou outra sobre mim, e meu nome é muito conhecido no mundo todo.

Enzo: E você? Faz o quê?

Penélope: Sou modelo! Também estou a trabalho aqui em Nova York!

O jantar foi muito entediante, Penélope é uma mulher linda, mas muito volúvel e egocêntrica! Fala apenas dela e de como é bonita e talentosa. Me arrependi amargamente de aceitar esse jantar.

(Penélope Hughes , 29 anos, modelo internacional. Mulher arrogante e ambiciosa. Seu objetivo, é tornar-se esposa de um homem multimilionário).

Após o jantar, a acompanhei até o seu andar. No elevador ela puxou-me para um beijo. Nos beijamos ferozmente, faz tempo que não saio com nenhuma mulher.

Penélope: Que tal irmos para o seu quarto gato?!

Enzo: Vamos no seu mesmo! -disfarçei.

Ela sorriu e puxou-me para o seu quarto. Transamos loucamente, estava precisando me aliviar. Assim que terminamos fui até o banheiro jogar a camisinha fora. Voltei para o quarto e comecei a me vestir.

Penélope: Aonde vai?! -perguntou a levantar-se enrolada no lençol.

Enzo: Para o meu quarto!

Penélope: Porque não passa a noite aqui?!

Enzo: Gosto de dormir sozinho! Não gosto de dividir o meu espaço com ninguém!

Sou muito objetivo.

Me despedi dela com um beijo no rosto, e fui para o meu quarto. Vi a decepção, estampada em seu rosto.

A verdade, é que realmente não gosto de dormir com ninguém, tanto... que eu e Lyana, dormíamos em quartos separados. Tomar banho com outra pessoa, também não gosto... acho muita invasão de privacidade.

Voltei para o meu quarto e assisti uma série até pegar no sono.

Ao amanhecer...

Pronto, desci para tomar o café da manhã. Tomava o café, tranquilamente quando Penélope chegou.

Penélope: Bom dia!

Enzo: Bom dia, Penélope!

Penélope: Posso te acompanhar?

Enzo: Por favor! -disse apontando para a cadeira.

Tomamos café conversando assuntos aleatórios, quando ela não falava o quanto sua família é rica e bem sucedida.

Após o café, nos despedimos e fui para a filial aqui de Nova York. Antes da reunião, liguei para Cecília para saber como as crianças estavam.

A reunião, foi muito bem sucedida. Terminou perto da hora do almoço. Pedi para o motorista, levar-me até a casa dos meu tio Diogo.

Assim que cheguei, tia Micaela já veio correndo me abraçar.Como sempre ela continua linda e muito amorosa.

Micaela: Não acredito... que saudades meu sobrinho querido! -disse num abraço apertado.

Enzo: Também estava com saudades, tia Mica!

Diogo: Quanto tempo, sobrinho! -disse vindo me abraçar.

Nos sentamos no sofá.

Micaela: Por que não avisou que estava vindo?

Enzo: Quis fazer uma surpresa!

Micaela: E as crianças?!

Enzo: Estão no Canadá! Vim a trabalho!

Micaela: Por que não as trouxe?! Ficariam aqui conosco, enquanto você trabalha!

Enzo: É complicado tia! -disse e limpei a garganta para mudar de assunto. -Mas e aí? Como estão todos?

Micaela: Todos muito bem!

Enzo: Sinto muito não ter vindo para os casamento!

Micaela: Não se preocupe, nós entendemos!

Diogo: E as empresas?

Enzo: Melhor impossível, tio! Tive uma reunião ótima aqui em Nova York... estamos a fechar um grande negócio! E por aqui?

Diogo: Tudo ótimo! Lorenzo e Isadora são uma dupla imbatível! Tem elevado muito a empresa!

Micaela: Quantos dias pretende ficar, querido?

Enzo: Apenas uns três dias no máximo!

Micaela: Onde estão as suas malas?

Enzo: No hotel!

Micaela: Até parece que vai ficar num hotel, tendo a nossa casa a sua disposição!

Enzo: Não quero atrapalhar!

Diogo: Não vai atrapalhar!

De tanto tia Micaela insistir, acabei por aceitar me hospedar aqui, ela é muito persuasiva....pedi ao motorista que pegasse as minhas coisas no hotel. O meu assistente particular está hospedado lá, pedi para que acertasse e fechasse a minha estadia lá.

Almocei com eles e a noite, tia Micaela fez um jantar com todos aqui na mansão, com os meus primos e tios. Foi uma noite muito agradável.

Após todos irem embora, fiquei sentado na área externa da casa, na espreguiçadeira perto da piscina, olhando para a noite que estava linda, bebendo um copo de wisk.

Micaela: Podemos conversar, Enzo?!

Enzo,: Claro tia! -disse ajeitando-me na cadeira.

Micaela: Sua mãe, contou-me, como está a situação na sua casa, após o falecimento de Lyana! O que está havendo com você, querido?

Enzo: Tia Mica! Realmente não quero falar sobre isso! É muito difícil...

Micaela: Sabe que de mim, não pode fugir! Está diferente, Enzo! Não te reconheço mais! Conheço muito bem você e a Sophy...

Enzo: Não sou mais o mesmo, tia! Acredito que nunca mais serei..., não imagina a culpa que carrego comigo! Não consigo olhar para os meus filhos, tia! -disse com os olhos marejados. — Essa culpa que me domina!

Micaela: Foi um acidente, Enzo!

Enzo: Ocasionado por mim!

Micaela: Pare de se torturar, querido!

Enzo: Eu não consigo, tia! Eu não consigo! -disse e as lágrimas vieram. -Olhar para os meus filhos e pensar que tive culpa, que a mãe deles morreu acaba comigo, eu os afastei para não sentir remorso toda vez que os olhar!

Micaela: Seus filhos precisam de você, Enzo! Por mais que se culpe... precisa vencer esse fantasma que te assombra... por eles!

Enzo: Não deixo faltar nada a eles, tia! Eles tem de tudo!

Micaela: Está enganado! Eles não têm você! Por mais que tente se enganar, Enzo... sabe muito bem, que o que eles precisam de verdade é do amor do pai deles! Espanta-me muito, estar agindo assim..., sendo que você e a Sophia, sentiram na pele, o que é os pais estarem longe... acreditando que o dinheiro substitui o amor!

Nunca havia pensado dessa forma, tia Micaela falando, veio lembranças minha e da Sophia. As coisas horríveis que passamos, sem ter os nossos pais por perto.

Micaela: Meu querido... seus filhos fazem tudo para chamar a sua atenção! As rebeldias deles, são os gritos implorando para o pai deles voltar! É o modo que encontram de implorar pelo seu amor! — disse e segurou a minha mão.

Enzo: É complicado, tia!

Micaela: Não tem nada que seja complicado, nós é que complicamos as coisas! Enzo... precisa se perdoar, precisa abrir o seu coração para que um novo amor entre, precisa se reaproximar dos seus filhos, caso contrário vão crescer pessoas amargas, pessoas que não sabem o que é o amor, porque não tiveram isso em casa! Vão crescer, te odiando e não por te culparem pelo acidente, mas sim porque não esteve presente na vida deles, os deixando sempre nas mãos de estranhos! A vida é muito curta, para vivermos nos culpando, para vivermos amargos... temos que aproveitar cada segundo, como se fosse o último... quero o seu bem e o bem das crianças, por isso estou te aconselhando.

Não sabia o que falar, tia Micaela mexeu na ferida, aquelas palavras doeram muito. Ela tem razão, estou agindo como os meus pais. Na verdade, até pior.

Micaela: Imagine só querido, se você e a sua irmã sofriam com a ausência dos seus pais, imagina seus filhos que não tem mais a mãe... tem apenas você!

Enzo: Tem razão tia... O que eu faço, estou totalmente perdido!

Micaela: Se aproxime das crianças, mostre-lhes que não estão sozinhas!

Enzo: Não sei como fazer isso... os meus pais tiveram a senhora, mas eu...

Micaela: Tem os seus pais, e tem a mim! Qualquer coisa é só ligar que vamos para lá imediatamente!

Ficamos ali conversando um tempo, confesso que essa conversa mexeu muito comigo.

Após a conversa, fui para o meu quarto descansar, mas não consegui dormir muito bem, os conselhos de tia Micaela, ficaram ecoando na minha cabeça.

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