Sheila estava no seu quarto, perdida nas suas lembranças, não conseguindo dormir…
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— Por que tem sempre que estar com ele? - perguntou irritado.
— É meu trabalho, Junior. Vou viajar e estarei de volta, em três dias.
— Toda vez, diz a mesma coisa... quando vê, se passa mais de uma semana. - lembrou ele.
— Você também viaja e não digo nada, porque sei que é o seu trabalho. - argumentou ela.
— Só que não durmo com o meu chefe. - disse com antipatia e em duplo sentido.
— Nem eu. E meça as suas palavras. - disse ela, entendendo o que ele quis dizer. – Durmo na casa, em hotéis com "mio papà". - "meu pai", disse ela. – Sabe muito bem, que Gigio está além de ser meu chefe.
— Esse italiano fica sempre entre nós… e sei que ele não aprova nossa relação.
— Ele só acha, que não dá muita atenção para o nosso namoro. - disse ela, chateada.
— Como vou dar atenção?! Quando acontece de passarmos mais tempo juntos, ele arruma uma viagem pra te manter longe de mim. - disse a abraçando.
— Não fala assim, foi só uma coincidência. Vou ficar me sentindo culpada. - ela o encarou.
— Vou sentir a sua falta, Bebê. - disse Junior, a beijando.
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Sheila soltou um suspiro, também sentindo falta dos momentos em que viveram juntos…
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— Onde esteve até agora, Junior?! - perguntou zangada, estando na casa dele.
— Depois do jogo, o pessoal quis comemorar nossa vitória. Como sou o capitão do time, não poderia ficar de fora. - explicou tentando acalma-la.
— Já ouviu falar em ligação, mensagem? - perguntou vendo-o acariciar os seus cabelos.
— Não fique brava comigo, Bebê… - disse ele, a agarrando e encostando-a na pia.
— Nem vem… pode me soltar. Fiquei até agora, que nem uma tonta te esperando. Meus amigos me chamaram para sair e não fui, achando que você chegaria cedo.
— Se arrepende de não ter ido com eles? - perguntou ele, colocando-a contra parede.
— Me arrependo. Poderia estar me divertindo…. - ela tentava se soltar.
— Podemos nos divertir agora. - disse a beijando.
— Não começa, Junior… - disse ela, vendo-o beijar seu pescoço. – Sei que não vai seguir até o fim…
— Combinamos que faríamos, só depois do casamento.
— Esse combinado foi somente seu. - disse ela, chateada.
— Mas podemos brincar e sei que você adora. - ele falou no ouvido dela, fazendo-a se arrepiar.
— Não quero. - disse ela, o empurrando.
— Vamos ver se não… - disse ele, a prendendo em seus braços, beijando-a com intensidade.
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Giovanni entrou no quarto, vendo-a sentada na cama, com o olhar longe, enquanto a chamava e ela não ouvia.
— Acorda, "piccola''. - "pequena ", disse ele, indo até ela.
— "Che paura", Gigio. - "que susto", disse ela, saindo de seus pensamentos.
— Sonhando acordada… "sonno perduto"? - "perdeu o sono", perguntou a aninhando em seus braços.
— Como será daqui pra frente, Gigio?! - perguntou ela, temerosa.
— "Come questo"? - "como assim", perguntou ele.
— Vou estar num lugar totalmente diferente, distante de todos que conheço.
—Mas terá "tuo fratello" e eu estarei sempre contigo. - "seu irmão", disse ele, acariciando seus cabelos.
— Vou ter que refazer minha vida…
— Tudo por causa daquele "maledetto''.
— Também tive culpa, Gigio. Deixei essa relação se arrastar por anos.
— Se não quer uma relação, nunca assuma um compromisso.
— Assim como você!? - comparou ela, o encarando.
— "Mai promesso amore a una donna". - "nunca prometi amor para uma mulher", disse ele.
— Uma não… várias. - completou ela, rindo.
— "Mio cuore è solo tuo". - "meu coração é só seu", disse ele, a beijando.
Sheila terminaria o ano entregando o seu trabalho que realizou por anos em São Paulo e seguiria iniciando uma nova etapa da sua vida, em Minas Gerais. Não queria despedidas, pois se sentiria pior. Resolveu agir como se fosse fazer uma viagem de negócios e que logo, estaria de volta.
Era final de semana… Sheila acordou em meio a caixas espalhadas pelo quarto. Abriu a janela e avistou um lindo jardim na frente da casa. A rua estava vazia, ainda era cedo e o dia estava ensolarado.
Desceu até a cozinha, encontrando a sua cunhada Lia, preparando o café da manhã.
— Dormiu bem, à noite? - perguntou a sua cunhada, terminando de passar o café.
— Dormi vencida pelo cansaço. Vou me adaptando aos poucos. - disse Sheila, pegando uma xícara.
— Os médicos não disseram pra esquecer o café puro? - lembrou sua cunhada.
— Disseram. - ela sorriu. - Mas com este cheirinho… é impossível.
— E o que vai fazer hoje? Seu irmão disse que vem mais tarde, para te levar pra conhecer a marmoraria.
— Estava pensando em ir até o shopping… Preciso habilitar uma nova linha no meu celular e comprar um livro. - disse ela, pegando uma torrada. – Vou ver se o Fabio consegue me encontrar lá.
— Nada de tomar seus remédios agora... Sabe que não pode misturar com cafeína. - disse Lia, antes dela atravessar a porta.
Sheila subiu até o banheiro, para fazer a sua higiene pessoal, tomando um banho para despertar e se arrumou, colocando uma bermuda e um top branco, vestiu um casaco branco por cima e uma sandália de salto. Deixou os seus cabelos soltos e passou apenas um protetor labial.
Pediu um carro de aplicativo, pois ainda não sabia andar na cidade e foi para o shopping.
As lojas estavam abertas quando chegou e a movimentação era grande, na qual Sheila não tinha previsto.
Apreensiva, passou a mão na sua pulseira que ficava no pulso direito, como era de costume e aos poucos tentava se acalmar. Esperou o fluxo de pessoas passarem e depois entrou, andando sempre onde tinha menos movimento.
Conseguiu resolver tudo, em um pouco mais de uma hora. Mandou mensagem para seu irmão, dizendo que estava livre e que a avisasse quando estivesse indo encontrá-la.
O movimento começou a se intensificar ainda mais, pois estava no horário do almoço. Como tinha pavor de multidão, resolveu ir para fora do shopping esperar seu irmão.
Ao atravessar a porta de saída, seu celular começou a tocar dentro de sua bolsa. Sheila não percebeu que parou próximo a alguns degraus, enquanto abria a bolsa para pegar seu celular. Quando conseguiu, sentiu sendo empurrada para frente e se desequilibrou no salto que usava, vendo que iria direto com a cara no chão.
Neste momento, um rapaz a puxou pelos braços, amortecendo sua queda no colo dele.
Eles se olharam por uma fração de segundos e Sheila atordoada com a situação, começou a lhe faltar o ar, enquanto ele a colocava de volta ao chão.
— Deveria prestar mais atenção por onde anda, ao invés de ficar pendurada no celular. - reclamou o rapaz, sem perceber que ela estava ofegante, perdendo a respiração.
Sem conseguir responder, Sheila procurou rapidamente por sua bombinha inspirando por várias vezes, até seu ar voltar. Ainda incrédula com o que tinha ouvido e vendo ele apenas a encarando como se fosse o dono da razão, explodiu…
— Antes de julgar, deveria ter visto o que aconteceu. - disse ela, ainda com a voz fraca. – Eu não estava no celular…
— E o que ele fazia na sua mão? - perguntou cruzando os braços.
— Não que seja da sua conta... Meu celular estava tocando e iria atender…
— Estava ao telefone. - afirmou ele.
— "Non ero". - "não estava", disse ela, irritada. – Nem consegui atender, quando fui empurrada…
— Porque parou no meio da porta e não olhou pra onde estava indo.
— Agora a "colpa mia"!? - "culpa é minha", disse desacreditada.
— Minha é que não foi. - ele percebeu que ela falava em italiano. – Aliás, estou esperando…
— O quê? - indagou sem entender.
— Um pedido de desculpas ou um obrigado, por ter te ajudado…
— "Aspetta seduto"... - "espera sentado", disse ela, segurando seu nervosismo.
— Cadê a sua educação? Deixou em casa… - ele a encarava, sério.
— Docinho!… - acenou uma morena para o rapaz, na porta do shopping.
— Já estou indo. - respondeu ele, sem desviar o olhar.
— Tá mais pra azedo… "scontroso"! - "rabugento", disse Sheila, percebendo que ele havia escutado.
— "Che brutta cosa"... - "que coisa feia", disse vendo-a espantada, por ele falar em italiano. – Não vai se desculpar?!...
— "Asla". - "nunca", disse ela em turco. – E não vou ficar aqui, com esta discussão que não vai levar a nada. - ela o encarou mais uma vez, antes de sair.
Parando próximo a um ponto de táxi e ao olhar para trás, Sheila viu que o rapaz não estava mais. Pegou seu celular e viu que a ligação era do seu irmão, retornando em seguida.
Combinaram de se encontrar ali mesmo, então ela ficou esperando e voltou o pensamento para o que tinha acabado de acontecer.
Nervosa com a lembrança, passou a mão no seu pulso e percebeu que estava sem a sua pulseira, ficando ainda mais desesperada.
Olhou no chão onde estava parada, revirou sua bolsa e não achou. Voltou refazendo o caminho por onde passou, entrou nas lojas e nada de ter encontrado.
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Atualizado até capítulo 91
Comments
Sonia
Poderia ter colocado só português, já que ela fala italiano. Mas prá quê inventar moda aff
2024-07-27
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