Lírio Bestial

Lírio Bestial

Prólogo

Nos arredores somente uma densa neblina levantada pela luta recém acabada, agora aquela vasto campo verde não era nada além de um vislumbre de terra e plantas mortas, é um conhecimento antigo que os humanos eram seres traiçoeiro, entretanto nunca foi imaginado que um dia eles iriam tentar um golpe para tomar o Território das fadas, ingenuidade talvez até tolice pois mesmo que fossem muito fortes, tivessem as melhores armas ou fossem os mais rápidos o resultado não seria diferente de agora e em muito brevemente essa ridícula guerra se encerraria com um resultado nem um pouco longe do imaginado. 

Caminhando em meio a ruínas de uma situação caótica já resolvida, o rei das fadas observava o ambiente em volta de si apesar da neblina formada de poeira dificultar sua visibilidade, estava a procura de soldados feridos e entre eles talvez sua irmã que assim como os demais estava envolvida na batalha. Andando alguns metros ele ganha a visão da silhueta de uma fada mais a frente, seguindo no mesmo rumo a silhueta começa a tomar a forma família daquele que era seu braço direito e escolta que no momento estava de costas olhando fixamente para o chão um pouco a frente, ao chegar bem perto este se vira para o rei fazendo uma breve reverência e antes que pudesse passar de seu amigo de confiança, ele o impede segurando um de seu ombros.

—Perdoe minha insolência majestade, mas tenho certeza que o senhor não vai querer ver isso- ele o alerta. 

—Eu sou o rei! Não importa o quão ruim esteja a situação não será uma surpresa, afinal estamos numa guerra, e devo arcar com o peso da responsabilidade pelas vidas que não fui capaz de proteger — ele responde de forma breve e digna.

Ainda relutante, o braço direito e amigo de confiança do rei libera o ombro que estava segurando dando a liberdade para ele retomar seus passos, que se estagnam pouco depois com a visão de quem estava no chão. 

— Peônia!— ele pronuncia o nome de sua irmã em descrença, incapaz de se mover mais um centímetro sequer.

No chão estava sua única irmã e a princesa mais nova do Território das fadas, seus cabelos ruivos escarlate estirados pelo chão, sua pele rosada agora completamente pálida e seus lábios carmim agora roxos, quanto a posição do seu corpo encolhida e abraçada ao corpo também morto da última pessoa que o rei gostaria de ver.

—O que ele faz aqui?— ele pergunta agora com traços de raiva presentes na voz—E como isso aconteceu?

—Não sei meu rei, infelizmente eu apenas os encontrei aqui — explicou seu braço direito. 

A raiva mesclada à tristeza cresce no interior do rei fazendo com que fechasse seus punhos com força e lágrimas começassem a brotar de forma involuntária de seus olhos. 

—Esse desgraçado, como se já não bastasse ter me apunhalado pelas costas e ferir os sentimentos da minha irmã…— seu choro o interrompe. 

—Meu rei não acho que tenha sido ele a fazer isso com sua alteza.

— O que quer dizer?— pergunta o rei sem conseguir esconder a raiva. 

Seu amigo se aproxima do rei ficando lado a lado com ele, antes de responder:

–Se o senhor for observar bem os dois, somente o corpo do humano Loide possui uma ferida letal, o corpo da princesa Peônia está intacto, porém infelizmente padecido.

Ao ouvir isso o rei confirma por si mesmo a informação apesar de ser doloroso vislumbrar aquela cena, o corpo daquele que uma vez depositou inteiramente sua confiança possuía uma ferida grande que atravessava seu abdômen, entretanto sua irmã só tinha alguns meros arranhões que não matariam nem mesmo uma criança humana quem dirá uma fada. Outra coisa chamava a atenção do rei que era a posição dos dois, Loide estava completamente esticado enquanto sua irmã com o corpo de lado abraçando o dele como se Peônia tivesse morrido depois que ele já estava morto ou ao menos incapacitado.

—Espero que perdoe o que vou dizer, mas ao meu ver parece que alguém matou a princesa, roubando a sua essência— seu amigo se manifesta. 

—Tem certeza do que diz?— o rei pergunta agora com uma voz fria sem desviar a atenção do cadáver da irmã. 

—Absoluta não, entretanto não vejo outra alternativa para explicar o atual estado do corpo de sua alteza.

Sem nenhuma palavra a mais para acrescentar, o rei vira as costas para o corpo de sua irmã mais nova andando para bem longe dali com seu braço direito o seguindo logo depois. 

—Majestade?

—Reúna os soldados sobreviventes e ordene que vasculhem o campo para recolher todos os corpos dos mortos!— o rei pronuncia-se em um tom autoritário. 

— E quanto a princesa?

—A prioridade agora é acabar com essa guerra ridícula, mas se por um acaso eu um dia encontrar a pessoa que roubou a essência da minha irmã, eu farei com que ela rasteja enquanto implora pelo dia de sua morte. 

O pôr do sol se revela forte no horizonte assim que a neblina de poeira perde sua intensidade e a guerra entre as duas raças termina meio ano depois, com o resultado mais do que óbvio. 

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Comments

Ísis Nery

Ísis Nery

Uau! Li agora e me surpreendi!!
Já adorei a história, minha querida amiga Lívis!!!
Me pegou de jeito toda a construção da tragédia para com o reino das fadas.
Já me encontro ansiosa para ler o resto!!
Pode esperar que, em cada capítulo, terá um comentário meu 🥰

2022-12-16

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