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Nada melhor do que uma xícara fresquinha de chocolate quente, principalmente nesse frio. Eu, a flor e o Cris saímos para jogar um pouco de conversa fora. É o mínimo que merecemos depois de 2 horas seguidas de ensaio.

-- Então Cris, você anda meio sumido. Aconteceu algo?

-- Não, recentemente comecei a me desligar do mundo em que sou famoso e comecei a fazer coisas normais, sabe.

-- Eu também gostaria de fazer isso. - falo, pensando.

-- E por que você não faz? - a flor olha para mim.

-- Temos os shows e vocês conhecem bem os fãs que temos.

-- Depois dos shows, vamos tirar férias, então você poderia apenas curtir com um jovem normal.

-- É, talvez eu possa fazer isso. Afinal, o que poderia dar errado?

Eles concordaram e logo iniciaram outro assunto do qual eu não quis participar. Meus pensamentos agora estão focados no que eu poderia fazer nessas férias. Acho que poderia criar uma lista sobre o que eu quero fazer, né? Peguei meu celular e comecei a criar a lista:

- Assistir ao pôr do sol no parque.

- Aprender a cozinhar.

- Fazer novas amizades.

- Dançar na chuva.

- Compor músicas apenas por prazer.

- Talvez me apaixonar (anulada).

- Comer até não aguentar mais.

- Fazer um pedido para uma estrela cadente.

-- Olha só quem encontramos novamente, Gabi. Saio dos meus pensamentos quando ouço uma voz familiar. Olhei na direção da mesma e sorri em seguida. Eram as meninas de ontem.

-- Oi!

-- Eu mereço, viu - A Gabi falando, indo até o balcão.

-- Ela me odeia muito, hein?

-- Não odeia não, ela trata todo mundo assim mesmo. Não leve para o pessoal.

-- Vocês querem sentar conosco? - A flor pergunta.

-- Não queremos incomodar - A Gabi diz, puxando a amiga.

-- Vocês vão sim, sentem - Chris intercede, dando espaço para as duas se sentarem. Elas acabaram sentando depois de muita insistência. Qual é o nome de vocês? - Chris puxa um assunto.

-- Eu sou Fernanda - uma delas fala e olha para a amiga, esperando ela responder.

-- Gabriela - ela responde sem dar muita importância e começa a comer.

-- Bom, eu me chamo Christopher, ela é a Flor e ele é o Pietro.

-- Depois de ontem, não tem como não saber disso, né? - Gabriela olha seriamente para mim.

Dou uma risada fraca e desvio o olhar, bebendo um pouco do chocolate. Por que essas coisas só acontecem comigo? - Me questiono mentalmente.

-- Ah, você é a menina que foi vista com o Pietro, né? - Olho rapidamente para a Flor - foi isso?

-- Infelizmente, sou eu sim. O amiguinho de vocês conseguiu transformar minha vida em um inferno depois de ontem.

-- Não foi minha culpa!

-- Sim, claro que não foi - falo em um tom sarcástico. Amiga, eu já vou indo.

-- Eu vou com você.

-- Não. Pode ficar bem aí.

A mesma se levanta e caminha em direção à saída. Observei por alguns segundos até que criei coragem e fui atrás dela, parando de frente para ela.

-- Saia da minha frente - ela fala, tentando passar.

-- Você poderia deixar de ser teimosa e me escutar? - Falo meio bravo, atraindo a atenção dela para mim. - Desculpa por isso, me perdoa por ontem e por amassar as folhas de vocês, por causar toda essa confusão. Não tinha como eu saber que minha fã ia causar isso. Eu não tenho controle sobre tudo isso. Eu queria mesmo mudar esse incidente, mas eu não posso e não sei o porquê você me culpa por isso.

Ela fica em silêncio por um tempo, parecendo analisar o que eu disse. Espero que ela tenha percebido que estou sendo sincero. Ouço-a suspirar.

-- Talvez, apenas talvez, você não tenha culpa. Mas peça para suas insuportáveis fãs me deixarem em paz.

-- Trato feito, amigos? - Estendo a mão. Ela encara minha mão por alguns segundos antes de apertá-la.

-- Colegas - Ela olha fixamente para mim.

-- Melhor do que nada - Sorrio genuinamente.

Ela me olhava de um jeito que parecia querer ler a minha alma, e eu estava com medo dela descobrir. Lentamente, fomos soltando nossas mãos. Ela acenou levemente e começou a caminhar. Fiquei parada, observando seu cabelo balançando de um lado para o outro. Surpreendentemente, eu estava feliz, pela primeira vez em um bom tempo.

...(outro dia)...

Cara, como eu odeio ser a terceira roda. O Thomas e o Nick estão na maior pegação na nossa frente.

-- Vocês vão ficar se pegando na nossa frente? Deixa a gente participar também, pelo menos. Vitória diz, brincando.

-- Então venha - Nick entra na brincadeira.

-- Eca, que nojo - Marina se levanta e vai para a cozinha.

Ri ao olhar para eles. Meus amigos realmente são peças raras. Quando penso que eles não podem me surpreender, eles mostram que estou errada. No momento, todos estamos na minha casa, apenas fazendo nada.

-- O que vocês pensam em fazer nas férias? - Christopher nos pergunta.

O silêncio se instalou no local. Acho que todos estão na mesma situação.

-- Nossa, eu não tinha parado para pensar. - Vitória olha para nós.

-- Eu vou passar agarradinho com o meu amor.

-- Novidade - Marina ri.

-- Acho que vou viajar com a Vi - Flor fala pensativa.

-- Como assim?

-- Você me prometeu que iria viajar comigo.

-- Verdade - Marina olha para Vitória.

-- Eu não lembro disso.

-- Mas eu me lembro, querendo você ou não.

Ah, Vitória apenas nega sorrindo, logo começando a comer. Quatro deles já têm planos. Talvez eu possa chamar a Marina para viajar comigo também, seria ótimo.

-- Eu irei visitar minha família - Marina senta ao meu lado.

-- Então, só eu ainda não tenho planos - falo pensando.

-- Se você quiser, pode viajar comigo e com a Flor.

-- Aceitou fácil, hein? - Thomas olha para Vitória, analisando-a.

-- Não tenho escolha, você ouviu ela - aponta para a Flor, que balança a cabeça concordando.

-- Obrigada pelo convite, mas vou ficar por aqui mesmo, apenas tentando ter uma vida normal.

Eles se olharam, pareciam estar repensando sobre isso.

-- Bom, se você mudar de ideia, sabe onde nos encontrar - Lanço um sorriso na direção deles. Não tenho muitos amigos por aqui, então não sei bem o que fazer e nem com quem fazer. Apenas sei que tenho que completar os desejos da minha lista. Não sei quando terei outra oportunidade para realizá-los.

...25 de maio de 2022....

Finalmente estou de férias. Não aguentava mais os ensaios. No show, pelo menos, pude me distrair do cansaço. Realmente é inexplicável a energia e o amor que os nossos fãs conseguem transmitir. Tudo foi tão incrível. Na realidade, mesmo estando muito cansado, eu faria mais, apenas para ver a felicidade de cada um deles novamente. Hoje eu iria completar o primeiro item da minha lista: andar pelo parque assistindo ao pôr do sol.

Vesti um casaco e coloquei mais um na mochila. Hoje o tempo parecia que ia esfriar. Espero que não faça tanto frio assim. Saí de casa e comecei a caminhar. Todos nas ruas estavam bem agasalhados. Não havia tanto movimento como de costume. Ao longe, observei muitos casais andando agarradinhos reciprocamente.

O outono é um ótimo mês para isso. Eu adoraria ter alguém para ficar assim comigo, porém querer não é poder. Essa é uma das coisas que o fato de ser famoso atrapalha. Parei em frente à minha lanchonete favorita, logo indo direto ao balcão.

-- Boa tarde, o que o senhor vai querer?

-- O de sempre, por favor.

-- Já volto com o seu pedido.

O mesmo saiu e eu peguei meu celular para verificar as horas. O sol já deve estar começando a se pôr. Escutei o som do sininho da porta ecoar pela loja e senti um cheiro invadir o ar. Queria olhar para saber quem era o dono desse cheiro maravilhoso, mas não tive coragem. Seria estranho demais.

-- Acho que você anda me seguindo, Pietro Ardakani.

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