Capítulo 5

Arthur acordou um pouco depois dela, tomou um banho e desceu para o café da manhã, pensando em encontrá-la lá e falar com ela antes de partir.

Ao chegar à sala de jantar, cumprimentou os presentes.

__ Bom dia.

__ Bom dia, filho. Sente-se e tome o café da manhã antes de partir.

_ E Elizabeth? Perguntou Arthur, pressentindo que não ia gostar da resposta. Antes de descer ao café, ele passou pelo quarto dela e ela não estava lá.

_ Ela saiu cedo para visitar a tia Clemência, respondeu o conselheiro um pouco nervoso. Na mesa, todos sentiam a rigidez do corpo do jovem, que apertava os talheres com força.

O rei estava atento para que seu filho não cravasse o garfo no pobre conselheiro, que, apesar de ter tentado persuadir sua filha, não havia conseguido fazê-la ficar e se despedir do príncipe antes de viajar de volta à capital.

_ O que temos aqui? Disse Arthur, mostrando um sorriso um tanto malvado.

__ Bem, filho, você conversará com ela quando voltar, falta apenas um mês para voltar à capital.

_ Você está certo, mas deixarei algo claro na frente de todos: Elizabeth será minha noiva, minha esposa e minha rainha, portanto, não pode receber propostas de nenhum tipo, disse ele, apontando o garfo de forma ameaçadora para o conselheiro.

-Entendido jovem príncipe - disse o conselheiro, enxugando o suor da testa com seu lenço - Sabia que sua filha não tinha nenhum interesse em Arthur, o que o colocava em um grande dilema e Elizabeth partiria para a capital sem se importar com a opinião de ninguém.

-Bem, filho, termine de tomar seu café tranquilamente. Vou mandar subir sua bagagem para o carro. Essa caixa deve ser levada com você, são biscoitos que a babá preparou para Dorian-.

Arthur apenas assentiu com a cabeça. Quando o deixaram sozinho na sala de jantar, sua expressão se obscureceu e ele pensou em Elizabeth, em como ela havia fugido de propósito para evitar que ele falasse sobre seus sentimentos, mas depois que a insolente de Amelia se mostrou para eles, ele não a culpava.

Ele terminou de tomar café, entrou no carro e partiu.

Após duas horas de viagem, Elizabeth foi recebida por sua tia Clemência e suas primas Anastasia e Griselda, todas estavam muito felizes em recebê-la.

-Elizabeth querida, nos conte tudo, como está prestes a se comprometer com o príncipe Arthur?- perguntou sua prima Anastasia, de 19 anos, que sempre estivera apaixonada por ele.

Na verdade, seu tom era de reprovação, já que desde crianças elas brincavam e fantasiavam que ambas eram rainhas, Elizabeth se casava com o príncipe Dorian e Anastasia com o príncipe Arthur. Assim, sua prima se sentia um pouco traída e decepcionada com a conduta desonesta de Elizabeth.

-Não, Anastasia, não pense isso, você sabe que amo Dorian, mas ele não pôde ir à festa de minha apresentação e pediu a seu irmão que viesse em seu lugar para espantar os jovens interessados em mim. Não tenho planos de casar por agora, irei estudar na capital em dois meses e se me comprometer com alguém, meu pai me impedirá de deixar o reino - explicou Eli.

-Mas essa ação do príncipe deixa você em uma situação muito ruim, minha querida. Imagine o que vão dizer quando se comprometer com Dorian, acharão que ficou com os dois irmãos - disse a tia preocupada.

-Eu sei, tia, mas não se preocupe. Digo isso apenas a vocês porque são minha família e não quero que pensem mal de mim. Vou à capital não só para estudar, mas também para viver lá. Não ficarei mais aqui lidando com todas essas regras tolas, quero ser livre e não me preocupar com aparências.

-O que? -surpreendeu-se a tia, quase cuspindo seu chá.

-Você enlouqueceu, Eli? Já é bastante atrevido ir sozinha à cidade grande para estudar, imagine para morar lá, sozinha. Não é digno de uma donzela como você.

-Vê, tia? Esses preconceitos não existem na capital, lá é normal. Inclusive, muitas jovens vivem juntas em pequenos apartamentos para dividir as despesas.

-E como você sabe tanto sobre isso se nunca deixou o reino?-- Perguntou Griselda, de 15 anos, expressando sua opinião pela primeira vez.

- Porque Dorian me escreve todas as semanas e eu lhe pergunto muitas coisas sobre os costumes e a vida das estudantes na cidade.-

- -Bom\, vamos parar essa conversa. Não quero que Griselda se entusiasme com seus planos. Jamais permitirei que ela se afaste do Reino.- disse Clemencia em tom de advertência para sua filha mais nova.

Mas Anastasia ainda tinha perguntas para sua prima:

- Então\, querida Elizabeth\, posso continuar com meu plano de reconquistar o príncipe Arthur quando voltar ao Reino？-

- Por mim\, tudo bem. Mas\, como você é minha querida prima\, vou te avisar que ontem\, durante o baile\, ele beijou uma mulher com quem me parece ter encontrado várias vezes anos atrás em algumas reuniões. Devo dizer que foi um beijo longo e apaixonado. Até agradeci diante dela por ela fingir interesse em mim para evitar mal-entendidos. Não quero ter inimigas sem motivo algum.-

- Mas como isso é possível? Que donzela pode ser tão imprudente a ponto de beijar sem um acordo prévio?--

- Na verdade\, não sei. E como não era do meu interesse\, não perguntei. Bem\, já está tarde. Melhor eu ir antes que escureça.- disse Elizabeth\, despedindo-se de seus familiares e subindo na carruagem.

O Rei e o conselheiro estavam jantando quando ouviram a aproximação de uma carruagem. Ambos ficaram surpresos, pois não estavam esperando ninguém. Pouco depois, o mordomo informou que era a senhorita Elizabeth que havia chegado.

Seu pai, sem hesitar, levantou-se da mesa para recebê-la.

- Pelo amor de Deus\, Elizabeth\, como você tem coragem de voltar tão tarde? Eu pensei que ficaria com sua tia. Me informaram que você estava com bagagem- \, disse ele.

- Ah\, era só uma pequena mala com alguns presentes para minhas primas. Mas eu me senti desconfortável e decidi voltar. Minha tia expressou descontentamento com minha viagem à cidade e eu decidi voltar imediatamente. Você sabe muito bem\, pai\, que eu não gosto que questionem minhas decisões- \, respondeu Elizabeth\, levantando o queixo e cruzando os braços.

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