A Ceo E O Cadeirante Cego
^^^( Essa é **Emma Carter**)^^^
Sinto as lágrimas escorrerem de meus olhos enquanto ouço o desespero forçado de minha madrasta Margaret e de meus irmãos. Eu não estava lamentando por eles, mas por meu pai, que ditava suas últimas palavras para mim antes de nos deixar.
— Minha Emma, não sabe o quanto lamento não ter impedido a morte de sua mãe. Ela foi a única em meu coração, sempre será — murmurou próximo a mim como se estivesse me contando um segredo, mas eu sabia, todos nós sabíamos disso. — Quero que cuide da nossa empresa, tenho certeza que sua mãe ficaria orgulhosa, assim como eu.
— Papai, farei com que a empresa prevaleça. Ela estará segura em minha mãos, não há com que se preocupar. — Tentei confortá-lo, ele sabia mais do que ninguém o quanto sou problemática, principalmente quando não o ouvia e fazia o que ele não queria.
— Eu sei disso, mas quero que me conceda algo antes que eu morra. Case-se com um homem bom, alguém que irá ajudá-la a seguir em frente. Me prometa. — Suas palavras foram interrompidas por suas tosses rebeldes que insistem em atormentá-lo até mesmo em seus últimos momentos.
— O que o senhor quiser, papai. — Sorri em meio às lágrimas, só eu sabia o quanto me culpava por chegar tarde demais. E todos me julgavam por isso, exceto ele. — Eu prometo.
Segurei firmemente em suas mãos trêmulas, não tínhamos mais nada a dizer, mas nossos olhares eram tudo, eram o bastante para significar o quanto nos amávamos. Parecia que estávamos sozinhos em nosso mundo improvisado, já não ouvíamos os escândalos de Margaret, nem mesmo dos soluços falsos dos meus meio-irmãos. Aos poucos, seus olhos foram se fechando, como se tivesse acabado de tomar os seus remédios para dormir.
Deixei aquele quarto com um único pensamento: Eu faria valer a pena cada minuto que meu pai gastou de sua vida para me dar o melhor. Me casaria com o homem que me ajudaria a prevalecer na empresa, assim como minha mãe fez por meu pai.
Desci as escadas aos prantos, a procura do único que me deixaria desabar em seus braços. No entanto, eu não o encontrava em lugar nenhum, e eu me senti sozinha pela primeira vez em minha vida.
Repentinamente, quando deixei a mansão a caminho dos portões de entrada com a esperança de encontrá-lo à minha espera, ouvi vozes familiares. Meu coração se despedaçou no mesmo instante em que reconheci os longos cabelos loiros de Ava sendo acariciados por meu namorado de longa data, Peter.
Muitas coisas passaram pela minha cabeça, e o desejo insaciável de matá-los quase sucumbiu à minha mente. Mas me controlei, pensei em todas as vezes em que fui cega a ponto de não ter imaginado isso, essa relação suja e nojenta entre eles. E todas as peças se encaixaram, cada uma delas roubando de mim o que eu mais tinha de bom.
Minhas lágrimas finalmente cessaram, demorei um pouco para me recompor antes de deixar aquele lugar. Eu não queria transparecer sofrimento e angústia por aquela traição diante deles, por mais que ainda estivesse doendo como o inferno.
Quando tive forças o suficiente para mover as minhas pernas, suspirei o mais alto que consegui para chamar a atenção que eu queria. Logo, os olhares espantados deles se voltaram para mim quando caminhei em direção ao meu carro, onde o meu motorista particular me esperava como se nada tivesse acontecido.
— Emma, espere! — A voz de Peter ecoou como um cachorrinho arrependido pelo que fez. — Não seja estúpida! Não sabe o que realmente viu aqui!
Após suas palavras cruéis, imaginei o quanto eu estava sendo idiota por deixá-lo falar assim comigo, ainda mais por perceber que ele provavelmente faria isso pelas minhas costas sabe-se lá por quanto tempo. Isso doeu, já não foi o bastante a perda de meu pai?
— Olha, Emma. Eu… — Virei-me em sua direção antes que ele pudesse dizer algo que fizesse meu sangue ferver, os olhares de Ava estavam sobre nós e ela não tinha nada a dizer, afinal, tinha sido pega no flagra. Meu motorista então, estava em alerta, esperando qualquer sinal para que pudesse intervir uma possível briga.
Não houve tempo para que cada um de nós pudesse raciocinar o que estava acontecendo, desferi o melhor tapa que eu poderia dar em alguém. Eu estava chateada, e tudo que eu queria era alguém que pudesse me consolar, mas eu estava sozinha agora.
— Não ouse me difamar nem mesmo pelas minhas costas, Peter. Eu sei o que eu vi, somente eu sei o que estou passando, e não espero mais que você seja o meu salvador. Você não presta para nada, nem para existir, quem dirá para trair. — Deixei com que todos os meus pensamentos viessem à tona, e de alguma forma, me surpreendi com cada uma delas. — Um lixo como você não merece estar em minha vida, então não espere que eu seja misericordiosa para com o que vai acontecer com você.
Dei-lhe as costas enquanto ele assimilava cada palavra, talvez ele não esperasse isso de alguém que não passava de uma garota mimada que ele conheceu, que faria de tudo para dar-lhe o conforto que exigia. Não olhei para trás, nem para minha antiga casa, não queria mais estar naquele ambiente que só me machucou.
Meu motorista não disse uma única palavra durante todo o trajeto até o hotel, onde eu estava hospedada desde quando cheguei de viagem. Dener era o único a quem eu confiava os meus segredos e pensamentos, mas agora eu não conseguia confiar em ninguém, e ele sentia isso.
Quando chegamos no hotel, estava prestes a abrir a porta e deixá-lo para trás com a minha ignorância sem sentido. No entanto, retornei alguns passos para trás e lhe desejei boa noite, e disse que nos veríamos no dia seguinte. Ele pareceu entender, mas estava tão confuso quanto eu.
Após deixar minha bolsa em qualquer canto do quarto, desabei em lágrimas após perceber que tinha perdido a única pessoa que cuidou de mim desde que mamãe morreu. O meu pai era um homem bom, por mais que passasse a impressão de ser arrogante. Minha mãe dizia que isso era um charme, e que eu sempre deveria procurar pelo menos um lado bom em coisas ruins.
No dia seguinte, acordei me sentindo péssima. Nunca tinha bebido tanto em minha vida, mas eu tinha que me levantar para ir ao funeral de meu pai. Dener bateu na porta três vezes seguidas para anunciar que entraria, mas ele simplesmente se revoltou com o estado em que eu me encontrava.
— O que aconteceu com você? — O mesmo franziu o cenho e me chacoalhou quando percebeu que eu não estava muito bem. Eu estava definitivamente acabada. — Argh, eu deveria ter ficado ontem a noite.
No mesmo instante, ele me pegou pelos braços e esqueceu-se completamente de suas formalidades, arrastando-me para o banheiro. Ele sequer se importou como eu estava vestida, apenas me deixou debaixo do chuveiro murmurando palavras desconexas quando a água fria tomou conta de meu corpo.
Parecia que todo o peso do mundo estava indo para o ralo, e aos poucos fui recobrando os meus sentidos. Nossos olhares se encontraram e eu quase não acreditei que Dener estava diante de mim com suas mãos trêmulas segurando o meu corpo para que eu não caísse.
— Céus, Dener! O que está fazendo? — Elevei o tom de minha voz após afastá-lo, sentindo-me envergonhada por tê-lo deixado ver o meu corpo coberto com apenas uma camiseta branca que estava encharcada, marcando totalmente minhas curvas.
Quando ele se deu conta do que estava vendo, ele abriu a boca e a fechou logo em seguida, deixando-me sozinha como se tivesse acabado de cometer um crime. Será que ele estava tão perdido quanto eu? Ou estava preocupado o suficiente para saber o que estava fazendo?
Conheço Dener há muito tempo, desde que o papai o contratou para ser o meu motorista. Não me lembro exatamente quando isso ocorreu, talvez tenha sido há três anos. Ele não era tão velho, mas também não era jovem. Seus olhos eram verdes e sua pele um pouco escura, como eu poderia negar que ele era charmoso? Uma tentação, eu diria.
Deixo o banheiro após aproveitar o momento para tomar um banho digno, não queria que ele sentisse o cheiro de bebida impregnado em mim, se não já o tivesse. Ele estava na cozinha, preparando algo que cheirava muito bem, não sabia que ele tinha tamanho dom para cozinhar.
O clima não estava muito agradável, papai morreu ontem a noite e eu ainda estava abalada. Dener não me deixou um minuto sozinha naquele quarto, eu entendia sua preocupação, afinal, nunca tinha me visto tão decaída quando me encontrou pela manhã.
— Eu deveria me desculpar pelo que fiz mais cedo, eu não estava raciocinando. — Ele mordiscou o lábio e abaixou a cabeça sentindo-se envergonhado pelo que viu. Eu não o culpava.
— Bem, eu não esperava por isso. — Deixei um pequeno sorriso escapar de meus lábios, o que o surpreendeu. — Dener, você me ajudou quando eu mais precisei, nunca vou esquecer disso. Hum, sobre o que você viu no banheiro, eu realmente não me importo, só fiquei surpresa.
— Senhorita, por favor esqueça isso. Eu realmente não vi nada, eu só estava tentando ajudá-la. — Ele virou o rosto para o lado e fingiu coçar a cabeça, nunca o tinha visto assim, tão descontraído e ao mesmo tempo envergonhado. Isso era bom.
Após tomar o café da manhã para a minha ressaca que Dener preparou para mim, me apresso para vestir-me para o funeral. Eu realmente não queria estar presente com toda aquela família falsa que me esperava, mas eu não tinha como evitar.
Quando finalmente chegamos no cemitério, notei que havia muitas pessoas que eu sequer conhecia. No entanto, grande parte deles eram sócios e funcionários do meu pai, ele era amado. Quase revirei os olhos após os cochichos nada disfarçados de meus meio-irmãos, seguido de minha madrasta que minha olhava com repulsa.
Nós nunca tivemos uma boa relação, mas desde que ela tomou o lugar de minha mãe, não houve um momento sequer que ela não deixou de me observar. Tudo que ela queria era me fazer desmerecer a empresa com falsas histórias sobre mim, algo que papai nunca acreditou. E o agradeço muito por isso.
Meus meio-irmãos eram muito bonitos, mas tinham uma personalidade péssima, assim como a mãe. Antes deles nascerem, eu desejava ter ao menos um irmão para brincar, mas após o crescimento deles, minha vida se tornou um inferno. Quando me machucavam fisicamente, sempre diziam ao papai que eu estava fazendo isso de propósito, apenas para enfurecê-lo.
Por isso, e entre muitas outras coisas, acabei por me tornar uma garota problemática. Sempre fugindo de casa para festejar e conhecer garotos bonitos. E quando conheci o Peter na faculdade, acho que minha vida ficou pior do que estava, mas só pude perceber isso quando ele me traiu com minha melhor amiga.
Não demora muito para que eu os veja, e como esperado, fingindo que não tem nada haver um com o outro. Eles realmente acham que sou burra? Sorte deles que eu não estava com cabeça para isso, apenas me concentrei em me comportar diante das pessoas importantes que papai conheceu, e principalmente nele, quando a despedida chegou.
Dener estava ao meu lado o tempo todo, parecia querer me proteger a todo custo, como se eu fosse tão importante. Por mais que ele me ajudasse de vez em quando, ainda estranhei suas atitudes, ainda mais quando Peter tentou se aproximar de mim para se aproveitar do meu luto.
Quando o funeral acabou, fomos diretamente para a mansão, onde iria ocorrer uma reunião entre família, algo que eu não esperava. Mas logo descobri que minha madrasta estava mais ansiosa para saber quem herdaria a empresa e todos os bens que papai deixou para trás.
Dener me deixou na sala de jantar por alguns instantes, e todos os olhares se voltaram para mim. Sorrisos estranhos também se formaram nos lábios da mulher e dos filhos que fizeram tudo isso acontecer. O que eu poderia esperar?
— Pobrezinha, acha mesmo que John deixaria a empresa em suas mãos? Não passa de uma ingrata mimada. — Margaret pronunciou o nome de meu pai com orgulho, ciente que tudo estaria aos seus pés, mas eu não estava com medo, eu tinha certeza que papai não faria isso comigo.
— Ela deveria ir embora, vai nos fazer passar vergonha. — Henry, meu meio-irmão de apenas 15 anos me observou com repulsa, fazendo-me revirar os olhos, como se isso me afetasse.
Eu não disse uma única palavra, não queria perder meu tempo com isso. Não sei porque diabos Dener desapareceu sem ao menos me dar uma satisfação, por mais que ele fosse apenas o meu motorista. E quando eu o vi carregando alguns documentos que eu não conhecia, as peças foram se encaixando.
Papai sempre confiou nele, nunca soube de onde ele veio ou o que fazia antes de ser meu motorista particular. No entanto, era culpa minha. Raramente eu estava em casa ou na empresa ajudando o meu pai, e pensar sobre isso me fazia questionar se eu merecia alguma coisa.
— Bom dia a todos, antes de revelar o que eu tenho em minhas mãos, permitam-me me apresentar. — Dener olhou para mim com um semblante de alívio, era a primeira vez que eu o via tão descontraído, principalmente em uma situação como esta. — Eu sou Dener Febland, atualmente motorista particular da senhorita Emma. Mas, passei longos anos da minha vida trabalhando como braço direito do Senhor Carter na empresa.
Todos olharam para ele como se não acreditassem em suas palavras, inclusive eu. As coisas faziam sentido agora, papai estava me protegendo esse tempo todo, como não pude ver isso?
— Antes de falecer, o senhor Carter deixou uma carta com sua assinatura, assim como um vídeo para esclarecer o que será com sua fortuna. — Nunca me senti tão desnorteada, mas deixei meus pensamentos confusos de lado e ouvi tudo que Dener estava lendo na carta.
Obviamente, Margaret e seus filhos não ficaram muito satisfeitos com o que receberam de herança, e quando o vídeo finalmente terminou, eles não tinham nada a dizer. Eles ficariam com a mansão, além dos terrenos que meu pai comprou em algumas cidades próximas. Minha madrasta conseguiu dinheiro suficiente para viver uma vida de luxo, ainda mais com a loja de roupas que papai comprou sem o conhecimento de ninguém.
Meus meio-irmãos não precisavam se preocupar com a faculdade, ou dinheiro. Cada um tinha um apartamento no centro de Los Angeles para fazer o que quisessem.
E eu…
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Atualizado até capítulo 51
Comments
Juliana Vicentina Da Vo
Esses meios irmão são uma peste.
2024-10-01
0
ana
♥️
2024-08-18
1
Joelma Vieira
começando em 7/4/24
2024-04-08
0